"A economia do Estado possui um reduzido parque industrial, uma agricultura com alguns poucos setores dinâmicos e uma rede de comércio e serviços com forte presença da economia informal, pouco desenvolvida, e, por isso, incapaz de gerar mais empregos".
Este pensamento é do economista e professor Cícero Péricles, ao examinar as condições econômicas alagoanas. Faz parte do livro "Economia Popular - uma via de modernização para Alagoas", lançado há oito anos, em sua quinta edição.
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O professor ainda alerta para o fato de se levar em conta, na estratégia, as peculiaridades regionais, de modo a dar respostas sólidas, com mudanças lentas e de longo prazo. Caso contrário, "teremos sempre as mesmas políticas centradas nos anúncios de factoides, investimentos mirabolantes que não se materializam e expectativas que nunca se confirmam".
Se a citação autoral acima omitisse a data de lançamento da obra, certamente estaríamos relacionando as reflexões de seu autor ao atual momento socioeconômico de Alagoas. Basta verificar o que há de mais recente em indicadores sociais, incluindo os dados relativos à desigualdade, para se concluir que o Estado parou no tempo.
Não adianta inventar factoides, como a "operação xing ling", porque não há sustentabilidade nas ações de desenvolvimento trombeteadas pelo governo Renan Filho. O trecho concluído do Canal do Sertão - com recursos federais - continua sem as obras complementares alardeadas pelo Estado, a agricultura familiar padece de apoio e a extrema pobreza praticamente duplicou nos últimos cinco anos.
Quadro de desalentados, número gigantesco de jovens desempregados, crise na Educação e na Saúde, abandono da Agricultura, obras inacabadas e Polícia Federal desbaratando quadrilhas em áreas vitais do setor público.
Tratam-se de revelações de um governo sem plano para construir o desenvolvimento, dentro de uma estratégia de sustentabilidade, como indica o estudo do economista e professor alagoano.