O engenheiro da Braskem Paulo Roberto Cabral de Melo não compareceu ao depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na manhã desta terça-feira (7), e deverá ser convocado de maneira coercitiva. É o que informou o senador Rogério Carvalho (PT-SE), relator do colegiado.
Paulo Roberto foi o responsável-técnico da Braskem entre 1976 e 1997, atuando como gerente-geral da Planta de Mineração da Salgema Mineração Ltda, produzindo sal-gema para a sua Planta Química. Atuou, ainda, como consultor para a Braskem S.A., por meio de empresa em que é sócio-diretor.
Leia também
“Paulo Cabral não veio e deu uma justificativa que eu diria 'não aceitável'. Por isso, ele deve ser coercitivamente trazido à próxima sessão da CPI, que acontece na terça-feira da semana que vem, 14 de maio", revelou o senador.
Carvalho ressaltou, ainda, que a cooperação é fundamental para o bom andamento das investigações, reforçando, com isso, o compromisso da CPI em buscar a verdade e garantir a responsabilização dos envolvidos na maior tragédia ambiental urbana do país.
OUTRO DEPOIMENTO
A CPI vai ouvir novamente, nesta terça-feira, o servidor aposentado do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM), Thales de Queiroz Sampaio, responsável por atestar que o afundamento do solo em bairros de Maceió foi provocado pela Braskem na extração de sal-gema durante décadas.
Quando esteve em Brasília para ser ouvido, Thales Sampaio declarou que a petroquímica foi negligente e imprudente na exploração de sal-gema em Maceió. Disse que a empresa tentou negar responsabilidades, apesar dos laudos comprovando que não havia problema de solo, de inundação, de dissolução de rochas e de falhas e fraturas nos bairros atingidos.
O geólogo explicou que a retirada de 750 mil caminhões de sal-gema provocou rachaduras nas casas e no solo dos bairros, o que equivale a três vezes o tamanho do estádio do Maracanã.
Ele ainda revelou pressão para não acusar a Braskem, que, segundo divulgou, tinha dados, já em 2004, sobre a fragilidade da localidade das minas exploradas. Também reforçou as conclusões de outros especialistas de que a empresa desrespeitou o limite de exploração e o distanciamento entre as jazidas e ainda ignorou os riscos da atividade em áreas urbanas.