O clima tenso das eleições em Junqueiro se refletiu na Assembleia Legislativa (ALE), na tarde desta terça-feira (12). Os deputados discutiram a conclusão do inquérito que apontou os mandantes da morte do blogueiro Adriano Farias, em junho deste ano. A discussão começou a partir do discurso do deputado André Silva (Republicanos), irmão do prefeito reeleito Leandro Silva (MDB).
André defendeu sua mãe, Rejane Silva, e seu irmão, Valdir Silva, ambos foragidos desde que a Justiça decretou suas prisões. Eles são acusados de envolvimento no planejamento da emboscada que resultou na morte de Adriano.
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O blogueiro foi baleado com quatro tiros e, desde o início das investigações, a oposição tem apontado uma motivação política para o crime. O deputado Fernando Pereira (PP) foi um dos que sempre levantou essa hipótese na ALE.
Na sessão dessa segunda-feira (11), André Silva deixou sua postura discreta de lado e foi à tribuna. De lá, ele afirmou que sua família vem sofrendo ataques e perseguições políticas por parte da família Pereira desde que eles assumiram o poder nas últimas eleições.
"É com indignação que assisto a essa tentativa de manipulação de fatos e o uso de uma tragédia como ferramenta de ataques políticos. Para entender essa situação, é preciso lembrar o que representa a família Silva e o caminho que percorreu até aqui", destacou o parlamentar.
Ele relembrou que, em 2016, a família Pereira, liderada pelo atual deputado Fernando Pereira, conquistou a prefeitura de Junqueiro por uma margem de apenas três votos. Para ele, essa vitória foi considerada uma "derrota" porque o grupo esperava uma vitória mais ampla. Já em 2020, a cidade elegeu a família Silva, que, segundo André, tem uma história de superação.
"Essa história foi um marco. Em 2022, o deputado Fernando Pereira sofreu uma derrota ao tentar se eleger para a Assembleia Legislativa. Desde então, ele tem atacado a nossa família", afirmou Silva.
André criticou a atuação de Fernando Pereira durante a campanha deste ano, considerando-a antiética e antidemocrática. "Eles optaram por um caminho desonesto para imputar uma tragédia à minha família", disse.
Ele também se referiu ao ex-deputado e ex-prefeito Joãzinho Pereira, seu principal adversário político. "Mais uma vez, eles amargaram uma derrota. Não satisfeitos, usaram todos os meios possíveis para manipular a narrativa de forma imprudente e oportunista", completou Silva.
André também mencionou que, pouco depois da morte de Adriano Farias, Fernando Pereira usou a tribuna da ALE para direcionar a investigação e a opinião pública contra a família Silva. "Não parou por aí. Mandou espalhar outdoors, organizou missa de 90 dias, algo que nunca fez nem pelo pai nem por outros familiares", afirmou.
Em outro momento, ele acusou seu adversário de usar sites e redes sociais durante a campanha para intensificar os ataques à sua família e sugerir uma ligação com o crime.
OUTRO LADO
O deputado Fernando Pereira também se pronunciou na ALE. Ele negou qualquer tentativa de perseguição ou ataque à família Silva. Com voz calma, disse: "Eu trabalho durante o período eleitoral e deixo que o povo decida. Nunca, em período eleitoral, entramos com processos contra vocês (Silva). Acabou a eleição, acabou tudo."
Sobre as acusações relacionadas ao crime de Adriano Farias, Pereira afirmou que a investigação foi conduzida pelo delegado e encaminhada ao Ministério Público, cabendo à Justiça decidir. "Se Rejane ou Valdir são culpados, não sou eu quem vai dizer, é a Justiça. Quem vai dar os caminhos são as provas", disse ele.
Pereira também comentou sobre a vítima, afirmando que Adriano Farias poderia ter outros problemas pessoais, mas era alguém que lutava por seus direitos e pelos direitos da cidade. "Calaram a boca dele, e agora outros jovens têm medo de falar, pois sempre aparece alguém para dar um recado", declarou o deputado.
Ele também fez referência a episódios de agressões e perseguições a membros de sua equipe, incluindo panfleteiros de sua campanha, e a depredação de um carro. "Vossa excelência e outros membros da sua família vieram até minha casa me provocar e até depredaram um carro. Quem está resolvendo o problema é a Justiça", afirmou Pereira.
Para concluir, André Silva informou que, durante as investigações, pessoas inocentes foram presas. Sem entrar em detalhes devido ao sigilo do processo, ele sugeriu ter informações sobre o caso e afirmou: "Mas você sabe o que fez!" Ele reiterou que todos os envolvidos até o momento são vítimas de perseguição política.