
A candidata à presidência estadual do PT em Alagoas, Dafne Orion, defendeu a reconstrução do partido a partir das bases e a necessidade de alianças políticas com autonomia, durante entrevista ao Jornal da MIX, na Rádio MIX Maceió FM, na manhã desta segunda-feira (9). Atual presidente do Sindicato dos Urbanitários, Dafne destacou o papel da militância na construção de sua candidatura e propôs um PT mais conectado com a sociedade e presente além dos períodos eleitorais.
Representando a tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), ela disputa o comando do partido em Alagoas no Processo de Eleição Direta (PED), que ocorrerá no próximo dia 6.
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Dafne, que se filiou ao partido em 2015 — em meio à turbulência política que resultou no impeachment da então presidente Dilma Rousseff —, afirmou que sua candidatura não é uma ambição pessoal, mas nasce da militância: “É um desejo coletivo, construído a partir da base, como o PT surgiu — vindo do movimento sindical, dos movimentos sociais, da Igreja progressista, dos artistas e intelectuais. Queremos devolver o partido às suas origens”, disse.
Ela propõe uma reestruturação do partido a partir das suas bases e enfatiza que o PT precisa voltar a ter “vida orgânica”. “Não é só de eleição que o partido vive. Apesar de estarmos comprometidos com a reeleição do presidente Lula em 2026, é fundamental que o PT esteja presente no dia a dia da sociedade, ouvindo o povo e debatendo os rumos do país.”
Como presidente do Sindicato dos Urbanitários, Dafne ressaltou que a experiência sindical moldou sua visão de mundo. “O sindicato é a maior escola de formação política que tive. Trabalhamos com água, energia e gás, mas com um olhar para além da categoria — um sindicato cidadão, atento aos impactos sociais desses serviços.”
Sobre seu adversário na disputa interna, o deputado estadual Ronaldo Medeiros, Dafne evitou confrontos: “Tem nosso respeito. Ele é uma liderança importante e tem o nosso compromisso de ser uma das candidaturas vitoriosas em 2026, porque uma das metas do partido é ampliar sua presença na Assembleia Legislativa. O crescimento de filiações nos últimos anos é um desafio que deve ser acompanhado por formação política.”
Dafne ainda rechaçou a ideia de conflito interno. “Por mais que existam correntes e visões distintas, não há inimigos no PT. Depois do dia 6 de julho, todos estaremos juntos para fortalecer o partido”.
Entre os temas nacionais, Dafne destacou a pauta da jornada de trabalho 6x1, que defende como urgente: “Essa proposta ecoou nas ruas porque dialoga com a realidade do trabalhador brasileiro. Ela não foi desconstruída porque é justa. A escala atual impõe um cotidiano exaustivo, sem tempo para a vida, apenas para pagar contas. A mudança abriria novas vagas e melhoraria a qualidade de vida."

A candidata também criticou a condução de alianças sem diálogo com as instâncias estaduais. “Não podemos aceitar alianças impostas. É legítimo dialogar com a Executiva Nacional, mas a questão é: vamos entrar na aliança de pé ou de joelhos? Entraremos de pé", afirmou, referindo-se à retirada da candidatura de Ricardo Barbosa à Prefeitura de Maceió, em 2024, após movimentações do MDB em Brasília.
Sobre o nome do deputado federal Paulão como pré-candidato ao Senado em 2026, Dafne disse que o debate precisa ocorrer com diálogo e defendeu o fortalecimento da comunicação interna do partido. Ela se mostrou entusiasmada com o PED e com o potencial de mobilização da militância.
“Quero devolver ao partido o que as políticas públicas significaram na minha vida. O PT precisa lutar pela soberania nacional e contra o avanço do fascismo, com o povo no orçamento e no centro da democracia.”