Durante coletiva de imprensa, realizada nesta quinta-feira (21), a superintendente da Polícia Federal em Alagoas (PF/AL), Luciana Paiva, disse que os crimes praticados pela Braskem em Maceió são complexos e precisam de maior aprofundamento das investigações. A perícia da PF vai analisar documentos que estavam sob a posse de empregados e consultores da petroquímica.
A delegada afirma que, desde que assumiu a Superintendência, foram realizadas reuniões com a Defesa Civil, Ministério Público Federal (MPF) e Instituto do Meio Ambiente (IMA), diversos estudos sobre o caso, além de sobrevoos na região e visita nos bairros afetados.
“Hoje, a deflagração da operação é uma consequência de investigações que vêm se intensificando desde que assumimos a superintendência. Não é por um fato isolado’, disse a delegada.
Dois delegados estão à frente das investigações, que corre em segredo de justiça.
“A operação veio para elucidar alguns pontos da investigação. É natural em crimes cometidos por grande corporações, que se façam diligências com busca e apreensões para que a gente entenda o que de fato aconteceu dentro da cabine de comando da empresa. Outra finalidade é levantar informações omitidas de órgãos públicos, quanto a dados técnicos importantes para identificar os problemas que a mina já vinha apresentando, e essas informações podem vir de aparelhos eletrônicos e documentos presentes nas residências dos empregados, consultores”, explica Marcelo Franca, delegado federal que preside o inquérito.
Toda a documentação apreendida durante a Operação Lágrimas de Sal será submetida à perícia para fundamentar as investigações.
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Operação
A operação Lágrimas de Sal teria sido deflagrada após indícios de apresentação de dados falsos para permitir os trabalhos da mineradora, mesmo quando já presentes problemas de estabilidade das cavidades de sal e sinais de subsidência do solo em bairros de Maceió.
A operação da Polícia Federal cumpriu 14 mandados judiciais de busca e apreensão, dos quais 11 na capital alagoana - na sede da mineradora, no Pontal da Barra, -, dois no Rio de Janeiro e um em Aracaju, todos expedidos pela Justiça Federal do Estado de Alagoas.
Conforme a delegada Luciana, em nenhum estado houve condução de pessoas ligadas à Braskem até a delegacia.
Todo o material recolhido em Aracaju e Rio de Janeiro será trazido para Alagoas.
Em nota, a Braskem disse que está acompanhando a operação da Polícia Federal e que está à disposição das autoridades.
Confira nota na íntegra:
Desde a abertura do inquérito conduzido pela Polícia Federal em 2019, integrantes e ex-integrantes da Braskem já foram chamados a prestar esclarecimentos e compareceram nas datas marcadas.
Sempre que solicitados, documentos e relatórios em poder ou de conhecimento da empresa também foram prontamente enviados. A empresa vem agindo com diligência e transparência, como sempre atuou.
Durante todo o período em que houve extração de sal-gema em Maceió, as técnicas disponíveis e apropriadas no momento foram empregadas, sempre acompanhadas e fiscalizadas pelos órgãos públicos competentes e com as licenças de operação correspondentes.
A Braskem está acompanhando a operação da PF conduzida nesta manhã (21 de dezembro) e informa que continua à disposição das autoridades. Entretanto, por se tratar de inquérito que corre em sigilo, a Braskem não pode se manifestar sobre detalhes das investigações em curso.