O pai do serial killer Albino Santos de Lima, de 42 anos, um policial militar reformado, foi indiciado por porte ilegal de arma de fogo, por emprestar a arma para o filho. A informação foi repassada pela delegada Tacyane Ribeiro, coordenadora da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Segundo ela, o militar não tinha conhecimento dos homicídios em série cometidos pelo filho, mas emprestava a arma - uma pistola .380 - para que ele fosse à igreja, considerando que o serial killer já tinha sido assaltado durante o trajeto.
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"Ele não sabia que o Albino usava a arma para cometer os crimes, mas foi indiciado por porte ilegal, por emprestar a pistola para o filho", conta a delegada.
A arma utilizada, inclusive, foi crucial para se chegar à quantidade de homicídios cometidos. Por meio do exame de balística, foi possível identificar, até o momento, dez homicídios cometidos por ele, que já confessou oito desses crimes.
Em depoimento à polícia, o serial killer disse que fazia um trabalho de “inteligência” antes de cometer os assassinatos. Monitorando as redes sociais das vítimas, escolhidas sem nenhum motivo aparente, ele ficava sabendo a rotina de cada uma delas e avaliava o melhor momento para atacar.
De acordo com a delegada Tacyane Ribeiro, coordenadora da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), os crimes eram cometidos sempre no período noturno, a partir das 23 horas, em local estudado pelo serial killer, onde tinha pouco movimento e, se possível, sem câmeras de monitoramento.
“Ele costumava vestir roupa escura, usar máscara facial e boné para dificultar a identificação, atacando as vítimas sempre pelas costas e com três ou quatro tiros na cabeça. Além disso, os crimes eram sempre cometidos no raio de 800 metros a 850 metros da casa dele”, conta.
O tempo que levava entre o monitoramento e a execução do plano de morte não era o mesmo e variava de uma vítima para outra, a depender, por exemplo, da frequência de postagens feitas nas redes sociais.
“Ele falou que fazia um trabalho de inteligência, mapeava a região e estudava a vítima pelas redes sociais, observando o melhor momento para executá-la. Não sabemos quanto tempo passava estudando a rotina das vítimas, mas ele confessou que uma delas foi observada por seis meses”, afirma a delegada.
Considerado uma pessoa organizada e, aparentemente sem nenhuma patologia, Albino dos Santos não demonstrou nenhum remorso ao falar sobre os crimes. Pelo contrário, disse, em depoimento, que as vítimas eram um “câncer” para a sociedade que ele, “como justiceiro e missionário, tinha que executá-las.”
“Ele não demonstrou nenhum tipo de arrependimento, não demonstrou ter nenhum tipo de distúrbio. É uma pessoa muito organizada em relação aos homicídios, e, quando analisamos o celular dele, percebemos isso. Ele não aparenta ter nenhuma patologia a ponto de ser inimputável. Tinha plena consciência do que estava fazendo”, completa Tacyane Ribeiro.
Com o serial killer preso desde o último mês de setembro, a polícia agora investiga o envolvimento dele em alguns crimes ocorridos na parte alta da cidade, entre os anos de 2019 e 2020, onde ele morava. Cerca de seis inquéritos devem ser reabertos para apurar se a autoria dos homicídios é de Albino Santos.
Questionada se o perfil das vítimas da parte alta era o mesmo das pessoas assassinadas na região da Levada, a delegada destacou que não, e que a única semelhança é que eles ocorreram em um raio próximo à residência onde ele morava.
CALENDÁRIO VIRTUAL
Durante as investigações, a polícia encontrou um calendário virtual, onde o suspeito marcava os homicídios concretizados. A data da morte era marcada na cor vermelha. Também no celular do serial killer foram encontradas diversas fotos de pessoas que estão vivas e que, provavelmente, seriam as próximas vítimas dos criminosos.
A delegada Tacyane diz que elas ainda não foram ouvidas e que a preocupação inicial da polícia foi identificá-las e se certificar de que estavam vivas.
A autoridade policial destaca o papel fundamental da população para que os crimes fossem desvendados. Foi a partir da divulgação de um vídeo no qual ele matava a jovem Ana Beatriz que a polícia recebeu informações de quem poderia ser o criminoso.
Com a apreensão da arma e do celular e a realização dos exames de balística, ficou comprovado o envolvimento Albino Santos nos diversos crimes. Ele já é considerado o maior assassino em série da história de Alagoas.