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Vaticano sabia que ex-cardeal dos EUA era acusado de assédio sexual

McCarrick saiu da Igreja em 2018. Ele vive em isolamento.

O Vaticano publicou nesta terça-feira (10) um relatório em que admite que as autoridades católicas já sabiam das denúncias contra o ex-cardeal Theodore McCarrick, dos Estados Unidos. Ele foi acusado de ter abusado sexualmente de menores de idade e de adultos com a conivência de diversas autoridades da Igreja.

O relatório aponta que o Papa João Paulo II foi informado, nos anos 1980, de acusações contra McCarrick, mas o indicou para postos importantes mesmo assim.

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De acordo com o texto, nos anos 1980 não havia "nenhuma informação com credibilidade" que indicasse má conduta de McCarrick. No entanto, o documento afirma que, em retrospectiva, as investigações do Vaticano sobre alegações contra McCarrick foram de "natureza limitada".

McCarrick era uma pessoa influente na Igreja Católica nos EUA. Ele foi expulso da entidade no ano passado, depois que uma investigação do Vaticano concluiu que ele era culpado de crimes sexuais e abuso de poder.

O relatório de 460 páginas (encomendado pelo Papa Francisco, em 2018) tem testemunhos de 90 pessoas, documentos, cartas e transcrições dos arquivos da Igreja.

A Igreja Católica dos EUA sabia de rumores já nos anos 1980, quando McCarrick se tornou bispo, segundo o relatório. Mas a evidência de que o ex-arcebispo de Washington DC abusou sexualmente de menores quando foi padre, nos anos 1970, só foi formalmente revelada em 2017.

"Durante as entrevistas, que muitas vezes foram emotivas, as pessoas descreveram vários comportamentos, inclusive abuso e ataques sexuais, atividade sexual que não havia sido requerida, contatos íntimos e até dividir a cama mesmo sem toques", diz o relatório.

McCarrick diz que não se lembra de ter abusado de menores e não comentou as alegações sobre suas relações com adultos. Ele tem 90 anos e vive isolado. Os dois advogados que o representaram não responderam ao pedido de entrevista da reportagem.

Promoção mesmo com suspeitas

Em 1999, o cardeal John O'Connor aconselhou o Papa João Paulo II que seria imprudente promover McCarrick por causa de "rumores" de má conduta sexual com seminaristas nas cidades de Metuchen e Newark, nos anos 1980.

Uma investigação do embaixador do Vaticano nos Estados Unidos, solicitada por João Paulo II, "confirmou que McCarrick compartilhou uma cama com rapazes", mas disse que não havia certeza de que ele havia se envolvido em atos sexuais.

Em 6 de agosto de 2000, McCarrick escreveu ao secretário particular do Papa João Paulo II para negar as alegações que haviam sido formuladas pelo cardeal O'Connor. "Acreditou-se na negação de McCarrick", diz o relatório.

Em novembro de 2000, o Papa João Paulo II indicou McCarrick como arcebispo de Washington, D.C., um dos cargos de maior prestígio na Igreja dos EUA. Lá, ele conviveu com líderes mundiais e teve um bom desempenho para arrecadar dinheiro para a Igreja.

Investigações posteriores, feitas entre 2019 e 2020, determinaram que três bispos deram informações "imprecisas e incompletas" sobre a conduta sexual de McCarrick. Essas omissões "impactaram as conclusões dos assessores de João Paulo II e, consequentemente, do próprio João Paulo II", diz o relatório.

O relatório afirma que o Vaticano nunca recebeu uma reclamação direta de uma vítima. Assim, era plausível "caracterizar as alegações contra ele como 'fofoca ou 'boatos'".

João Paulo II e Bento VXI

João Paulo morreu em 2005. Em 2014, foi declarado santo.

O relatório disse que ele quis acreditar em McCarrick por sua experiência na Polônia, onde ele cresceu. Lá, o governo comunista usou "alegações espúrias contra bispos para degradar a posição da Igreja", de acordo com o texto do relatório.

Quando o Papa Bento XVI foi eleito, em 2005, o Vaticano disse a McCarrick que ele deveria renunciar ao cargo de bispo depois de ter conhecimento de mais informações de uma vítima identificada como "Padre 1", diz o relatório. Bento XVI aceitou a renúncia de McCarrick em 2006.

Em 2008, três conselheiros do papa sugeriram que ele aprovasse uma investigação canônica "para determinar a verdade e, se garantido, impor uma 'medida exemplar'".

No entanto, o Vaticano pediu a McCarrick que mantivesse "uma postura mais discreta" e que minimizasse as viagens "para o bem da Igreja".

Como não houve "instruções explícitas do Santo Padre [o Papa Bento XVI]", McCarrick continuou suas atividades públicas.

O relatório diz que Bento XVI provavelmente rejeitou a ideia de uma investigação porque não havia "alegações com credibilidade de abuso infantil", porque McCarrick havia jurado como bispo que não havia abusado sexualmente de ninguém e "não havia indícios de qualquer conduta imprópria recente (com adultos)".

Papa Francisco

Quando foi eleito em 2013, o Papa Francisco tomou conhecimento de "alegações e rumores" sobre o comportamento anterior de McCarrick, de acordo com o relatório.

O Papa Francisco não viu a necessidade de alterar a abordagem que havia sido adotada nos anos anteriores porque acreditou nas alegações que já haviam sido revisadas e rejeitadas pelo Papa João Paulo II. Francisco também sabia que McCarrick foi ativo durante o período de Bento XVI, segundo o relatório.

O Papa Francisco foi acusado de permitir que McCarrick continuasse suas viagens e de ter suspendido as "sanções" que haviam sido impostas por Bento XVI pelo arcebispo Carlo Maria Vigano, ex-embaixador do Vaticano nos EUA.

O Vaticano respondeu que nunca houve sanções formais contra McCarrick.

O relatório diz que nenhuma documentação de qualquer abuso cometido por McCarrick foi entregue ao Papa Francisco antes de 2017.

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