O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atacou a China pela forma como o país asiático gerenciou a crise de coronavírus em seu discurso na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (22), o primeiro após a fala de Jair Bolsonaro.
O americano voltou a chamar o Sars-Cov-2 de "vírus chinês", que ele disse ser um inimigo invisível.
Leia também
"Nos primeiros dias do vírus, a China fechou-se para viagens domésticas, mas permitiu que as pessoas saíssem da China e infectassem o mundo", disse Trump. Em seguida, ele pediu para que a ONU responsabilize os chineses.
"O governo chinês e a Organização Mundial da Saúde, que é controlada pela China, falsamente declararam que não havia evidência de transmissão entre humanos. Depois, afirmaram falsamente que as pessoas sem sintomas não poderiam espalhar a doença. A ONU precisa responsabilizar a China pelas suas ações."
Ele então comparou os dois países: "Os que atacam o bom histórico ambiental dos EUA e ignoram a poluição na China não estão interessados no ambiente. Eles só querem punir os EUA. E eu não vou tolerar isso".
O presidente dos EUA ainda disse que confrontou a China depois de "décadas de abuso" no comércio internacional.
Em seu vídeo de Xi Jinping, o líder da China, declarou que seu país "não tem intenção de travar uma guerra fria ou quente com nenhum país".
Trump falou quais deveriam ser, na avaliação dele, as prioridades da ONU: "Se a ONU quiser ser uma organização eficiente, precisa focar nos problemas reais do mundo. Isso inclui terrorismo, a opressão de mulheres, trabalho forçado, tráfico de drogas e de pessoas, perseguição religiosa e limpeza étnica de minorias".
Pandemia nos EUA
Os EUA se aproximam dos 200 mil mortos pela Covid-19, mas o número não foi citado por Trump.
"Nos EUA, nós lançamos a mais agressiva mobilização desde a Segunda Guerra. Rapidamente produzimos um número recorde de ventiladores --criamos um excesso que nos permitiu compartilhar com os amigos e parceiros. Nós fomos os pioneiros em tratamentos para salvar vidas, reduzindo a taxa de fatalidade em 85% desde abril. Graças aos nossos esforços, as vacinas estão no estágio final dos ensaios clínicos."
Os americanos estão as produzindo as vacinas em massa para que possam ser distribuídas assim que forem entregues, segundo ele.
Ele afirmou que seu governo agiu para garantir liberdades religiosas, oportunidades para mulheres, a descriminalização da homossexualidade e proteger "crianças não-nascidas".
Acordos entre países do Oriente Médio
Ele citou os acordos que os EUA intermediaram entre Israel, os Emirados Árabes e o Bahrein. Segundo o presidente americano, outros países do Oriente Médio devem fazer comprometimentos semelhantes no futuro próximo.
"Pretendemos apresentar mais acordos de paz em breve, e eu nunca estive mais otimista sobre o futuro da região. Não tem sangue na areia, esses dias [de guerra no Oriente Médio] acabaram."
Ainda sobre o Oriente Médio, ele listou as mortes de Al-Baghdadi, do Estado Islâmico, e de Qassem Soleimani, do Irã -- essa última, no começo de 2020.
Os líderes não estão pessoalmente presentes na sede. Eles enviaram vídeos gravados para serem exibidos no prédio da ONU, em Nova York, e transmitidos pela internet.
Essa pode ser a última vez que o americano se pronuncia no encontro do órgão, pois há eleições presidenciais nos Estados Unidos no dia 3 de novembro.
Disputa com a China
O presidente Donald Trump havia dito a jornalistas na segunda-feira que ele vai passar uma mensagem à China em seu discurso, mas ele não deu detalhes.
No começo da sua gestão, Trump chegou a receber o presidente Xi Jinping na Flórida, mas depois disso os dois líderes começaram a trocar palavras agressivas por causa de comércio internacional.
A administração americana tem atacado o Partido Comunista Chinês pela pandemia, por interferir em eleições, espionagem nos EUA e por influenciar outros países.