Os primeiros barcos com imigrantes retornaram da Grécia para a Turquia na manhã desta segunda-feira (4), após controverso acordo da União Europeia com o país. As duas primeiras embarcações partiram da ilha de Lesbos, na Grécia.
Os botes de passageiros, com bandeira turca, transportaram 131 imigrantes de Lesbos para Dikili, na Turquia, logo ao amanhecer.
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Os dois primeiros barcos zarparam às 7h30 (horário local, 1h30 em Brasília) e o terceiro, por volta de 9h (3h em Brasília) da ilha de Chios, com 66 imigrantes, segundo a imprensa local.
Ônibus com centenas de imigrantes chegaram cedo às duas ilhas gregas. Os migrantes eram escoltados por policiais da Frontex, agência de fronteiras da União Europeia - um agente para cada deportado.
A maioria dos enviados é do Paquistão e de Bangladesh, disse Ewa Moncure, porta-voz da Frontex, à agência de notícias Reuters. Há relatos de cidadãos do Sri Lanka e do Congo - e aparentemente nenhum sírio -, mas não há informações sobre os indivíduos que foram deportados. Mulheres e crianças não foram vistas embarcando - apenas homens.
A deportação ocorreu sem incidentes, segundo a rede de televisão CNN, mas era possível ouvir protestos do lado de fora do porto grego de Mytilini.
Tratamento diferenciado
Dikili é uma cidade de 40 mil pessoas na província de Esmirna. Mas, segundo o ministro das Relações Exteriores turco, Volkan Bozkir, os imigrantes ilegais não ficarão no local.
Os sírios serão enviados para Osmaniyex, cidade no sul da Turquia, e os imigrantes de outras nacionalidades serão mandados para centros de deportação, para serem devolvidos aos seus respectivos países de origem.
A Turquia tem hoje 28 acampamentos com tendas e casas pré-fabricadas em dez províncias no sul e no sudeste, próximos à fronteira com a Síria, onde aloja 260 mil sírios e 10 mil iraquianos. O país abriga cerca de 2,5 milhões de refugiados atualmente, mais do que qualquer outro no mundo.
Acordo controverso
Feito para conter a crise migratória na Europa, o acordo prevê que imigrantes que cheguem ilegalmente ao continente sejam enviados à Turquia caso não peçam asilo ou tenham seu pedido de asilo negado.
Prevê também que a União Europeia receba um sírio vivendo na Turquia para cada imigrante vivendo irregularmente na Europa deportado, uma ajuda de 6 bilhões de euros ao país (mais de R$ 24 bilhões) e maior velocidade na emissão de vistos a turcos e na análise da entrada da Turquia no bloco europeu, segundo a GloboNews.