
A morte de Juliana Marins, após se acidentar durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, deixou muitos brasileiros revoltados com o descaso das autoridades e gerou uma onda de protesto nas redes sociais.
Junto com as manifestações de luto e despedida, o turismólogo Vitor Vianna se manifestou sobre o caso e afirmou que o acidente que vitimou a vai muito além da tragédia. Na verdade, segundo ele, trata-se de uma “sequência de negligências” que precisa ser debatida com seriedade.
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“Primeiro, é importante entender que em atividades de risco, como trilhas em vulcões ativos ou montanhas remotas, a escolha da empresa responsável pelo passeio pode significar a diferença entre a vida e a morte. E isso não é exagero!”, começou.
Nada de economizar
Ainda de acordo com o especialista, é preciso ficar atento e evitar economizar quando o assunto é orientação: “Não dá para sair por aí escolhendo a opção mais barata sem pesquisar. É preciso investigar de onde vem a empresa, se ela é registrada, se tem estrutura, se oferece guias experientes e treinados, se já houve acidentes anteriores, e como ela age em casos de emergência”, observou, antes de completar:
“Para esse tipo de atividade, o guia de turismo precisa estar preparado para qualquer eventualidade. Não é apenas alguém que conhece o caminho — é alguém que deve estar treinado para agir em situações de risco, saber prestar primeiros socorros, comunicar resgates com eficiência, manter a calma diante de emergências e proteger o grupo”, disse.
E seguiu com seu relato: “Em trilhas de alta complexidade, como as de vulcão, isso não é opcional — é obrigação ética e profissional. Infelizmente, muitos guias em destinos populares não têm nenhum tipo de qualificação formal, e isso representa um perigo real para os viajantes”, declarou.
Abandono da vítima
Ainda durante o bate-papo, Vitor Vianna analisou o caso de Juliana Marins: “No caso da Juliana, o guia que estava com ela simplesmente abandonou a trilha sem prestar assistência, algo completamente inaceitável para quem deveria ser o responsável pela segurança”, pontuou.
Logo depois, ele foi além: “Mas a culpa não para por aí. O governo local também tem parcela enorme de responsabilidade. As equipes de resgate demoraram dias para agir de fato, e o que mais choca: foram enviados vídeos falsos para a família da Juliana, como se ela estivesse sendo atendida, apenas para acalmar os ânimos e fingir um socorro que nunca aconteceu. Isso é cruel”, disparou.
Atividade exige responsabilidade
O turismólogo falou também sobre a profissão: “Quem trabalha com turismo, como eu, sabe que o mundo é lindo e repleto de experiências transformadoras. Mas também sabe que o turismo é uma atividade que exige responsabilidade de todas as partes envolvidas: do viajante, da empresa que opera e dos governos que regulamentam essas áreas”, detalhou.
No fim, ele deu algumas dicas para os viajantes: “Por isso, eu reforço: viajar não é brincadeira. Pesquise, questione, cheque antecedentes das empresas e evite confiar cegamente em quem não tem preparo. E mais: exija que as autoridades locais levem a sério a segurança dos turistas. Porque nenhuma aventura vale uma vida”, encerrou.
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