O Brasil chegou em primeiro lugar no balanço divulgado nesta terça-feira (24) pela ONG britânica Global Witness como o país com maior número de mortes de ativistas ambientais. Foram 57 ativistas mortos em 2017. Essa é a segunda vez que o país ocupa a primeira posição no ranking.
Em segundo lugar no relatório divulgado está as Filipinas, com 48 mortes - um recorde na Ásia. Em terceiro lugar está a Colômbia, com 24 mortes. Na África, 19 ativistas foram assassinados, 12 da República Democrática do Congo.
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O ano de 2017, salienta a Global Witness, foi o mais violento para os defensores do meio ambiente. A organização ainda lembra que 60% das 207 vítimas identificadas em 22 países estão na América Latina.
Segundo o relatório, ativistas foram executados por se oporem a projetos florestais, agroindustriais ou propostos por empresas de mineração. O balanço, diz a Global Witness, ainda está aquém da realidade, já que muitas dessas mortes não são declaradas. Entre as vítimas estão líderes locais, encarregados de proteger a flora e a fauna selvagens, ou "pessoas comuns", que defendem suas terras.
Agronegócio: setor mais perigoso
O agronegócio foi o setor mais perigoso, ultrapassando a mineração pela primeira vez, com 46 defensores mortos protestando contra a maneira como os bens que consumimos estão sendo produzidos.
A oposição a operações de mineração e petróleo deixaram 40 mortos, a luta contra a caça ilegal e a extração de madeira tiveram 23 ativistas mortos cada.
Vinculado ao aumento das mortes relacionadas ao agronegócio, a Global Witness observou um aumento nas mortes múltiplas (7 incidentes no total) de defensores da terra e do meio ambiente, muitos dos quais envolvidos em protestos contra projetos agrícolas de grande escala.
O Brasil foi palco de três terríveis massacres, em que 25 ativistas morreram. Oito ativistas indígenas foram massacrados nas Filipinas, enquanto o México, Peru e República Democrática do Congo também tiveram incidentes onde mais de quatro ativistas morreram ao mesmo tempo.
No Brasil, o relatório cita o ataque à comunidade maranhense dos índios Gamela, em 2017, que deixou 22 feridos, incluindo crianças. Machetes e rifles foram usados para expulsá-los de suas terras. Em um verdadeiro ato de selvageria, alguns dos moradores tiveram suas mãos decepadas e outros sofreram tentativas de esquartejamento.
Meses depois, ressalta a ONG, nenhum dos responsáveis foi julgado, "o que reflete a ampla cultura de impunidade e a falta de ação para defender os ativistas e comunidades".