Vários pacientes e familiares da capital e do interior do estado têm passado a noite na porta da recepção do Hospital Universitário (HU), em Maceió, para tentar conseguir uma ficha para realização de exames. Segundo eles, a espera se dá por conta da redução do número de atendimento e da entrega de senhas pelo hospital. Além da noite desconfortável, as pessoas que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) também precisam enfrentar a medo e a insegurança ao dormir ao relento. E o pior: muitas delas não conseguem a vaga para atendimento tão esperada.
Segundo José Cícero, que saiu da cidade de São José da Laje para pegar uma ficha no HU para a filha que sofre de epilepsia, dormir na porta do hospital para garantir uma ficha já virou rotina. "Vim de longe e viajei vários quilômetros para garantir a vaga pra minha filha fazer um exame. Já passei a noite aqui outras vezes e essa será mais uma", conta.
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Até as pessoas doentes, que estão buscando atendimento, são obrigadas a passar a noite na "fila" do hospital, como é o caso de Graciane Inácio. "Infelizmente aqui em Alagoas só tenho meu filho. Minha família é de fora. Tenho epilepsia e já sofri crise em vários lugares e, mesmo assim, sou obrigada a vir e dormir no chão à espera de uma vaga para fazer o meu exame", desabafa.

De acordo com familiares de pacientes, na noite da última quarta-feira (7), um homem tentou invadir o local e a polícia teve que ser acionada. "Ele tentou arrombar o portão, mesmo com várias pessoas aqui, ele não se intimidou. A polícia passou e levou o rapaz. Ficamos apreensivos, pois é raro uma viatura passar por aqui", relata um dos familiares.
"Além disso tudo que nós passamos, alguns atendentes, quando acabam as fichas, ficam debochando de nós. Isso é revoltante, não basta o sofrimento, também passamos por humilhações", desabafa um paciente que preferiu não ser identificado.
Por meio de nota, a superintendência do HU informou que, os pacientes, para serem atendidos, dependem do encaminhamento das secretarias e respectivas unidades básica de saúde. Além de atender as pessoas que são encaminhadas pelo sistema, cerca de 30% dos atendimentos no hospital são demandados por usuários cadastrados e que fazem acompanhamento de suas doenças em várias especialidades, além de exames e procedimentos terapêuticos.
A nova gestão declarou que está ciente dos desafios enfrentados pelos pacientes e familiares e que tem a proposta de melhorar o processo e ampliar o atendimento na unidade de saúde.