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Mineração também põe em colapso a mobilidade urbana de Maceió

Fechamento do acesso a quatro bairros agrava o já caótico trânsito da capital alagoana

Os problemas causados pela mineração da Braskem provocaram um grande vazio urbano em Maceió, com o fechamento do acesso a quatro bairros - Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto. Esse fenômeno trouxe, também, um outro problemão para a cidade: o agravamento do problema de mobilidade urbana em Maceió, com aumento do caos no trânsito.

Se o tráfego de veículos já estava ruim (há muitos anos), por falta de maiores investimentos no setor, agora ficará bem pior, pela perda de vias importantes de conexão entre as partes baixa e alta da cidade.

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Uma dessas vias é a General Hermes, que ligava o Centro à Chã de Bebedouro e Chã da Jaqueira e era importante alternativa para veículos particulares e o transporte coletivo (ônibus e veículo leve sobre trilhos - VLT) fugirem dos constantes congestionamentos da Av. Fernandes Lima, com ajuda da Ladeira do Calmon.

No caso do VLT, um transbordo está sendo feito nas estações do Bom Parto e Bebedouro. Quem vem de Rio Largo, desce em Bebedouro, pega um ônibus contratado para tal fim e salta na estação de Bom Parto, onde apanha outro VLT para o Mercado, Estação Central ou Jaraguá. Na volta, a mesma coisa.

O passageiro que sai do Jaraguá salta no Bom Parto, apanha um ônibus e vai para a Estação de Bebedouro, onde pega outro VLT e segue para Rio Largo ou Lourenço de Albuquerque.

Essa mudança na malha do transporte representa, logicamente, mais tempo para se chegar ao destino, maior gasto com combustíveis e, claro, sobrecarga extra para a Fernandes Lima e a Durval de Góes Monteiro. Some-se a isto o fato de que as centenas de famílias que estão deixando as suas moradias por causa da mineração se mudam para outras regiões, o que implica maior fluxo de veículos em outros setores da malha viária.

E a situação deverá piorar, uma vez que as rachaduras e afundamentos estão se aproximando da Fernandes Lima, interrompendo o trânsito em outros corredores de transporte. Imaginemos que o problema atinja a própria Fernandes Lima. Aí se transformaria em caos total.

Ano após ano, os problemas no trânsito em Maceió se agravam, inclusive nessa parte da cidade afetada pela mineração da Braskem, e os governos têm se omitido ou não têm conseguido resolvê-los.

Existe uma tendência natural de os investimentos maiores acompanharem as rotas abertas pela exploração imobiliária, que tem crescido mais pela orla marítima e regiões vizinhas, em direção à Região Norte. Exemplos recentes foram a ampliação do corredor da orla e a implantação das avenidas Márcio Canuto e Josefa de Melo.

A Av. Leste-Oeste, uma das primeiras alternativas criadas para unir a orla lagunar, Farol, Jacintinho e os bairros do outro lado de Maceió, está sobrecarregada há vários anos. Hoje, os investimentos têm sido feitos mais na parte mais alta da capital, principalmente na área do complexo Benedito Bentes.

Para não dizer que nada foi feito como alternativa para o eterno congestionamento da Fernandes Lima, tivemos a implantação do Eixo-Farol pelo governo do Estado, mas o mesmo ainda não registrado o movimento que se esperava, talvez porque grande parte dos condutores prefere enfrentar a pista dupla do que a espécie de labirinto que é a nova via. A outra parte do projeto, o Eixo-Cepa, teve as obras paralisadas por problemas ambientais e, agora, parece estar inviabilizado por causa dos problemas causados pela mineração.

É preciso repensar, urgentemente, a questão da mobilidade urbana de Maceió. Os problemas gerados pela mineração da Braskem devem crescer de forma considerável na volta às aulas, que só ainda não ocorreu devido às incertezas quanto aos efeitos da transmissão da pandemia no setor educacional.

Enquanto o trânsito da capital agoniza, o Governo do Estado se prepara para tocar obras que, para muitos, se apresentam como eleitoreiras, pois seu início previsto coincide com a véspera das eleições municipais, gastando dinheiro de empréstimos contraídos (e que aumentam sobremaneira o endividamento do Estado) em pavimentação e duplicação de estradas no interior.

Essas obras não contemplam regiões mais prioritárias, como é o caso do Norte, segundo maior polo turístico de Alagoas, com força principalmente em Maragogi. O Governo acaba de anunciar (mais uma vez) que o aeroporto de Maragogi "finalmente" será construído.

Mas falta dizer como viabilizará um aumento do fluxo entre Maceió e aquela região se as obras de duplicação da AL-101 Norte, projetadas para isso, continuam paradas em Jacarecica, por sinal infernizando a vida de moradores e comerciantes do bairro.

Para observadores, o Governo deveria refazer os planos atuais relacionados a alguns dos projetos voltados para o interior do Estado e usar parte do dinheiro dos novos empréstimos para tentar resolver ou, ao menos, amenizar o problema da mobilidade urbana de Maceió, considerando a urgência exigida pelo agravamento que se prevê, e, claro, investir, também, na conclusão da AL-101 Norte, uma obra de grande interesse para o turismo alagoano.

Especialistas analisam impacto da mineração na mobilidade urbana de Maceió

A atividade de mineração gerou impacto na mobilidade urbana da capital e alterou a rotina de grande parte da cidade, além dos bairros afetados na região que envolve o Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto. Parcela significativa de Maceió terá de conviver com mais uma herança deixada pela instabilidade no solo, fruto da exploração de sal-gema: a interdição de ruas, que levou mais lentidão e agravou a falta de opções para escoamento do trânsito. A avaliação é de especialistas ouvidos pela Gazeta de Alagoas.

A reportagem perguntou ao arquiteto e mestre em Engenharia de Transportes, Fábio Barbosa Melo, de que forma as atividades de mineração da Braskem afetam a mobilidade urbana da capital. "No momento em que há necessidade de desocupação de uma área e força-se a realocação das comunidades envolvidas para outras regiões da cidade, criam-se novas necessidades de deslocamentos para as pessoas envolvidas", analisa.

O arquiteto complementa que, dependendo da região escolhida, haverá impacto significativo no custo, no tempo e nas alternativas de deslocamentos, assim como uma necessidade de reorganização da infraestrutura de transportes e das linhas de transporte público.

"Uma pessoa que morava no Mutange e trabalha no Centro tinha o trem e o ônibus como opções coletivas de transporte. Se foi morar no Antares, já perdeu uma opção e, consequentemente, teve a sua mobilidade comprometida. O usuário de automóvel em situação similar vai precisar de mais combustível e tempo para ir ao Centro, pois o deslocamento é maior. Tudo isso é impacto na mobilidade", explica.

Sistema de mobilidade foi comprometido, diz arquiteto

Em relação à perda de vias importantes por causa da situação nesses bairros, na avaliação do arquiteto, tendo em vista que a área afetada estava sendo pensada para compor parte da alternativa ao tráfego intenso na Avenida Fernandes Lima, com a implantação do eixo Cepa, pode-se considerar que o sistema de mobilidade da parte alta da cidade foi comprometido até que seja aprovada a utilização dessa área como apta a receber tal infraestrutura.

"A interdição da Av. Major Cícero de Góes Monteiro (no Mutange) só aumenta a dificuldade pois, por não ter alternativa, joga todo o trânsito para o sistema Durval de Góes Monteiro / Fernandes Lima. Há também que levar em conta a, praticamente, inutilização da linha férrea afetando um meio de transporte que é barato e capaz de deslocar grande quantidade de pessoas numa só viagem. O sistema de transbordo e reembarque via ônibus entre estações não ajuda e não atrai usuários. O futuro dos Trens e VLTs também depende das soluções apresentadas para o problema geológico", acrescenta Fábio Barbosa.

Sobre o que pode ser feito para reduzir o impacto no trânsito com a situação dos bairros afetados, o arquiteto explica que toda a situação pressiona cada vez mais o poder público a buscar soluções de transporte coletivo de massa.

"As alternativas viárias já não podem ser consideradas. O correto seria entrar em acordo com a própria causadora do dano e dar conta de um projeto de metrô/trem de superfície capaz de ligar a parte alta com a parte baixa de Maceió com qualidade, segurança e rapidez, proporcionando a troca do automóvel por esse modo. A necessidade que já era grande passa a ser gritante", finaliza.

Interdição gera impacto imediato, afirma engenheiro

Alexandre Lima Marques da Silva, engenheiro civil e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), explica que, a partir do momento em que existe a interdição de qualquer rua e/ou avenida de uma cidade, o impacto desta ação na mobilidade urbana é imediato.

"Portanto, como diversas ruas da cidade de Maceió estão interditadas, em função da necessidade da realização de testes e estudos no solo das regiões afetadas pelo processo de mineração da Braskem, a população sente as consequências imediatas no trânsito, tanto pela dificuldade de acesso com os veículos particulares, assim como no sistema de transporte público urbano, que teve que promover alterações nos itinerários das linhas, causando desconforto e problemas de acessibilidade para a população", avalia Alexandre Lima.

De acordo com o professor, no bairro Mutange, a interdição da Avenida Major Cícero de Góes Monteiro trouxe prejuízos para os moradores da região, uma vez que o bloqueio impediu a passagem de veículos e forçou a alteração no trajeto dos ônibus. "O impacto também ocorreu diretamente com a suspensão do VLT no bairro do Mutange. Em relação ao bairro do Pinheiro, é importante verificar se o projeto inicial do Eixo Viário do Cepa será mantido e 100% executado, uma vez que este eixo foi planejado para ser uma rota estratégica com finalidade de desafogar o trânsito saturado da Av. Fernandes Lima", acrescenta.

A Gazeta pergunta a opinião do engenheiro civil sobre qual seria a saída para reduzir o impacto no trânsito. "Buscar promover a integração dos diferentes sistemas ofertados pela SMTT, de forma a reduzir os problemas de acessibilidade que a população vem sofrendo. A criação de novas linhas ou a readequação dos itinerários pode também ajudar a mitigar parte deste enorme prejuízo que a população de Maceió vem sofrendo", conclui.

Interdições eram necessárias, diz prefeitura

A Prefeitura de Maceió informou que com o avanço na instabilidade do solo nas regiões dos bairros do Pinheiro, Mutange, Bom Parto e Bebedouro, algumas vias precisaram ser interditadas de forma preventiva para garantir a segurança viária dos condutores e da população de Maceió.

"Após recomendações da Defesa Civil de Maceió e do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, localizada no bairro do Mutange, e outras vias no Pinheiro foram bloqueadas de forma preventiva e por tempo indeterminado devido ao avanço na instabilidade do solo na região", explica nota enviada à reportagem.

Sobre a possibilidade dessas rachaduras passarem pelo Pinheiro e chegarem à Avenida Fernandes Lima, como chegou a ser denunciado por moradores da região, a prefeitura explica que trabalha com evidências e se baseia nos estudos do CPRM para direcionar as ações relativas aos bairros afetados pela instabilidade de solo provocada pela atividade de mineração.

"Até o momento, não há evidências que levem à necessidade de interdição de novas vias na área afetada que envolve os bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto".

A Gazeta pergunta qual a saída estudada pela Prefeitura de Maceió para reduzir os transtornos no trânsito. "Para dinamizar o fluxo de veículos na região dos bairros afetados, rotas alternativas foram implantadas para melhorar a mobilidade urbana na região, a exemplo da liberação dos trechos Cepa e Portugal Ramalho. A fiscalização na localidade também será intensificada por meio da presença de agentes e do videomonitoramento, com o intuito de evitar a ocorrência de acidentes e reduzir os congestionamentos na região", conclui.

Em nota, a assessoria da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou que as interdições provocadas pela mineração impactaram diretamente nas atividades do VLT.

"Com a interrupção entre o trecho Bom Parto e Bebedouro, o volume de passageiros caiu. Nós transportávamos 12 mil/dia, hoje estamos com uma média de 2 mil, mesmo se garantindo o transbordo entre as estações, tráfego interrompido na área, por precaução. A interrupção na região do Mutange foi uma sugestão da Defesa Civil, até quando se tenha um laudo definitivo da situação", explica.

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