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Maceioenses só dispõem de uma biblioteca pública para pesquisas e leitura

Vídeo e reportagem mostram a situação desses espaços na capital alagoana

A fachada do prédio mantém as características de quando foi construído, em 1940. Contrastando com o vai e vem de pessoas no Centro de Maceió, o lugar é de sossego e silêncio, como devem ser as bibliotecas. A Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos leva o nome do escritor alagoano de Quebrangulo e amargou anos de ainda mais silêncio, no período em que ficou fechada entre os anos de 2010 e 2014, onde foram investidos, segundo a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), R$ 3,4 milhões para reforma e readequação do prédio, que já não abriga mais o Arquivo Público, desde o início das obras.

Logo na entrada, um memorial dedicado a Graciliano Ramos. Basta seguir as largas escadas de madeira do lugar para encontrar as salas que abrigam os mais de 70 mil títulos de diversas áreas do conhecimento, além de espaços destinados às obras raras - como o livro mais antigo da biblioteca, de 1778 -, um acervo em braile, com 1.100 livros e um espaço dedicado com 6.076 títulos só de autores alagoanos.

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Apesar do ambiente inspirar uma relação mais próxima com a literatura e a história, a necessidade de mais espaços públicos para leitura e pesquisa são evidentes. Em Maceió, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são mais 1 milhão de habitantes e há apenas duas bibliotecas públicas. Uma delas, a municipal, está desativada.

São mais de 5 mil livros que tratam de variadas temáticas, além de diversos vídeos que não estão disponíveis à população. De acordo com a assessoria da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), a biblioteca atualmente enfrenta dificuldades no atendimento ao público por conta da carência de bibliotecários no quadro de servidores. 

"A FMAC, todavia, se prepara para reativar os trabalhos na biblioteca com a contratação de estagiários, que terão suas atividades supervisionadas pela equipe de bibliotecários da Secretaria Municipal de Educação. A Fundação também estuda a possibilidade de mudança da Biblioteca Graciliano Ramos para um endereço mais atrativo e de fácil acesso pela comunidade estudantil e público em geral", destaca a assessoria.

Segundo a coordenadora do sistema de bibliotecas públicas do estado, Mira Dantas, além da capital, os 101 municípios de Alagoas têm bibliotecas públicas municipais. Arapiraca é a cidade que mais possui: uma municipal e 8 outras que são chamadas de "Arapiraquinhas". Apesar do número chamar atenção, Mira reconhece que é preciso investir mais. "Faltam espaços, estímulo, incentivo. Nas cidades do interior, por exemplo, os gestores nem sempre mantêm os lugares. Quando precisam fazer cortes nos gastos, fecham as bibliotecas", lamentou.

Mira Dantas também está à frente da Biblioteca Pública do Estado desde fevereiro do ano passado. A gestora disse que o tempo em que o lugar ficou fechado afastou ainda mais as pessoas da relação de identidade com o espaço. "Depois da reabertura, é preciso fazer, todo dia, um trabalho de provocar as pessoas. Muita gente pensa que ainda está fechada. É um trabalho de formiguinha", disse a coordenadora.


				
					Maceioenses só dispõem de uma biblioteca pública para pesquisas e leitura
FOTO: Fernanda Lins - Gazetaweb

Num cenário ideal, as pessoas deveriam reconhecer as bibliotecas como um espaço de cada cidadão e se aproximar, a cada visita, da morada que existe nos livros. Em cada obra, um mundo novo se abre e o que pode parecer clichê esconde novas dimensões para o mundo. Assim são os livros e assim devem ser as bibliotecas, espaços que respiram uma infinidade de universos.

A escritora alagoana Arriete Vilela é uma prova dessa relação. Quando questionada sobre o pequeno número de bibliotecas públicas em Maceió, ela resumiu: "Isso é muito complexo". 

Arriete acredita que o ciclo é vicioso, difícil de descobrir onde começa e onde termina. "A gente sempre diz que as pessoas não gostam de ler, mas existem poucas ações que estimulem quem não conhece a descobrir esse mundo. Procuro realizar oficinas de leitura e escrita criativa, já que nos ambientes criados em torno da literatura e das pesquisas precisam existir mais espaços. Lamento muito".

Arriete Vilela é leitora apaixonada e sabe, como todos aqueles que já descobriram o encanto das páginas, a importância de cada linha. "A leitura e a pesquisa evitam conflitos, mudam a dimensão das pessoas, tiram o ser humano da acomodação. É preciso se encantar com o que está escrito e com as entrelinhas", poetizou.

Brasil afora

Segundo dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), o país tem 6.102 bibliotecas públicas. Na região Sudeste existem 1.958, seguido do Nordeste - que, apesar de amargar os piores índices de analfabetismo do País - fica em segundo lugar, com 1.847 bibliotecas. Em terceiro, aparece a região Sul com 1.293, depois o Norte, com 503 e, por último, o Centro-Oeste, com 501 espaços.

Como manter a biblioteca viva?


				
					Maceioenses só dispõem de uma biblioteca pública para pesquisas e leitura
FOTO: Fernanda Lins - Gazetaweb

Durante a visita à Biblioteca Estadual Graciliano Ramos é possível observar os mais diversos tipos de ocupantes. Estudantes que leem sozinhos nas mesas redondas dos espaços que homenageiam dois escritores alagoanos: primeiro andar, chamado de Jorge de Lima e o segundo piso, Lêdo Ivo. Alguns outros usam os computadores ou as salas de arquivo de notícias com jornais do século passado e impressões oficiais de 1900.

A coordenadora do lugar, Mira Dantas, movimenta a biblioteca com visitas de escolas e turistas. "Em janeiro, o movimento sempre diminui, mas, a partir de março, o calendário volta ao normal. No início de 2015, logo após a reforma, recebíamos de 30 a 40 visitas. Com o passar dos meses, o número dobrou para 80", contabilizou.

Na saída do local, surge a sensação de que o antigo Palacete Barão de Jaraguá, com seus três pavimentos e 54 salas, merece ainda mais.  

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