Familiares de Jonas Seixas da Silva, de 32 anos, seguem em busca dele desde que desapareceu após uma abordagem policial ocorrida no último dia 9, há uma semana. Segundo a esposa dele, Angélica da Silva, policiais militares o abordaram enquanto voltava para casa, na Grota do Cigano, no bairro do Jacintinho, e o colocaram no porta-malas do veículo. Depois disso, ele não foi mais visto.
"Eu abri a porta de casa e havia três policiais. Eles perguntaram por Jonas e eu disse que ele não estava em casa. Entraram, disseram que tinham um mandado de prisão e reviraram todo o guarda-roupa dele. Depois saíram", conta Angélica. No mesmo dia, uma vizinha a procurou para dizer que policiais haviam abordado o marido dela no momento em que ele seguia para casa.
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"Peguei a identidade dele, celular, e corri. Cheguei lá ele estava no porta-malas, com spray de pimenta no rosto, pedindo água", diz. Os policiais teriam dito a Angélica que levariam Jonas para a Central de Flagrantes, no Farol, e voltariam em breve. Ela pegou um mototáxi e foi até o local, esperou até as 21h, mas não deram entrada com o marido dela.
Segundo o advogado da família, Arcelio Alves, os parentes procuraram por Jonas em todas as delegacias de Polícia Civil da capital e até mesmo no Instituto Médico Legal (IML), mas não o encontraram. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Ministério Público de Alagoas (MPAL) e a Corregedoria da Polícia Militar (PM) foram procuradas, segundo Arcelio, e afirmam que estão fazendo as diligências necessárias.
Após uma semana, familiares e amigos de Jonas já fizeram dois protestos na capital. Um deles no Jacintinho e outro no Centro. Em um deles, Angélica diz que um policial se aproximou e disse lembrar do caso. "Demos uma prensa nele e liberamos em Cruz das Almas", teria dito o oficial. Angélica duvida da versão, já que o marido não procurou ninguém e não voltou para casa após o fato.
Com voz embargada e fraca, a mãe de Jonas, Claudineide da Silva, disse estar medicada no momento em que aGazetaweba procurou. "Ele tem dois filhos, um menino de dez e uma menina de oito. O menino está muito abalado, não come. A mais nova basicamente não dorme, diz que precisam procurar o pai", conta.
O advogado da família teria procurado por mandados de prisão ou de busca e apreensão no nome de Jonas, mas não encontrou. "A gente escuta os vizinhos falando que tem um corpo em algum matagal, e vamos lá saber se não é o Jonas. Estamos assim", diz Angélica.
O marido dela era conhecido como "de boa", conta, e se dava bem com todos. Ele havia sido preso por tráfico de drogas em 2010, e hoje faz bicos como pedreiro. Jonas passou quatro anos na cadeia antes de ser liberado. "Todos os meses ele ia lá assinar, até agora, na pandemia, quando pararam o serviço, ele ia para ter certeza", conta.
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar de Alagoas não se posicionou sobre o caso até o momento.