Nos postes, quase não se encontra espaço para novos anúncios de venda ou aluguel de casas. A situação se tornou comum nos últimos meses no bairro do Pinheiro. Os problemas que ocorrem no local desde o ano passado têm afastado moradores e também potenciais compradores. A região, cada dia que passa, tem se tornado um "bairro fantasma".
As residências mais afetadas, aos poucos, estão sendo esvaziadas. E a medida que novos estudos são feitos, as áreas de risco vão aumentando e preocupando ainda mais os moradores e também comerciantes. Mas, mesmo nos locais mais distantes do "perigo", o medo impera.
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No bairro, é possível encontrar diversos imóveis com anúncios de venda, até mesmo empreendimentos residenciais construídos há pouco tempo. São prédios, casas, estabelecimentos comerciais, todos desacreditados e desvalorizados. Não é possível, no momento, pensar numa mudança nesse cenário, visto que os estudos feitos até agora não apresentam as causas do problema.

Quem tem imóvel na região está preocupado. E com razão! Para quem tem interesse em vender ou alugar, a situação não é nada boa. As ruas estão praticamente desertas e o cenário remete ao de um filme de terror. E os moradores se apegam no pouco de esperança para superar e enfrentar as incertezas. Dia após dia, moradores recolhem tudo o que têm, fazem as malas e deixam para trás o sonho de ter uma casa própria, um lar. Neste momento, é preciso preservar vidas.
100% desvalorizado

Corretor há mais de trinta anos, Geraldo Freire disse que nunca viu coisa semelhante acontecer. Ele afirma que não é possível nem avaliar valores dos imóveis já que ninguém quer comprar. Segundo o corretor, o bairro está 100% desvalorizado.
"Infelizmente não tem como a gente avaliar a propriedade se ninguém quer comprar, não há interesse. Quem tem imóvel, mesmo longe do centro da crise, está querendo se desfazer e os que estão para vender ou até mesmo alugar, não será vendido", lamenta.

Para ele, o lado psicológico dos moradores é o que mais pesa nesse momento. "Temos um risco iminente de tragédia no bairro, mas a maior tragédia é a psicológica. O estado físico e psicológico dos moradores está abalado e muitos estão querendo sair de lá de qualquer jeito".
O corretor acredita que, mesmo que seja descoberta as causas e o problema seja resolvido, ainda vai demorar um tempo para que as pessoas voltem a acreditar e o bairro volte a ser valorizado.
"Digamos que seja resolvido esse problema das rachaduras e todos os outros problemas envolvidos nessa questão, mesmo assim, acredito que muita coisa ainda deve ser feita para as pessoas voltarem a olhar o Pinheiro com outros olhos. Primeiramente, é preciso que a Prefeitura de Maceió faça toda a estrutura de drenagem, saneamento e esgotamento de águas pluviais no bairro para que as pessoas voltem a acreditar nele", afirma.
Seguro habitacional

Uma alternativa para os moradores é o seguro habitacional adquirido junto ao financiamento do imóvel pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH). O seguro é obrigatório na contratação do crédito imobiliário, junto à instituição financeira. Nesse caso, o seguro habitacional dá a garantia de danos ao imóvel como desmoronamento e/ou ameaça de desmoronamento.
"Mesmo que o imóvel tenha sido quitado, os moradores podem solicitar junto ao banco financiador a cobertura dos danos, de acordo com entendimento da 3ª turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O seguro habitacional é obrigatório para o crédito imobiliário do SFH, ele integra a política nacional de habitação, e visa a proteção da família em caso de morte ou invalidez do segurado, e danos físicos ao imóvel", explica o corretor e diretor do Sindicato dos Corretores de Seguros de Alagoas, Djaildo Almeida.
Nesse caso, os proprietários devem procurar a instituição financeira, abrir o sinistro e aguardar o posicionamento da companhia que, inclusive, pode suspender as parcelas do financiamento após a avaliação final.
Ele também explica que existe o chamado seguro residencial, que não cobre esse tipo de situação e que pode confundir os segurados.
"No seguro residencial, existe uma cobertura de desmoronamento, se contratada, mas que mesmo nesse caso ainda não tem cobertura, pois esse seguro cobre prejuízos de desmoronamento provocado por acomodação do terreno, devido a abalos sofridos por explosões de gás e incêndios graves que atingem a estrutura do prédio. Não são cobertos também, as falhas no projeto de construção ou desgaste de material usado na obra. Também são excluídos danos devido à má conservação do imóvel, desocupação por longo tempo, etc".
