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Especialista diz que abrir ruas no Vera Arruda não aliviará o trânsito

Engenheira de trânsito e doutora em transportes diz que abertura seria solução paliativa e não duraria mais que cinco anos

A discussão sobre a abertura ou não de ruas do Corredor Vera Arruda, em Maceió, vem ocupando as redes sociais e também o debate público nos últimos dias. Há pessoas contra e a favor da liberação das vias, que seriam abertas com o intuito de melhorar o trânsito na região. Para a especialista em mobilidade urbana Jéssica Lima, no entanto, “não há justificativa técnica que endosse essa ideia”.

A polêmica sobre as ruas do Corredor Vera Arruda ganhou um novo capítulo na última semana, quando a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) anunciou uma consulta pública online sobre a abertura de duas vias do local, que é um dos maiores espaços de convivência da capital alagoana.

O Vera Arruda ocupa uma área de 1,5 quilômetro, entre os bairros Jatiúca e Mangabeiras. O corredor possui 15 ruas, mas apenas duas são acessíveis para veículos.

Jéssica Lima é engenheira de trânsito, doutora em transportes e gestão das infraestruturas urbanas e professora do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Para ela, abrir as ruas seria uma solução paliativa, mas não resolveria o problema da mobilidade urbana na região.

Moradores e turistas utilizam Corredor para praticar atividades físicas e de lazer
Moradores e turistas utilizam Corredor para praticar atividades físicas e de lazer | Foto: Maylson Honorato

“Cortar o Corredor Vera Arruda com vias irá destruí-lo. É um dos poucos parques de Maceió, é usado diariamente por centenas de pessoas de todas as idades, seres de diversas espécies, além de ser fonte de sustento de muitos trabalhadores informais que vendem comida, dão aulas de dança, capoeira e até cortam cabelo”, conta a engenheira.

Jéssica Lima aponta que uma evidência que comprova que abrir as vias do Corredor será o fim do local enquanto espaço plural de convivência está nos únicos dois trechos que hoje se encontram abertos para o trânsito de veículos. A quadra, que fica entre duas avenidas (R. Miguel Alcides de Castro e Av. Eng. Paulo Brandão Nogueira), é o trecho mais esquisito do parque, com menos pessoas circulando.

“É uma medida inútil de uma perspectiva de melhoria da mobilidade urbana. Perde-se muitíssimo e não se ganha nada. As vias foram projetadas como vias de acesso local, são estreitas, o ganho de fluidez, mesmo no momento da abertura, será baixo”, explica.

Ela também aponta que o trânsito no local voltaria a piorar em no máximo cinco anos. “Como disse Lewis Mumford, ‘abrir vias para resolver o problema do congestionamento é como afrouxar o cinto para resolver o problema da obesidade’”, continua a especialista.

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TRÂNSITO E MOBILIDADE

Para a engenheira, que trabalha com o tema, o trânsito na região é equivalente ao que existe no restante da cidade. “Nem melhor, nem pior”. Já a mobilidade no local é considerada melhor.

“Eu avalio que é melhor, uma vez que temos uma ciclovia que corta o parque e o conecta à ciclovia da orla. Além de um calçadão que permite que as pessoas se desloquem a pé de maneira efetiva. Aliás, esses são dois modos de transporte que deveriam ser incentivados pela prefeitura, se o objetivo é reduzir congestionamentos”, analisa Jéssica Lima.

TEM SOLUÇÃO?

A profissional diz que mobilidade urbana é um tema complexo e que não se resolve congestionamento mexendo no que ela chama de “curva da oferta”, ou seja, abrindo e alargando vias ou construindo viadutos.

“Isso, nem cidades muito ricas e muito voltadas para o automóvel conseguiram fazer, veja o caso de Los Angeles. Mobilidade se resolve mexendo na demanda, ou seja diminuindo a quantidade de carros circulando. Como se faz isso? Bom, um primeiro passo seria investir de verdade em calçadas e ciclovias de qualidade bem iluminadas, arborizadas, com acessibilidade para que as pessoas se sintam seguras e cômodas de usarem estes modos de transporte em detrimento do transporte individual”, avalia.

“Melhorar o transporte público também é essencial, tanto o seu conforto quanto a sua celeridade. E, por fim, desincentivar o uso do carro cobrando por estacionamentos, por exemplo, e reinvestindo o dinheiro arrecadado no sistema de mobilidade, preferencialmente no transporte coletivo e ativo”, continua a engenheira de trânsito.

Corredor Vera Arruda já possui duas ruas abertas para veículos; área é a mais deserta
Corredor Vera Arruda já possui duas ruas abertas para veículos; área é a mais deserta | Foto: Maylson Honorato

“Infelizmente, essa é a única maneira possível. É impossível melhorar o trânsito em uma cidade apenas abrindo vias. A única coisa que se consegue com isso é destruir o espaço usado pelas pessoas, tornando a cidade cada dia mais hostil e perigosa”, conclui.

A consulta pública da SMTT segue aberta para que a população opine sobre a abertura de vias no local. Para acessar, basta acessar este link e preencher o formulário.

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