![Colapso de mina da Braskem em Maceió completa um ano: o que aconteceu desde então?](https://cdn.gazetaweb.com/img/inline/790000/374x250/Colapso-de-mina-da-Braskem-em-Maceio-completa-um-a-00794803-06c5c9d740f87cb427ff2519a598a692-7.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.gazetaweb.com%2Fimg%2Finline%2F790000%2FColapso-de-mina-da-Braskem-em-Maceio-completa-um-a-00794803-06c5c9d740f87cb427ff2519a598a692.jpg%3Fxid%3D1634935&xid=1634935)
No dia 10 de dezembro de 2023, às 13h15, uma das minas de extração de sal-gema da Braskem em Maceió se rompeu.
Localizada sob a lagoa Mundaú, a mina 18 estava sob monitoramento após abalos sísmicos e, como não havia mais moradores no bairro do Mutange, não houve risco para a população.
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O colapso da mina foi um dos momentos mais importantes da crise iniciada ainda em 2018, quando os primeiros tremores e rachaduras apareceram em imóveis localizados no bairro do Pinheiro.
Desde então, cerca de 60 mil pessoas foram realocadas, com 14.549 imóveis condenados —dos quais 9.976 já foram demolidos, conforme números da Defesa Civil de Maceió.
A Braskem interrompeu as atividades de extração em 2019 e, desde então, trabalha no preenchimento das 35 cavidades que tem na cidade de Maceió.
No mês de novembro, a empresa e 19 pessoas, entre funcionários de alto escalão da petroquímica e do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), foram indiciados pela Polícia Federal de Alagoas (PF/AL). A Braskem foi acusada 30 vezes pela elaboração de laudos falsos.
Imagens divulgadas pelo canal "Ewerton Drone MCZ" no YouTube, que faz vídeos do local a cada dois dias e já tem 173 atualizações, mostraram manchas na região da mina, além de mortandade de peixes.
A Defesa Civil de Maceió informou, à época, que técnicos estiveram no local acompanhados por uma equipe da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Questionado, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL) não se posicionou.
À Gazeta, Ewerton afirmou que já encontrou peixes mortos em três vezes que saiu para gravar e que considera as manchas parecidas com óleo.
“É uma decepção ver uma coisa assim. Eu andava ali diariamente. É de partir o coração. Passei no bairro de Bebedouro e praticamente só existe o cemitério. É preciso ser firme e forte para continuar insistente, porque alguém precisa mostrar essa realidade para a população, entende?”, disse ele.
Segundo ele, a região da mina 27, localizada numa área submersa nas proximidades do Hospital Psiquiátrico José Lopes, no bairro do Mutange, também já é crítica. Ela teve suas atividades de preenchimento interrompidas no mês de outubro, mas o processo já foi retomado.
“É fácil de notar que a gente está afundando aos poucos. As estradas que beiram a lagoa já estão com cada vez mais água. Morava ali muita gente, muitas famílias, e houve quem nem conseguiu se reconstruir. Através das minhas imagens, eu fiz amizades e já recebi relatos de gente chorando, sofrendo com tudo isso”, contou Ewerton.
De acordo com a Braskem, estudos técnicos apontam que a cavidade 18 está autopreenchida. Análises complementares estão sendo feitas para submeter à aprovação da Agência Nacional de Mineração (ANM). A companhia acrescentou que vem adotando medidas para o fechamento definitivo das 35 cavidades, conforme o plano apresentado às autoridades.
“A Braskem mantém o foco na continuidade das ações que garantam a segurança das pessoas e da implementação de medidas amplas para mitigar, compensar ou reparar impactos decorrentes da desocupação de imóveis nos bairros de Bebedouro, Bom Parto, Pinheiro, Mutange e Farol”, diz trecho enviado à reportagem.
A petroquímica salientou que há, entre outros, cinco acordos principais celebrados com autoridades federais, estaduais e municipal, homologados pela Justiça, que abrangem diversas medidas além da realocação preventiva e compensação financeira das famílias: pagamento de apoio financeiro e auxílio para aluguel temporário; apoio psicológico; ações sociourbanísticas e ambientais; apoio a animais; zeladoria nos bairros; monitoramento do solo e fechamento definitivo dos poços de sal; integração urbana e desenvolvimento da comunidade dos Flexais; e indenização ao Município de Maceió.
A empresa não informou sobre o status de preenchimento das 35 minas.
As atividades de mineração
O Serviço Geológico do Brasil, vinculado ao Ministério das Minas e Energia, concluiu em 2019 que as atividades de mineração da Braskem em uma área de falha geológica foram responsáveis pelos problemas ocorridos.
No laudo, os cientistas indicam que o tremor de terra de 2018 foi resultado do desmoronamento de uma das minas. O estudo revela que esse não foi o único tremor, uma vez que os laudos identificaram outras minas que apresentavam deformações e desmoronamentos.
Até aquele momento, havia 35 poços de extração de sal-gema na área urbana, material utilizado na produção de PVC e soda cáustica. Embora os poços estivessem pressurizados e vedados, a instabilidade das crateras resultou em danos ao solo, que se tornaram visíveis na superfície.
A exploração do minério teve início em 1979 e continuou até maio de 2019, quando a Braskem suspendeu suas atividades um dia após a divulgação do laudo pelo Serviço Geológico.