
Após júri popular condenar Arnóbio Cavalcante a 37 anos, 2 meses e 7 dias de prisão, pela morte da ex-mulher, a professora Joana Mendes, com 32 facadas - sendo 30 delas no rosto -, a irmã da vítima, Júlia Mendes, contou que a família se sente com o coração confortado e que, agora, o ciclo está fechado.
“É um ciclo que se fecha. Foram quase 8 anos de espera e, como nós sempre acreditamos, a Justiça foi efetivamente feita. Uma pena de 37 anos, 2 meses e 7 dias. A família se sente com o coração confortado. Nada vai trazer Joana de volta. Hoje, Joana é luz. Nós cumprimos a missão”, falou emocionada.
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O crime ocorreu em 2016, em Maceió, e o júri popular começou nessa segunda-feira (1º), no Fórum do Barro Duro, e terminou na madrugada desta terça-feira (2). O condenado também terá que pagar R$ 150 mil de indenização por danos morais.
O Ministério Público Estadual (MPE) sustentou a tese de homicídio triplamente qualificado, praticado por meio cruel, que impossibilitou defesa da vítima, caracterizando o crime como feminicídio.
“A sensação é de dever cumprido. A Justiça foi feita. Um processo que vem se arrastando há 8 anos e hoje chegamos a um veredito", disse o promotor de Justiça Antônio Vilas Boas.
DEPOIMENTOS
O primeiro a depor foi o tio do acusado, Hudson Cavalcante Ferreira. Ao júri, ele contou que o sobrinho tomava medicamentos para estabilizar o humor. Segundo ele, Arnóbio o ligou no dia do crime para informar que tinha “feito uma besteira”.
A amiga confidente de Joana Mendes, Daniela Barretos, se opôs à fala do tio de Arnóbio sobre ele usar medicamentos. “Ele não é louco, ele é mau, é cruel”, disse ela ao júri.
Segundo Daniele, as redes sociais de Joana eram estritamente monitoradas por seu ex-marido, que, frequentemente, manipulava seu celular. Ela relatou episódios em que percebia sinais físicos de abuso, em que Joana apresentava manchas roxas nos braços e pernas, e como esses incidentes afetavam não apenas Joana, mas também seu filho, que se tornou mais retraído devido à violência testemunhada em casa.
O júri popular estava marcado para ocorrer em 18 de dezembro de 2023, mas, diante do cumprimento de um mandado de prisão do acusado, quatro dias antes, foi remarcado para 1º de fevereiro deste ano, sendo novamente adiado na data.
Arnóbio Cavalcante ficou em silêncio durante interrogatório nessa segunda (1°).
O CASO
O crime ocorreu em 2016. Joana Mendes deixou o filho mais novo na escola e foi ao encontro do ex-companheiro. Ele a convenceu de que queria conversar com ela pessoalmente para assinar o divórcio e regulamentar a pensão do filho do casal.
Joana Mendes havia tomado a iniciativa para se divorciar, mas o homem não aceitava a separação.
Ela foi morta a facadas, a maioria delas no rosto, dentro do próprio carro, que foi abandonado no bairro do Poço. O corpo dela foi encontrado no dia seguinte, dentro do veículo.