Acusada de mandar executar a estudante Giovanna Tenório, ainda em 2011, Mirella Granconato está sendo julgada nesta quarta-feira (11), no salão da 8ª Vara Criminal, no Fórum do Barro Duro, em Maceió. Enquanto a acusação defende a tese de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver, a defesa alega a inexistência de elementos que liguem a acusada ao homicídio. Uma das testemunhas e amiga da vítima relatou que Mirella havia agredido Giovanna em algumas oportunidades.
Em juízo, a amiga da vítima, Karolinne Albuquerque afirmou que Giovanna manteve a amizade com Antônio Bandeira, marido da acusada, após ter colocado fim ao relacionamento amoroso. "Ela pegava os boletos de Tony na secretaria da faculdade. A amizade não acabou entre os dois. O problema eram as agressões sofridas pela minha amiga, que chegou a me contar que Mirella deu um chute nela, saindo ou entrando do Le Hotel".
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Além disso, a testemunha apontou uma segunda agressão por parte de Mirella. "Ela [Giovanna] me contou que estava em um bar, onde teve um desentendimento. Não lembro o ocorrido, mas que Mirella teria 'voado' na Giovanna", acrescentou.
Ainda no depoimento, Karolinne falou ao promotor de Justiça Antônio Villas Boas - que representa a acusação - que Giovanna teve problemas, apenas, com Tony, mas que mantinha amizade com todos os seus ex-namorados.
"Giovanna recebia mensagens de ameaça, inclusive, teve uma que eu não esqueci: 'ele já teve várias p***** na vida, mas você seria a última'", contou a testemunha, que chegou a acompanhar a vítima até a Delegacia da Mulher. "O boletim de ocorrência só não foi registrado porque um funcionário orientou Giovanna a voltar com o nome e o endereço de Mirella. Minha amiga ficou com medo da reação. Ela procurou a polícia porque estava com receio", complementou, chorando na presença do magistrado.
Outra testemunha ouvida foi Larissa Tenório, irmã de Giovanna. Segundo ela, a mãe não aprovava a amizade de Manuela (garota que conhecia a acusada) com a irmã. "Uma amizade que não é aprovada pela mãe deve ser para o bem do filho", disse Larissa.

Já Fernanda Silva, a terceira testemunha ouvida nesta manhã, disse que conheceu Tony através de Manuela. "A Giovanna conheceu Tony na Boate Le Hotel e acreditava que ele estava, realmente, separado da esposa. Foi justo neste dia que Mirella agrediu Giovanna. Ela infernizava a vida dela, mandava mensagens, ligava direto. Eu fiquei muito assustada com isso tudo. Até aconselhei Giovanna a procurar a polícia, mas ela preferia procurar Tony para conversar".
Ainda em seu depoimento, Fernanda afirmou ter presenciado Tony cheirando cocaína. Inclusive, Giovanna chegou a experimentar e não gostou. Não passou a usar. Tony era problemático, além de usuário de drogas. Quando ela desapareceu, a primeira pessoa que pensei foi no Tony".
Fernanda também confirmou agressões praticadas por Mirella, desta vez, no centro do município de Rio Largo. "Mirella chegou e agrediu Giovanna com uma chave de carro, e ela ficou com um galo na cabeça".
Douglas Alves dos Santos também prestou depoimento em juízo. Ele, que era funcionário do mercadinho do pai de Tony, contou ter trabalhado dois anos, mas o estabelecimento fechou. "Conheci Giovanna através de Tony e da Manuela no Bar do Peixe. Era uma pessoa boa, tranquila, simpática. Fez amizade comigo. Ela falou sobre as mensagens, mas nada diretamente sobre Mirella".
Em breves palavras, o pai de Giovanna Tenório, Lenivalton Lima, disse que espera sair aliviado do julgamento. "Devo sair tranquilo daqui. Giovanna está no céu, acompanhando tudo".

DEFESA
O advogado da ré, Raimundo Palmeira, conversou com a reportagem e afirmou que o processo é baseado em atitudes da Mirella de forma impensada, quase um ano antes da morte, quando a vítima ainda tinha uma relação com seu então esposo. Houve um atrito entre ambas e ela [acusada], infantilmente, fez ameaças por telefone, conforme ressaltou a defesa.
"O ex-esposo de Mirella teve vários outros envolvimentos afetivos, então, não tinha nem sequer motivação, até porque se, eventualmente, ela fosse a pessoa fria e criminosa que se diz, faria alguma coisa contra alguém que, à época do desaparecimento de Giovanna, estava com seu companheiro, que não era Giovanna", sustentou o advogado.
ACUSAÇÃO
O promotor de Justiça Antônio Villas Boas defende a tese de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver, levando em conta as características atribuídas ao crime.
"Mirella seria a mandante da execução, e as razões são mais do que suficientes para comprovar o fato, ou seja, as ameaças feitas à vítima, que foram várias e estavam contidas em um aparelho celular", explicou o promotor.
Na oportunidade, Villas Boas chamou a atenção para o fato de Antônio Bandeira ter vários relacionamentos extraconjugais e a ré se incomodar, apenas, com Giovanna Tenório.