Mesmo residindo a poucos metros de um reservatório da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), moradores da comunidade Serra, em Coité do Nóia, região Agreste de Alagoas, precisam se deslocar aproximadamente 2 km em busca de água para sobreviverem. Além das péssimas condições de habitação em casas de taipa, construídas com barro, eles não dispõem de rede de abastecimento, mesmo situados dentro da área urbana da localidade.
As condições precárias em que vivem os moradores, inclusive expostos a lixo, já que na comunidade também não há coleta, chamou a atenção de um grupo de estudo da disciplina sociedade, natureza e desenvolvimento do curso de administração pública da Ufal, que realizou pesquisa no local e na comunidade Areias, ambas no perímetro urbano de Coité do Noia. Na ocasião, eles confirmaram que na Serra 30 famílias vivem em casas de taipa e passam sede, mesmo estando a poucos metros da caixa d´água da Casal, localizada na rua Padre Cícero.
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"Essa situação nos deixou inconformados. Há um cadeado impossibilitando que as famílias peguem água. Não existe encanamento na comunidade e eles precisam se deslocar a uma distância de aproximadamente 2km em busca da água para beber, tomar banho e cozinhar. Para diminuir o peso, eles utilizam jumentos no transporte", destaca o estudante Ademir Cezário. A caixa d´ água dentro da comunidade tem servido para abastecer os moradores da cidade, mas até então sem ligação para as casas da Serra.
"Existe falta de políticas públicas no local, enquanto outras comunidades mais ricas recebem recursos. No mínimo, o que esperamos, por enquanto, é que se chegue água na comunidade Serra", reforça Cezário. Com a finalização da pesquisa, os estudantes devem apresentar vídeo na universidade com as obervações colhidas
Para tenta resolver a questão e em solidariedade aos moradores, a ONG PSCA - Projeto Social Craques do Amanhã enviou ofício, no último dia 16 de novembro, ao gerente regional da Unidade Agreste da Casal, Tácito Marques, solicitando reunião, para apresentação dos problemas da comunidade. Na ocasião do encontro, segundo o presidente da entidade, José Talvane de Oliveira, os representantes devem solicitar a implantação da rede de abastecimento na comunidade Serra.
E para quem mora no local e espera há mais de 20 anos a chegada da água nas torneiras, o dia a dia é de muito sofrimento, segundo conta o morador Wagner Luís da Silva, o Lala.
"Moro na comunidade Serra há mais de 20 anos. Estamos a 50 metros da caixa d´água e não tem encanação nas casas. Já pedimos e dizem que não podem. Temos uma caixa para ser abastecida por carro-pipa, mas isso não acontece. As casas aqui estão todas caindo, nós não temos facilidade nenhuma", assegura Lala.
Na comunidade Serra, a maioria das famílias depende de repasses do governo federal por meio do programa Bolsa-família e todos sobrevivem com pequenas plantações para consumo próprio de alimentos como milho e feijão. No local, segundo atestado em pesquisa pelos estudantes da Ufal, a faltam serviços públicos como coleta de lixo, a iluminação é precária e nem mesmo equipe do Programa Saúde da Família passa pela localidade.
Outros dados revelam que 67% dos moradores não têm banheiro em casa e 60% delas são feita de taipa. 40% nunca estudaram e apenas 6.7% chegou a frequentar escola até o atual 6º ano do ensino fundamental.
O que diz a Casal
Por meio de sua assessoria de comunicação, a Casal confirmou o recebimento de ofício enviado pela ONG PSCA, mas ressaltou que no material não há nenhuma solicitação para a implantação de rede de abastecimento de água na comunidade Serra, mas apenas o pedido de reunião, para apresentação dos resultados do trabalho de pesquisa dos estudantes da Ufal.
A empresa confirmou que o procedimento necessário à realização de obra de fornecimento de água, deve ser através de ofício ou abaixo-assinado dos moradores.
"A empresa precisa ser provocada e tem de ser feito pela própria comunidade, para que possa ser feito estudos de viabilidade técnica e análise de previsão orçamentária", acrescentou a assessoria de comunicação.