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Sete meses após massacre, alunos da Raul Brasil serão transferidos para reforma

Secretaria Estadual de Educação informa que o objetivo é fazer com que os alunos tenham uma nova relação com a escola

A Escola Estadual Raul Brasil, alvo de um massacre que deixou 7 estudantes mortos e 11 feridos, em Suzano, será reformada. Os alunos que estudam na unidade serão transferidos para o prédio de uma faculdade a cerca de 1 quilômetro de distância a partir de terça-feira (29). A decisão não agradou nem pais, nem alunos.

De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, o objetivo da iniciativa é fazer com que os alunos tenham uma nova relação com a escola, que tem atualmente 980 alunos, além de 1348 no Centro de Estudos de Línguas.

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Em coletiva nesta quarta (23), o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares da Silva, disse que haverá merenda, ronda escolar e transporte.

"Haverá transporte para os alunos elegíveis, conforme os normativos, e um transporte também auxiliar para os alunos que desejarem ir da Raul Brasil mesmo até o local. Então a gente vai dar suporte em vários aspectos. Lembrando que a Raul Brasil recebe alunos de vários lugares, então nós teremos várias condições, mas haverá o suporte para transporte", disse.

De acordo com o secretário, uma série de medidas estão sendo adotadas em todo o Estado após o massacre.

"Aquilo que aconteceu na Raul Brasil é o extremo do pior que pode acontecer. Não é comum, não é só um problema de segurança, mas ele é um problema de base da educação, um problema de base da nossa sociedade. Nós temos um papel, não exclusivo e não único. Eu sempre digo que a responsabilidade da família é fundamental nesse processo, mas acho que a principal lição é que a gente não pode fechar os olhos a pequenos sinais ou sinais que vão acontecendo, porque senão nós vamos chegar a outras tragédias, a outras situações que ultrapassam qualquer limite", afirmou.

Mudança

A obra, de acordo com Rossieli, deve começar no dia 29 de outubro e tem prazo de término previsto para março de 2020. O ano letivo termina em 16 de dezembro e o início das aulas do próximo ano ainda será no prédio alugado.

A mudança dos móveis para a faculdade começa no próximo sábado (26) e a retomada das aulas no novo endereço será na terça.

O secretário afirmou que além do transporte, haverá merenda e ronda escolar com reforço especial.

Preocupação

Guilherme Celestino, de 17 anos, está no 3º ano do ensino médio. Ele diz que a mudança vai atrapalhar sua rotina de provas e vestibulares.

"Como está no final do ano, tem provas. Ainda mais a gente que é do terceiro ano e tem muita prova no final do ano. Atrapalha o raciocínio do aluno. Tem que ter concentração ao máximo no Enem, prova de faculdade e tudo, vai acabar atrapalhando. Como eu moro em Itaquaquecetuba, é mais longe ainda para eu poder chegar na faculdade".

Além de mudarem a rotina que já estão habituados, os alunos serão colocados um local mais distante: a Faculdade Piaget, localizada no Parque Suzano.

A estudante Daniele Letícia de Queiroz, de 16 anos, também está cursando o último ano na escola e diz que não gostou nada da notícia. "Acho que deveria ter pelo menos um transporte para a gente pelo menos daqui até [a Faculdade] Piaget. Muito mais difícil de estudar", diz.

A dona de casa Catarina Flores também está preocupada. Ela diz que a mudança vai prejudicar os estudantes que já moram longe do Raul Brasil.

"Muita gente eu acho que vai desistir do curso. Porque a distância é muito longe para muita gente. Muita gente vem a pé. Não é todo mundo que vem de carro. Eu venho de carro porque já vou ficar aqui no centro. Mas e as pessoas que vêm a pé? Muitos jovens vêm a pé", diz.

Para alguns moradores, o transporte direto da escola até a faculdade vai trazer mais segurança para as crianças e tranquilidade para os pais.

"A Piaget fica num lugar não tão acessado. Não é que nem aqui que passa muito carro. É mais afastado do centro um pouquinho. Eu já ouvi falar muito que tem roubos ali perto do shopping, as pessoas acabam correndo para trás porque é um lugar meio ermo. Tem o Max Feffer que é um local grande, que dá pra você se esconder. Então, eu acho que pelo perigo da situação que esses adolescentes podem estar se envolvendo", comenta a atendente Daniele da Silva.

O projeto

De acordo com a Secretaria de Educação, a escola deve receber a construção de novas áreas, incluindo um auditório, espaço para tatame e sala para criação de projetos em 3D, a reforma das salas de aula, do Centro de Ensino de Línguas (CEL), dos banheiros, cantinas e salas de leitura e informática.

Deve ser criada ainda uma área de 1,5 mil metros quadrados para uso comum, com ambientes de estar e descanso, que contará com paisagismo, além de um espaço destinado à prática de esportes, aulas ao ar livre e bicicletário.

A entrada para alunos na escola também vai mudar de lugar. O prédio onde atualmente funcionam o Centro de Línguas e a casa do caseiro serão demolidos.

"Quem for à secretaria não vai acessar a escola. Haverá nova sala dos professores, sala multidisciplinar, de atendimento para outros profissionais, memorial que ainda não se sabe como vai ser e muros vazados para também olhar para fora", detalhou o secretário.

As obras terão custo aproximado de R$ 2,7 milhões. O valor é patrocinado por empresas parceiras por meio do projeto Ecofuturo. O aluguel do prédio da faculdade, de R$ 44 mil, será pago pelo governo estadual.

Segundo a secretaria, a intenção é possibilitar aos alunos uma nova relação com o espaço da escola após a tragédia.

Questionado sobre a necessidade de melhoria em outras escolas, o secretário afirmou que não é possível levar o mesmo projeto da Raul Brasil para outras unidades, mas que há uma lista com unidades prioritárias, que tem problemas graves, como nas redes elétrica e hidráulica.

"Nós não temos como fazer a reforma em todas as escolas neste mesmo nível, mas nós começamos com o Escola Mais Bonita com 1384 escolas. Desde problemas mais simples, que vão ser resolvidos inspirados na Raul Brasil, como o acesso à escola. Muitas vezes uma atualização simples melhora o atendimento", disse.

No entanto, na coletiva desta terça-feira, o secretário Rossieli listou medidas estão sendo adotadas em toda a rede após a tragédia:

  • Integração com os comandos da polícia - dirigentes e diretores da escola conseguem acionar a polícia muito rapidamente;
  • Revisão de procedimentos por meio de um gabinete de segurança implementado na secretaria;
  • Convocação de 3,7 mil agentes de organização escolar, entre concursados e temporários (vão cobrir funcionários licenciados ou realocados);
  • Implementação do Conviva - método desenvolvido com apoio de universidades paulistas para haver interlocução com todas as áreas, olhando para a metodologia de acompanhamento de bullying, casos de mutilação, etc;
  • Projeto para fixação do professor em uma escola;
  • Mudança no procedimento pedagógico com novas disciplinas, como projeto de vida e tecnologia e inovação;
  • O secretário afirmou que haverá foco em problemas como bullying e mutilação. "Muitas vezes a gente não dá espaço para o diálogo com o jovem, a gente não dá espaço para entender qual é o sonho dele e como a escola o apoia para chegar lá. Isso é fundamental quando a gente olha para as escolas de tempo integral", afirmou o secretário.

Ensino

Alguns pais, como o motorista Josmar Osmir de Oliveira, questionam o que para eles é prioridade: o ensino.

"Preocupação de nós, pais, não é com a escola, com a aparência da escola, mas sim com a parte da pedagogia. Eu tenho uma filha do sexto ano que a professora de matemática está ausente, não tem professora de educação física. Infelizmente, é só não faltar, tem nota. Quando nós colocamos nosso filho na escola, a gente coloca preocupado, realmente, com o ensino. Essa é a preocupação que nós temos."

"Não queremos escola bonita, queremos um ensino de qualidade para nossos filhos", afirma.

Questionada sobre a reclamação da falta de professores, a Secretaria ainda não deu nenhum retorno.

O massacre

Dois ex-alunos invadiram a escola na hora do intervalo, no dia 13 de março. Eles mataram duas funcionárias e cinco alunos. Outros 11 estudantes ficaram feridos e precisaram ser hospitalizados.

Pouco antes do massacre, a dupla havia matado o proprietário de uma loja da região.

Como policias chegaram à unidade de ensino, o assassino mais jovem matou o mais velho e se suicidou.

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