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Serviço de empréstimo de livros ainda é desafio para Biblioteca Graciliano Ramos

Apenas 124 pessoas alugaram títulos no espaço em um ano do lançamento do serviço

Foram mais de um século e meio de espera. Deixar o conhecimento fluir para além das paredes do espaço público é um dos principais pilares do seguimento, contudo a Biblioteca Estadual Graciliano Ramos - um palacete rosado, localizado no centro de Maceió - em 153 anos de história só começou a ofertar o serviço gratuito de empréstimos de livros há um ano.

Um acervo de aproximadamente 17 mil títulos, que passa por todas as áreas do conhecimento, está disponível para que pessoas maiores de idade, com residência fixa em qualquer lugar de Alagoas, possam passar oito dias com o livro de sua preferência.

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No entanto, desde setembro de 2017 até o mesmo mês deste ano, apenas 124 pessoas estão cadastradas no sistema de aluguel. Isso significa que menos de 1% da população alagoana utiliza o serviço.

Mesmo assim, para coordenadora da Graciliano Ramos, Mira Dantas, a biblioteca nunca esteve tão "acessível e deselitizada". A gestora diz que foram ações de ocupação dos espaços promovidas nos últimos três anos que possibilitaram o aumento no fluxo de pessoas.

Para ela, o trabalho de visitação desenvolvido com escolas públicas, privadas e instituições de ensino tem sido fundamental. Em 2018, 1.346 estudantes passaram pela biblioteca.

"Quando a biblioteca foi reinaugurada era quase desconhecida. Hoje, existem programações fixas na semana, como contação de histórias, recital de poesia, cordel e prosa, entre outros. Além do espaço abrigar a Academia Alagoana de Literatura de Cordel e receber reuniões de grupos literários", contou.


				
					Serviço de empréstimo de livros ainda é desafio para Biblioteca Graciliano Ramos
FOTO: Tais Albino

As ações têm levado mais pessoas ao equipamento cultural. De acordo com os dados da Biblioteca Estadual Graciliano Ramos, o espaço recebe uma média de 978 usuários espontâneos por mês. Ainda é pouco. Mira Dantas avalia que o cenário tem mudado, mas é um "processo de formiguinha".

"Não é algo frustrante ou desesperador, é um processo. A maior parte da população passou séculos desvinculados da cultura elitizada que é a leitura. Vamos continuar insistindo e divulgando a importância da leitura. A Biblioteca Graciliano Ramos nunca foi tão acessível de tantas formas", afirmou.

Para o doutor em Sociologia e Mestre em Antropologia, Edson Bezerra, os baixos números passam pela falta democratização de espaços públicos na cidade.

"É um acervo gigante em um ambiente agradável. Porém, o centro de Maceió não é um local aprazível para se passear. Comércio virou um grande feirão decadente, onde não existe cinema e bares. Com exceção do Teatro Deodoro, o centro de Maceió é um espaço culturalmente morto", explicou.

UM ANO DE LEITURAS

Econômico e sustentável. Com títulos que vão do best-seller mundial Cinquenta Tons de Cinza, da britânica E.L. James, as obras do alagoano Graciliano Ramos, o serviço gratuito de empréstimo de livros era cobiçado, esperado e cobrado por muitos usuários do equipamento cultural.

A jornalista Géssica Costa é dessas pessoas. Ela não demorou mais de duas semanas para se cadastrar e, de lá para cá, já foram dose livros entre as dependências da biblioteca e alugueis de título. Géssica lembra com carinho de livros como Do Amor e Outros Demônios, de Gabriel García Márquez, Um Brasileiro em Berlim, de João Ubaldo Ribeiro e A Mesa Voadora, de Luís Fernando Verissimo.


				
					Serviço de empréstimo de livros ainda é desafio para Biblioteca Graciliano Ramos
FOTO: Gilberto Farias

Para a jornalista, existe uma grande diferença entre o aluguel e a compra de livros. "Um livro vindo de uma biblioteca carrega a história de todo mundo que já o leu. Ele traz os cheiros das pessoas ou até bilhetes e cartas esquecidos nas páginas", conta.

O serviço de empréstimos trouxe mais conforto para pessoas como Flávio Alves. Com uma doença degenerativa que o deixa com visão subnormal, ele precisa que os livros sejam adaptados. Flávio mora no município da Barra de Santo Antônio e já viajou, pelo menos duas vezes, para alugar histórias infantis para ler para filho.

"Acho que o arquivo de livros ampliados ainda é pequeno comparado aos em braile. Quem tem visão subnormal até pode utilizar lupas para ler algo, mas além de não ser ideal, pode não funcionar. É preciso que o livro seja adaptado", explicou.

O lançamento do serviço de aluguel de livros na Biblioteca Estadual Graciliano Ramos chamou atenção da mídia na época, afinal, o equipamento cultural era centenário e nunca havia ofertado serviço básico. A notícia foi amplamente divulgada. Porém, tanto a coordenadora da biblioteca Mira Dantas, como o doutor em Sociologia Edson Bezerra atribuem a baixa procura a falta de conhecimento do serviço.

"Foi divulgado na época, mas depois foi esquecido. A biblioteca é um sintoma de como cultura é tratada. Em Alagoas, a cultura não é pensada como integração e sociabilidade. Não existe uma democratização em equipamentos culturais", afirmou Edson Bezerra.

A estudante de medicina de Ariadna Damasceno é dessas pessoas. Antes de a reportagem da Gazetawebentrar em contato com a estudante, ela nunca tinha ouvido falar sobre serviços ofertados na Graciliano Ramos. Como outros jovens leitores, Ariadna costuma ler livos on-line, acessar bibliotecas virtuais ou baixar o PDF dos livros.

"Eu normalmente pego emprestado de amigos ou leio na internet. Eu só compro meus livros favoritos, pois apesar de eu amar ler, eu não tenho dinheiro pra comprar eles".

PARA QUEM QUER SE TORNAR LEITOR

Para se tornar um usuário do serviço gratuito de aluguel de livros, bastar comparecer a recepção da biblioteca munidos de CPF, RG e comprovante de residência atualizado.

O cadastro não é restrito apenas a alagoanos, mas só é concedido para quem reside no estado. Para os menores de 18 anos, o cadastro deve ser feito pelos pais ou responsáveis.


				
					Serviço de empréstimo de livros ainda é desafio para Biblioteca Graciliano Ramos
FOTO: Tais Albino

Os usuários podem levar para casa até três livros de cada vez e deve ser devolvido após oito dias, havendo a possibilidade de prorrogação. Se o livro for perdido ou danificado, o usuário deve repor o exemplar igual ou da mesma área do conhecimento à coleção da biblioteca.

O acervo completo da Graciliano Ramos chega aos 75 mil títulos, no entanto, coleções de obras raras e livros com poucos exemplares só podem ser consultados na própria biblioteca e não fazem parte do serviço de empréstimo.

A biblioteca Graciliano Ramos é localizada na Praça Dom Pedro II, conhecida como Praça da Catedral, ao lado da Assembleia Legislativa de Alagoas, no Centro.

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