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Primeira-dama de Maceió conta em entrevista como venceu o câncer

Matéria foi publicada na Gazeta de Alagoas deste domingo; confira abaixo na íntegra!

Esta é uma história que começa em Outubro de 2015. A rotina da advogada Tatiana Araújo Alvim Palmeira, então com 38 anos, estava voltando ao normal. Há um mês e meio, ela tinha tido Isabele, sua segunda filha. Após uma gestação supertranquila, amamentava o bebê, retomava suas atividades físicas e profissionais, e, aos poucos, reassumia os compromissos relativos ao cargo de primeira-dama de Maceió. Porém, entre um evento e outro, Tatiana percebeu, de repente, que duas veias do seu pescoço estavam mais sobressalentes do que o normal. Cismada, consultou o obstetra, achando tratar-se de algo referente à gestação ou ao parto. O profissional a orientou a procurar um angiologista. Após esse episódio, contudo, em um olhar mais atento ao corpo, a brasiliense - filha de mãe paraibana e pai alagoano, que veio morar em Maceió aos 16 anos para acompanhar sua família -, começou a perceber-se magra demais. "Estava mais magra do que no começo da gravidez", recordou.

Em uma quinta-feira, apenas alguns dias depois dessa consulta ao obstetra, Tatiana Palmeira participou do lançamento do Outubro Rosa como primeira-dama de Maceió. O evento é dedicado à prevenção do câncer feminino. Em seguida, em um aniversário íntimo, mostrou a uma amiga e comadre às veias que começaram a lhe incomodar. Da conversa, saiu a foto que foi tirada para mostrar ao irmão da amiga, que é médico. Assim que o profissional viu a imagem, a primeira-dama foi aconselhada a fazer, o mais rápido possível, uma tomografia do tórax e do pescoço. Na segunda-feira, acompanhada de Stela, a mesma amiga, ela foi a um hospital, localizado no bairro da Gruta de Lourdes, em Maceió, e se submeteu ao procedimento. Poucos minutos depois, os médicos que realizaram o exame a chamaram para conversar. "Apareceu uma massa no seu exame, e nós acreditamos que seja um linfoma. Ouvi aquilo, mas demorei um pouco para entender o que estava acontecendo...", recorda.

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Julho de 2017. Dois anos depois, no começo da noite de uma quinta-feira, dia 12, a primeira-dama de Maceió, Tatiana Palmeira, recebeu a Revista Maré em seu apartamento, no bairro da Ponta Verde, para contar, em detalhes e de forma inédita, o que aconteceu a partir do momento em que descobriu que tinha um câncer no sistema linfático. Em um relato franco e emocionado, ela permaneceu sorrindo a maior do tempo, mas houve momentos, sobretudo quando recordava que precisou deixar as duas filhas - Beatriz, à época com 3 anos, e Isabele, um bebê de dois meses e meio -, e quando, inclusive, foi obrigada a parar de amamentar, em que Tatiana, muito discretamente, se esforçou para conter as lágrimas. Nessas ocasiões, ela disfarçava, limpando suavemente os olhos com um lenço ou intercalava a fala com goles de água.

A conversa, na sala de estar de uma cobertura, durou quase duas horas. Nesse período, ela contou tudo o que passou: como foram os três meses em que permaneceu em um hospital, em São Paulo; as complicações causadas pelas infecções oportunistas; o apoio da família; o mês em que ficou sem ver as filhas. Tatiana Palmeira demonstra ser forte. Ela não tem discurso de quem se vitimiza. Pelo contrário, faz questão de ressaltar que a sua cura foi consequência de quatro fatores: ciência, fé religiosa, otimismo e amor, que precisa ser dado e recebido.

E a exemplificação desses fatores podem ser vistos no seu dia a dia. Na sala de estar de seu apartamento tem um pouco disso tudo. O amor é demonstrado pelos diversos porta-retratos, que congelam momentos de carinho entre ela e seus familiares. O otimismo chega através do poder das cores, retratado pela decoração moderna e colorida. E, em um olhar mais atento, é possível identificar a fé religiosa da católica Tatiana pelas imagens de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e do franciscano Francisco. "Não por coincidência, comecei minha quimioterapia em 12 de outubro, dia em que homenageamos a Padroeira do Brasil. Quando fiquei curada, mandei celebrar uma missa de ação de graças", lembra.

A seguir, conheça um pouco da história da Primeira-dama de Maceió, relatada, com exclusividade, para a Gazeta.

GAZETA:Qual foi sua reação ao saber que estava com um câncer no sistema linfático?

TATIANA PALMEIRA:Eu só chorava. Chorava muito. Só pensava nas minhas filhas, principalmente na Isabele, que era um bebê e só se alimentava do leite materno. Como ficaria ela? Nesse momento, ligamos para a minha mãe, o maior anjo da minha vida, que não estava em Maceió. Foi tudo muito rápido. Era preciso agir rápido. Saber o tipo do linfoma. Fazer uma biópsia. Pela tomografia, já sabíamos que a massa era grande, de 8 por 9 centímetros, e ficava no mediastino - uma espécie de vazio entre o coração e o pulmão - onde fica um órgão chamado timo.

GA: Quando você decidiu se tratar em São Paulo?

TP: Nesse primeiro momento já decidimos ir. Foi quando os médicos disseram que aqui em Maceió demoraria muito, de 10 a 15 dias, para sair o resultado da biópsia para, assim, poder iniciar o tratamento, enquanto que em São Paulo poderíamos abreviar o período para 3 dias. Os médicos disseram, também, que eu poderia ter complicações graves pela compressão que a massa tumoral estava fazendo. Ligamos para os meus pais, meus irmãos, para o Rui (Rui Palmeira, prefeito de Maceió). Decidimos que minha mãe teria que voltar imediatamente para Maceió para ficar com as meninas. Minha amiga, que é outro anjo na minha vida, ia falando por mim. Eu só chorava? Não parava de pensar na Isabele. Eu estava dando de mamar... Minha amiga agilizou toda a parte prática. Viajamos no dia seguinte, de manhã cedinho, eu e Rui.

GA: A Isabele foi com vocês?

TP:A princípio eu levaria a Isabele. Até uma amiga se disponibilizou para tirar licença do trabalho e ficar com ela. Mas, diante da gravidade do quadro clínico detectado, precisei ir direto para o hospital e ficar lá. Não teria como manter um bebê nessa situação.

GA: Assim que você chegou em São Paulo, o que foi feito?

TP: Tomei uma injeção anticoagulante para afinar o sangue e não levar trombo para o pulmão e para a cabeça. Depois, me submeti a um monte de exames, inclusive a biópsia. Para você ter ideia, para fazer a biópsia você tem que tomar anestesia geral. Você para de respirar porque é um lugar muito delicado, colado ao coração. Depois fiz um outro procedimento cirúrgico para colocação do cateter. Enfim, entrei no hospital e só saí 15 dias depois do ciclo da primeira quimio. E comecei o tratamento em 12 de outubro, Dia de Nossa Senhora Aparecida. Aí virei sua devota.


			
				Primeira-dama de Maceió conta em entrevista como venceu o câncer
FOTO: Felipe Brasil

GA:Como foi sua estadia em São Paulo?

TP: O Rui precisava ficar indo e voltando. Minhas amigas ficavam revezando para ficar comigo. A quimioterapia que fiz é uma terapia onde você fica cinco dias ligada com uma bomba de fusão de quimio. Então, quando fazia 24 horas, a quimio era trocada e eu era liberada para tomar banho. Imediatamente depois, voltava a ficar conectada. Entre um ciclo e outro há um intervalo de 21 dias.

GA: Nesses períodos de 21 dias, você voltava para Maceió?

TP: Não, alugamos um apartamento em São Paulo e a família se mudou para lá. Com um mês do descobrimento da doença, as meninas foram para lá. Eu não poderia vir porque, por causa do tratamento, fiquei com a imunidade muito baixa. E aí, o maior risco é você ficar doente e não conseguir mais ficar boa. Termina acontecendo o pior não exatamente pelo câncer, mas, sim, pelas doenças oportunistas. Eu, por exemplo, tive pneumonia depois do segundo ciclo e precisei ser internada de novo. Por causa da variação de tempo ser constante em São Paulo, as meninas também terminaram ficando doentes. Lembro que a Bia, dos 45 dias que passou lá, passou 42 tossindo. A Bele precisou ir duas vezes ao hospital infantil, com febre de 39 graus. Por isso, no Natal, a gente voltou para cá.

GA:E os efeitos colaterais? Foram muito fortes?

TP:Tive pneumonia, depois tive uma sinusite. Por causa dessa sinusite tive uma tosse muito forte. Não conseguia parar de tossi. Era muita tossi e elas eram muitos fortes. Foi quando comecei a sentir umas dores por aqui (passando as mãos na região da coluna). Eu cheguei a fraturar duas costelas de tanto tossir.

GA:E o seu cabelo, lembro que você usava o cabelo bem comprido. Você cortou ou esperou que ele começasse a cair?

TP: Primeiro eu cortei chanel. Depois, quando começou a cair, eu raspei. Confesso que achava que iria ser mais doloroso, mas isso é uma questão muito pessoal. Para mim o mais importante, mesmo, era ficar curada. O cabelo voltaria a crescer. Uma coisa boa foi que descobri que tinha uma careca muito bonita (risos). Aliás, uma cabeça.

GA:Então, foi positivo, pois a senhora se sentiu bonita.

TP: Sim. Eu preciso falar para as mulheres sobre a questão da autoestima. Uma das amigas que estava cuidando de mim chegou a dizer que, às vezes, eu lhe dava uma lição. Olha, quando eu podia sair para comer no restaurante do hospital, eu ia muito produzida. Me arrumava toda. Me maquiava. Botava um lenço bem bonito. Quanto mais você se sentir bem com você, aceitar a situação, o desafio que está na sua frente, será melhor para você. Eu entrava na internet. Pesquisava como fazia amarração de lenço, trança..

GA: Você ocupava sua mente com coisas positivas.

TP: Exatamente. Ás vezes ficava um tempão ouvindo música, lendo, assistindo um filme.

GA: Qual foi o momento mais difícil disso tudo:

TP:Acho que o momento mais difícil foram os primeiros dias. Na verdade, você perde o chão. Você meio que não acredita. São momentos que você espera que não acontece com você, mas, ao mesmo tempo, você descobre uma força que não imaginava que tinha. Não fiquei desesperada. Fiquei com muito medo, muita aflição, muita angústia. A parte mais difícil foi ir para São Paulo e deixar as meninas.

GA:Esse medo foi de não conseguir sobreviver, não é isso?

TP: É de tudo. De uma forma imediata, não era nem isso diretamente. Era de deixar a minha filha que estava amamentando. Era como se fosse um abandono involuntário. Ao mesmo tempo que isso foi o que mais me fragilizou, foi o que me deu mais força. Eu dizia assim: não é possível que Nossa Senhora me deu uma filha tão perfeita para não poder cuidar dela. Eu dizia muito isso porque acreditava nisso. Pelo que a médica fala, eu desenvolvi a doença enquanto estava grávida. E que felicidade não ter descoberto enquanto ela estava na minha barriga. Isso seria um trauma. Eu pensava: vou ficar boa para cuidar das minhas filhas.

GA: Elas ficaram aqui em Maceió sob os cuidados de sua mãe, não foi?

TP: O Rui foi um supercompanheiro. Ficava indo e voltando. Pegava na minha mão e dizia você vai ficar boa. Vamos juntos conseguir vencer! Com as meninas, ele é muito criativo. Inventava (e inventa) muitas histórias para elas dormirem. Mistura trezentas histórias numa só? Minha mãe nem se fala. A minha mãe se mudou para minha casa para cuidar delas.

GA:A que fator, ou que fatores, você atribui a cura?

TP:Em primeiro lugar, a fé, as mãos de Deus. Tudo tem um propósito para sua vida, para você crescer, para você evoluir. Falei isso na Missão de Ação de Graças que mandei celebrar em fevereiro de 2016, quando foi anunciada minha cura e voltei para Maceió. Na época, quando Rui postou nas redes sociais dizendo o que estava acontecendo, fiquei muito feliz e me senti muito fortalecida com a corrente de solidariedade do ser humano. Foram amigos que não estavam tão próximos e se reaproximaram; minhas amigas especiais e minha família que fizeram revezamento para não me deixar sozinha no hospital; pessoas que não me conheciam, mas que mandavam dizer que estavam torcendo por mim. Ou seja, o amor, o afeto, também cura. E, claro, a ciência, a medicina, além do otimismo, da positividade, da força anterior..

GA:Depois da cura, se encara a vida de outra forma? O que foi que mudou na sua vida?

TP:Quando um episódio desse acontece, você muda a sua vida. Eu tinha um cotidiano muito corrido, trabalhava muito. Aí você começa a refletir sobre qualidade de vida. O quanto vale a pena correr, tanto é que, quando estava no hospital, comecei a descobrir outros interesses. Mexendo na internet, descobri a consultoria de estilo. Isso fez com que meu olho brilhasse. Serviu de estímulo para mim. Fiz um curso de formação, em junho do ano passado, em São Paulo, e estou começando a atuar na área. Eu tenho duas mensagens de lição para as mulheres: se cuidem e deixem ser cuidadas. Nós temos uma coisa, no piloto automático, de sermos donas de casa, cuidar dos filhos? Enfim, super em tudo, mas ela, o cuidar dela, estar sempre no final da lista, em todos os momentos. É preciso se cuidar e deixar ser cuidada. Servir e deixar ser servida.

GA:A senhora ainda faz exame de rotina?

TP:Faço a cada seis meses. Fiz em março e vou fazer de novo em setembro. Farei nos próximos cinco anos para não ter recaída.

GA: Por que a senhora decidiu tornar a história da sua doença pública?

TP: Para desmistificar tudo isso. Para frisar que você é normal. Todos nós, seres humanos, somos de carne e osso, com momentos bons e ruins, com conquistas e decepções. Nessa vida é preciso manter o otimismo e a estima e acreditar na sua fé. Passei a usar a seguinte frase: "Não precisa ser fácil, é preciso apenas ser possível e acreditar em Deus".

  • Primeira-dama de Maceió, Tatiana Palmeira, conta como foi o processo na luta contra o câncer.
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