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Preso em operação cita propina a governador interino do RJ; ele nega

Depoimento é de preso em outra fase da operação, que trabalhava em empresa que teria participado de esquema de corrupção.

Um depoimento para a Operação Catarata, que investiga supostos desvios em contratos de assistência social no governo do estado e prefeitura do Rio, indica o pagamento de propinas para o governador em exercício do Rio, Cláudio Castro (PSC). O MP diz, entretanto, que ele não é investigado pelo órgão, por questões de foro. O governador nega irregularidades.

O depoimento é de Bruno Salem, ex-funcionário de uma empresa que, segundo investigadores, era usada para fraudar licitações. Salem foi preso em outra fase da operação, no ano passado.

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Vários dos investigados na operação também têm relações com o atual governador, mesmo antes dele assumir o executivo estadual.

Desde que o governo Witzel começou, em 2019, o então vice-governador Cláudio Castro abrigou em seu guarda-chuva órgãos da administração estadual, como o Detran - o departamento de estradas e rodagens - e a Fundação Leão XIII, alvo da operação desta sexta (11).

Depois da primeira fase da Operação Catarata, em julho do ano passado, a ex-secretária de assistencia social do governo Witzel, Fabiana Bentes, chegou a pedir uma intervenção na fundação - que nunca aconteceu.

A Leão XIII só saiu da vice-governadoria esta semana, já com Cláudio interinamente no governo do estado - e voltou a ser subordinada à Secretaria de Assistência Social.

As investigações sobre corrupção na Fundação Leão XIII apontam a proximidade de alguns denunciados com o governador em exercício tanto em nível municipal quanto estadual.

Uma foto mostra Cláudio reunido com o secretário de Educação, Pedro Fernandes, em uma mesa com cervejas. Pedro foi preso na operação desta sexta. Pedro foi preso, segundo o MPRJ, por ações durante sua gestão na Secretaria Estadual de Tecnologia e Desenvolvimento Social nos governos de Sérgio Cabral e de Luiz Fernando Pezão ? antes de assumir a Educação do RJ a convite de Wilson Witzel.

A Fundação Estadual Leão XIII, alvo da investigação, era vinculada à secretaria de Pedro. A investigação afirma que o secretário ficava com 20% do valor de contratos assinados - tudo dinheiro de propina, segundo o MP.

Ao receber voz de prisão, Pedro Fernandes apresentou um exame positivo de Covid-19, o que transformou a prisão preventiva em domiciliar.

O homem de blusa azul - que não aparece na foto - é, segundo as investigações, João Marcos Borges Mattos, apontado como o "homem da mala" de Pedro Fernandes pelos investigadores.

Em outra foto, o atual governador e João Marcos conversam juntos sentados num sofá.

Quem também estava na sala e tira a foto, segundo os promotores, é Flavio Chadud - dono da Servlog - uma das empresas investigadas pela operação no esquema de fraudes em licitações.

Em depoimento aos promotores, Bruno Selem, ex-funcionário da Servlog, afirmou que ocorriam reuniões no apartamento de Flavio Chadud e que compareciam Pedro Fernandes, o empresário Marcus Vinicius da Silva, dono da empresa Riomix, João Marcos Mattos, Sergio Fernandes, e também Claudio Castro, quando ainda era vereador do Rio.

Segundo o depoimento, havia confraternização, mas nos encontros, os citados falavam também de acertos de propinas e faziam contas.

Cláudio Castro foi vereador do Rio entre 2017 e 2018 - antes de assumir a vice-governadoria do estado quando Wilson Witzel se elegeu.

Em outro trecho da denúncia, Bruno Selem disse que conhece um homem de nome Anderson, vinculado ao vereador Cláudio Castro.

Segundo Bruno, Anderson era assessor de Cláudio e orientava Bruno para que o projeto Qualimóvel municipal fosse realizado em determinadas paróquias religiosas a pedido do vereador Cláudio Castro. O projeto oferta serviços voltados à prevenção, promoção e manutenção da saúde para idosos a partir de 60 anos, em unidades móveis.

Bruno afirmou ainda que Claudio tinha o apelido de "Gago" e que o agora governador em exercício recebia propinas e conseguia vantagens políticas com o projeto Qualimóvel municipal.

Nos autos da investigação, há mensagens de Anderson orientando Bruno Selem sobre a execução do projeto social municipal Qualimóvel, precisamente os locais em que deveria ser executado, definindo os dias e as paróquias católicas, tais como - Nosso Senhora das Graças, em 10 de março de 2018; Santa Rita, em 14 de abril de 2018 e Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio, em 11 de março de 2018.

Um dos denunciados na operação desta sexta (11) é Marcus Vinicius Azevedo da Silva. Ele é dono da empresa Riomix que, segundo os promotores, também participava das fraudes nas licitações tanto do estado como do município.

Marcus Vinicius é funcionário público, da Prefeitura do Rio e foi cedido durante um tempo para a Câmara dos Vereadores para trabalhar no gabinete do então vereador Cláudio Castro.

Os promotores afirmam que Marcus Vinicius é o principal parceiro do empresário Flavio Chadud, preso nesta sexta

Como funcionário da prefeitura, ele atuou como pregoeiro de licitações de projetos sociais assistenciais municipais quando a Servlog Rio - empresa de Chadud - saiu vencedora com valor final quatro vezes maior do que o previsto inicialmente.

Nas contratações do estado, a Riomix participou de licitações fraudulentas apenas, segundo os promotores, para dar a aparência de competitividade, uma vez que tanto ele quanto Chadud já tinham idealizado e articulado para que a Servlog Rio saísse vencedora e fosse contratada.

Em troca de mensagens obtida pelos investigadores, Marcus Vinicius avisa a Claudio Castro, em 2016:

Marcus Vinícius: Aniversario do Flavio Chadud: churrasqueira do condomínio sábado 25 de junho às 14 horas.

No dia do churrasco, Marcus Vinicius volta a avisar a Cláudio:

Marcus Vinícius: "Irmão, parei dois minutos no shopping pra comprar uma lembrança pro Flavio e já já encosto".

Cláudio: "To indo pra lá. Putz, não comprei nada. Vai ficar frio né?"

Marcus Vinícius: "Besteira isso, amigo. Ele nem liga pra isso".

Segundo os promotores, a relação entre os dois é anterior - desde a época em que Castro trabalhava na Assembleia Legislativa do Rio.

O atual governador em exercício foi chefe de gabinete do deputado estadual Marcio Pacheco, também do PSC.

Na mesma conversa de whatsapp, Claudio faz uma pergunta:

Cláudio Castro: "Paz, irmão, tá no Downtown?"

Marcos Vinícius: "Oi, irmão. Não. Prefeitura".

No Dowtown, shopping na Zona Oeste do Rio, fica a sede da Servlog, empresa de Flavio Chadud. Alvo de busca e apreensão nesta sexta, o local foi apontado pelos procuradores como o "QG" da quadrilha.

Na denúncia, os promotores afirmam que Cláudio Castro não figura como denunciado, não lhe sendo imputada a prática de qualquer crime.

Pela função que exerce hoje, o governador em exercício tem foro privilegiado e investigações contra ele devem ser tocadas pelo Ministério Público Federal.

Segundo o promotor Cláudio Calo, o governador não é investigado na investigação desta sexta.

"Em nenhum momento se diz que ele não é investigado. Ele não é objeto dessa investigação. Dessa investigação de hoje, ele não é objeto, porque os promotores não tem atribuição de investigar vice-governador. Se ele é investigado em outro procedimento para quem tem, não temos informações.(...) Desta investigação que teve a denúncia, ele não é objeto e não poderia ser porque tem foro", explica.

O RJ apurou que Bruno Selem afirma que já após ser eleito vice-governador, Cláudio Castro, teve um encontro com ele para pedir as planilhas da Fundação Leão XIII pra que pudesse calcular o quanto poderia ser arrecadado quanto propina.

Há provas também, segundo outras fontes, de que Cláudio Castro teria cobrado dinheiro da quadrilha dos empresários Flavio Chadud e Marcus Vinicius da Silva.

Outros diálogos

Em 8 de julho de 2016 - o então candidato a vereador, Cláudio Castro, pergunta a Marcus Vinicius em mensagens:

Cláudio Castro: "Bom dia irmão. Alguma novidade do pagamento da turma? Mais uma vez perdão por te cobrar".

Em setembro, Marcus Vinicius afirma:

Marcus Vinícius: "Veja a mensagem da mara... Vai precisar declarar, mas só pra blindar."Ou seja, precisamos de cpf com lastro e aí ela faz o resto".

Cláudio: "Sem problemas isso.Eu resolvo. Tenho uma pessoa. Tenho um amigo até 83 mil".

No fim de setembro, Claudio Castro cobra de Marcus:

Cláudio Castro: "Opa, como foi lá?"

Marcus Vinícius: "Ele está apertado eu consigo 9. Flavio se aperou com um socorro não previsto. Eu o entendi."

Cláudio Castro: "Claro.É assim mesmo. E ele já me ajudou muito. Sou muito grato."

Flavio seria o empresário Flavio Chadud, um dos presos na operação desta sexta. Depois de ser eleito vereador, Marcus Vinicius enviou uma nova mensagem a Cláudio Castro.

Veja o que for melhor para você e pro Marcio. Sou soldado. Obedeço ordens. E agora sou do grupo que vocês comandam. Brincadeiras a parte comigo pro que precisarem compor.

O que dizem os citados

O governador em exercício Cláudio Castro informou que não é objeto desta investigação.

Disse ainda que teve uma relação empresarial com Marcus Vinícius, que gerenciava a carreira musical dele, e depois foi seu assessor na Câmara de Vereadores.

Cláudio Castro afirmou também que Marcus Vinicius virou seu desafeto depois de ter um contrato rompido pela Fundação Leão XIII em janeiro do ano passado. O governo do estado disse que a investigação começou na controladoria geral e investiga contratos da gestão anterior. Acrescentou que a ação de hoje mostra que o governo estadual tem o maior interesse de que os fatos sejam investigados e que o projeto sob suspeita foi suspenso.

A assessoria de Pedro Fernandes disse que ele confia que tudo será esclarecido o mais rápido possível e que a inocência dele será provada.

A defesa de Cristiane Brasil, também presa nesta sexta, criticou o fato de a operação ser feita só agora, quando ela é pré-candidata a prefeita e disse que a busca contra ela é desproporcional.

A Prefeitura do Rio disse que não tem contrato vigente com a Servlog Rio Consultoria e Assessoria Empresarial e não vai se pronunciar sobre projetos e gestões anteriores.

O ex-deputado Sérgio Fernandes disse que como advogado encara com tranquilidade a denúncia do Ministério Público, já que tem todas as provas sobre sua inocência, sempre se colocou totalmente à disposição das autoridades e considerou a prisão sem justificativa e desnecessária.

A defesa de Flávio, Mário e Marcelle Chadud disse que eles não tiveram direito a prestar depoimento e colocar as versões nos autos.

Marcus Vinicius Azevedo não quis se posicionar.

A defesa de João Marcos Borges Mattos afirmou que a prisão foi totalmente desnecessária e que as medidas legais já estão sendo tomadas.

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