Vencedora do Grupo de Acesso no ano passado, a Unidos de Peruche abriu a segunda e última noite de desfiles do Grupo Especial de São Paulo neste sábado (6). A tradicional escola, que completa 60 anos, escolheu o centenário do samba como enredo para marcar sua volta à elite após cinco anos.
No Grupo Especial, a Peruche é tricampeã: 67, 66 e 65, quando dividiu o título com a Nenê de Vila Matilde.
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A escola da Zona Norte entrou na avenida às 23h, com uma comissão de frente vestida de instrumentos e uma alegoria com a icônica figura do malandro. Apesar do samba marcante e com refrão forte, a escola não levantou muito o público, que acompanhou o desfile de forma discreta.
Musa expulsa do desfile
O desfile teve um incidente envolvendo Ju Isen, conhecida como "musa das manifestações", que saiu na escola como musa. Ela tirou a parte de cima do macacão da fantasia e ficou com os seios à mostra no meio da avenida porque foi proibida de usar um tapa-sexo com uma caricatura da presidente Dilma.
Ju teve que ser retirada da avenida, o que prejudicar a escola no quesito evolução. Ela foi expulsa do desfile pela diretoria.
Outros integrantes da escola também foram retirados do desfile porque estavam com as fantasias incompletas, o que poderia tirar pontos da Peruche.
Alegorias
O abre-alas celebrou a raiz negra do samba e trouxe integrantes lutando capoeira. A bateria se fantasiou de arlequim, homenageando o compositor Benito de Paula e sua composição "Retalhos de cetim".
A segunda alegoria, com muitas cores, trouxe uma Carmen Miranda gigante para mostrar que a cantora portuguesa foi a responsável por criar no exterior a imagem do Brasil como país do samba.
Alas musicais
As alas foram inspiradas em clássicos do samba, como "As rosas não falam", "Folhas secas" e "O rio que passou em minha vida". Poucas delas se destacaram pela fantasia, mas várias eram coreografadas, o que deu movimento ao desfile.
Uma das mais bonitas representava "O bêbado e o equilibrista", clássico de Aldir Blanc eternizado na voz de Elis Regina. Outra, composta por 82 atores, teatralizou a perseguição aos sambistas na ditadura militar.
A velha guarda vem no terceiro carro, um dos melhores da escola. Ele retratou os bares, ponto de encontro de sambistas e poetas.
A alegoria homenageou as figuras de Noel Rosa, Cartola e Adoniran Barbosa, em esculturas gigantes. Dentro do carro, casais dançaram gafieira. Um telão projetou imagens de grandes sambistas.
O último carro trouxe os sambas-enredo que marcaram os carnavais de São Paulo. A Peruche encerrou o desfile à meia-noite, com 1h03, dentro do tempo regulamentar.
Disputa
Sete escolas desfilam neste sábado (6), segundo e último dia de desfile do Grupo Especial de São Paulo: Unidos do Peruche, Império de Casa Verde, Acadêmicos do Tucuruvi, Mocidade Alegre, Vai-Vai, Dragões da Real, X-9 Paulistana. Assista a vídeo interativo sobre os enredos.
Na noite anterior, se apresentaram no Anhembi Pérola Negra, Unidos de Vila Maria, Águia de Ouro, Rosas de Ouro, Nenê de Vila Matilde, Gaviões da Fiel e Acadêmicos do Tatuapé.
O G1 faz a cobertura completa do desfile em tempo real em texto, fotos e vídeos.
Cada uma das 14 escolas tem tempo mínimo de 55 minutos e máximo de 65 minutos para percorrer toda a extensão da avenida.
São 9 os quesitos julgados: comissão de frente, mestre-sala e porta-bandeira, enredo, samba enredo, fantasia, bateria, alegoria, harmonia e evolução. Para cada quesito, são 4 os jurados, que podem dar notas de 8 a 10 fracionadas em décimos. A menor das 4 notas é descartada.
A campeã do carnaval de São Paulo será conhecida na terça-feira.