O Ministério Público Federal do Amapá (MPF) deu inicio as investigações, após a morte de um indígena e a invasão de garimpeiros em terras indígenas do povo Waiãpi.
No sábado (27), o órgão informou está acompanhando o desenrolar dos fatos junto com a Polícia Federal (PF) e representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai).
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Ainda de acordo com o MPF, agentes da PF e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM) se dirigiu até a área na noite de sábado, localizada no município de Pedra Branca do Amapari, no oeste do estado, "para evitar o agravamento do conflito".
Por meio de nota, a Funai confirmou a presença de invasores e o alto clima de tensão na região Waiãpi. A entidade estima, com base em relatos de indígenas, que entre 10 a 15 "não-índios", portando armas de fogo de grosso calibre, estão nas imediações da aldeia Yvytotõ.
"Com base nas informações coletadas pela equipe em campo, podemos concluir que a presença de invasores é real e que o clima de tensão e exaltação na região é alto", relatou a Funai.
Os índios, ainda de acordo com a Funai, se concentram na aldeia Mariry, distante cerca de 40 minutos de caminhada da Yvytotõ. O órgão orientou que os indígenas evitem qualquer tipo de contato com os invasores, com objetivo de evitar acirramento dos ânimos.
A Funai também falou sobre a denúncia de morte do indígena Emyra Waiãpi, no dia 23 na Aldeia Mariry, e disse que precisa de mais informações sobre o caso. Segundo relato do vereador Jawaruwa Waiãpi (Rede), indígena da região, a vítima era uma liderança do povo.
"Com relação à denúncia apresentada pelo indígena Aikyry Waiãpi, acerca da causa da morte de seu pai, Emyra Waiãpi, no dia 23 na Aldeia Mariry, esta foi motivada por ataque dos não-índios tratados neste memorando, porém necessitamos de mais informações sobre o assunto, não sendo possível levantar sem ir até o local em que está ocorrendo a invasão, cujo acesso se dá por um trecho de via terrestre (veículo), um trecho via fluvial e mais um trecho via terrestre à pé", diz a nota.
A denúncia foi relatada por ele ao senador Randolfe Rodrigues (Rede). O parlamentar, em vídeo nas redes sociais, informou que acionou a Polícia Federal e o Exército para que enviem militares e evitem confrontos.
Numa rede social, Silvia Waiãpi, que é da mesma etnia e hoje chefia a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Governo Federal, publicou que acionou também as forças de segurança para atuar no local do suposto confronto.
Pronunciamento em entrevista coletiva
Representantes do MPF, Ministério Público Estadual (MPE), Exército Brasileiro e Secretaria de Segurança Pública irão se reunir ainda neste domingo (28) para planejar a atuação conjunta dos órgãos na resolução do conflito. Após o encontro, uma entrevista coletiva está marcada para acontecer às 12h, para atualizar a situação na terra indígena.