Mesmo com o avanço da tecnologia, os seis faróis náuticos administrados pela Marinha em Alagoas ainda são o principal meio de orientação de pescadores e marinheiros que navegam pelos 229 quilômetros do litoral alagoano. Apesar dos radares e do GPs, as torres funcionam diariamente em perfeito estado, mesmo com equipamentos centenários.
O farol é uma estrutura fixa montada em ponto estratégico, com equipamento luminoso exibindo uma luz com característica pré-determinada e com alcance superior a 10 milhas (ou 16 quilômetros). Os faróis são mantidos por todas as nações devido à sua importância para a navegação. Cada um possui características específicas que podem ser conhecidas por meio da carta náutica, documento essencial nas embarcações.
Leia também
Em Alagoas
Os faróis existentes em Alagoas estão localizados no Pontal do Peba; na foz do Rio São Francisco, em Piaçabuçu; Pontal de Coruripe, em Coruripe; Praia do Gunga, em Roteiro; um na Praia da Ponta Verde e outro no bairro do Jacintinho, em Maceió; e o último em Porto de Pedras.
O sargento Alessandro, da Marinha do Brasil, é o responsável pelo funcionamento de todos os faróis instalados Alagoas. Ele afirma que a manutenção é realizada periodicamente para evitar possíveis falhas nos equipamentos.

"O GPS e todas as outras tecnologias podem falhar. Por ser um equipamento, em tese, infalível, todos os países mantêm seus faróis ativos no mundo inteiro. Sua 'leitura' é universal e cada um possui características únicas, o que ajuda o marinheiro a se orientar em alto mar", explica.
O militar reforça que muitos pescadores em Alagoas utilizam os faróis para orientação em alto mar. Eles, inclusive, avisam à Marinha quando a luz está enfraquecida e a troca em providenciada. "Nós temos uma programação pré-estabelecida de manutenção, mas às vezes a lâmpada perde sua potência e são os próprios pescadores que nos avisam sobre o problema, que é sanado imediatamente. Hoje, tenho a satisfação em dizer que, desde que assumi a função aqui em Alagoas, não há registro de avaria nos equipamentos. Operamos em quase 100%", contou.
Muitas pessoas têm curiosidade sobre como efetivamente funciona os faróis. Atualmente, eles são acionados automaticamente por eletricidade por fotos-sensor que, ao detectar baixa luminosidade, ativa o equipamento. Mas, o sargento Alessandro garante que há mais duas formas de acionamento existentes que são utilizados em casos de emergência, quando a primeira alternativa venha, se for o caso, a falhar.

"Todos os nossos faróis funcionam à base de luz elétrica, mas, em caso de falta de energia, duas baterias suprem a necessidade mantendo o equipamento em funcionamento. Mas, vamos supor que as duas alternativas falhem, então, o funcionamento passa a ser mecânico. Um pêndulo preso em uma corrente de ferro, de aproximadamente 50 quilos, percorre toda a altura do farol e ao descer, faz com que as lentes girem", esclarece o militar.
O sargento Alessandro diz ainda que, no caso do mecânico, a cada 4 horas, o marinheiro puxa o pêndulo para cima, para que ele retome todo o processo.
Os faróis são compostos por fontes luminosas ( lâmpadas) e lentes que giram em entorno dela. A cada rotação a luz "pisca" por um determinado tempo e volta a piscar, já na cor encarnada. O conjunto 'cor e tempo' são diferentes para cada farol, são as características únicas e exclusivas de cada estrutura.
Farol de Maceió
O Farol de Maceió começou a ser planejado em 1830, quando o projeto foi aprovado e sua instalação inicial seria nos recifes do Jaraguá, mas devido aos altos custos de aterramento do local, o projeto foi transferido para o Alto de Jacutinga, próximo a Catedral Metropolitana de Maceió.
A construção, então, só teve início em 1851, após liberação de recursos federais e só entrou em funcionamento em 1º de janeiro de 1857. Rapidamente a imponente construção se transformou numa referência para a cidade. A região onde o farol foi construído deixou de ser o Alto do Jacutinga para ser conhecida como o Alto do Farol. Foi então que nasceu o bairro do Farol.
Após 50 anos, o monumento passou por uma grande reforma, no ano de 1916, quando recebeu um aparelho de luz dos fabricantes Barbier, Bernard e Turenne (BBT), de Paris. Já em 1937, o farol recebeu luz elétrica, sendo o primeiro do Brasil.

Em 1949, após 70 horas de chuvas ininterruptas sobre Maceió, parte o morro do Alto do Farol desabou, pondo em risco a estrutura do monumento. Dois anos depois, um novo foi erguido no bairro do Jacintinho após a doação de um terreno.
Hoje, com 26 metros de altura, o Farol de Maceió é um dos mais eficientes do país e está a 68 metros do nível do mar. Sua luz tem alcance de 43 milhas (80 quilômetros), na luz branca, e 36 milhas (60 quilômetros) na luz encarnada.
A capital alagoana possui outro farol e está na Praia da Ponta Verde. O farol, que virou cartão postal, possui cerca de 15 metros de altura. Ele serve para orientar os navegantes sobre os recifes na região.
O Farol do Peba, erguido na foz do Rio São Francisco, é o maior de todos os alagoanos: com 46 metros de altura e montado em uma torre de metal.
