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Livro relata a escalada sangrenta de políticos do interior de Alagoas

Máfia das Caatingas, de autoria do jornalista Jorge Oliveira, rememora fase coronelista do Estado

Um grupo de poderosos recrutava pistoleiros para dizimar inimigos políticos no interior de Alagoas e se denominava como Sindicato do Crime. Apesar de digna de um bom filme, essa é a história real de pelo menos um século de disputa pelo poder no sertão alagoano, de acordo com o jornalista e cineasta Jorge Oliveira. Ele reconta a sucessão de tragédias no livro ?Máfia das Caatingas?, que será lançado na quinta-feira (23), em Maceió, e no dia 29, em Arapiraca. Apesar de uma narrativa com elementos de ficção, o jornalista afirma que o livro é um alerta e um registro importante da história de Alagoas para o Brasil atual.

"O famigerado Sindicato do Crime era uma organização poderosa e que era responsável pela eleição de grande parte dos políticos alagoanos. Para sobreviverem no poder, esses políticos contavam com a proteção de coronéis, que geriam os chamados currais eleitorais", explica o escritor.

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O pano de fundo da trama é a miséria agravada nos períodos de seca, quando o esgotamento das mínimas esperanças do povo sofrido do sertão aparecia como oportunidade para políticos autoritários. O jornalista defende que o livro é resultado de uma extensa pesquisa, que revelou como as famílias de Floro Gomes Novais e os Oliveira travaram uma batalha sangrenta e cruel em Olivença.

"Muitos governadores fecharam os olhos para a organização porque dependiam desses currais para se elegerem. Assim ocorriam também com candidatos a deputado, prefeito e vereadores. Quem não lesse na cartilha desses senhores coronéis não tinha o direito de viver. A Justiça, acuada, não agia com medo", diz.

Jorge Oliveira diz que, como jornalista, acompanhou de perto muitos dos fatos marcantes contados no livro. Para basear a grande reportagem, o autor entrevistou Dona Guiomar, mãe de Floro Novais, que relatou como tudo aconteceu entre a família dela e a dos Oliveira. "É uma entrevista inédita, base do livro".

SINDICATO DO CRIME

De acordo com a pesquisa realizada por Jorge Oliveira, o Sindicato do Crime atuava em Santana do Ipanema, Arapiraca, Olivença e Delmiro Gouveia, todos municípios de Alagoas. Ampliando o domínio, o grupo passou a atuar na Bahia e em Pernambuco, respectivamente nas cidades Paulo Afonso e Águas Belas. O jornalista constatou que a organização permaneceu ativa até meados da década de 1980, mas está esfacelada hoje em dia.

"Felizmente. Nesse período, os filhos desses coronéis foram estudar fora e acabaram voltando com outra mentalidade, voltaram mais empreendedores. Ao mesmo tempo os líderes morreram, muitos, inclusive, de causas naturais. Conto no meu livro como viveu e morreu um dos presidentes do sindicato e como foi o seu poder no sertão de Alagoas. A morte desses senhores enfraqueceu o sindicato", relata o escritor.

Jorge Oliveira pontua, no entanto, que o livro relata uma ameaça iminente e que é, na verdade, um alerta para o Brasil contemporâneo e um lembrete sobre governantes que tentam governar pelo medo.

"Não podemos deixar que a memória, mesmo que seja uma memória nociva, morra. É a mesma coisa que acontece com a ditadura militar no Brasil. Você não pode deixar que a ditadura, que foi nociva à democracia, seja esquecida. Caso contrário, estamos fadados a repetir essas histórias", afirma.

"Essa é a história de Alagoas. E se eu estou falando de violência, vingança, sobre a estrutura de uma organização criminosa no interior, eu estou sendo, acima de tudo, didático. Grande parte da população não conhece a própria história", continua o jornalista.

Além de um retrato do que, segundo o escritor, consolidou o poder político de muitas famílias em Alagoas, Jorge Oliveira diz que a história funciona para alertar outros estados.

"O palco é Alagoas, mas não se trata de um assunto regional e exclusivo. Veja o Rio de Janeiro, no lugar de um sindicato, anos depois, surge o escritório do crime. É a mesma coisa nas máfias, no mundo inteiro. O livro é, sobretudo, um alerta", concluiu.

O lançamento em Maceió será na quinta-feira (23), às 18h, no restaurante ELUA, na Jatiúca. Já em Arapiraca, a cerimônia ocorre no Clube do Sesi, no dia 29, às 18h

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