Foi sepultado, na tarde desta quinta-feira (28), no cemitério São José, o corpo do jovem Carlos Henrique Ferreira da Silva, de 19 anos. Familiares, amigos e vizinhos afirmam que ele foi torturado e morto por uma guarnição da Radiopatrulha. A morte ocorreu no domingo (24), na Grota do Estrondo, bairro da Pitanguinha, em Maceió.
O cortejo contou com cartazes e gritos de protestos, onde os amigos e familiares manifestaram desejo por esclarecimentos. Eles alegam que Carlos é uma vítima da polícia. "O Quinho é inocente" e "Quermos Justiça" eram as falas mais comuns.
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De acordo com os moradores do local, essa seria a terceira morte decorrente de ação policial na vizinhança. "É a mesma guarnição da Radiopatrulha que no mesmo dia já tinha realizado homicídio lá na Rua Acre e na Grota do Rafael. Os policiais estavam alterados", disse um dos presentes, que não quis se identificar por medo.
"Eles tão acostumado a fazer isso lá embaixo (na Grota do Estrondo), ali só tem pobre né?", reagiu o pai de Carlos. "A gente deveria se sentir seguro com a polícia, não ter medo", completou ele. Relatos de excesso da força policial na vizinhança vinham de todos que estavam presentes no sepultamento. "Isso aqui não diz quem a gente é", disse um amigo do rapaz, referindo-se à cor da pele.
Uma idosa que mora próximo afirmou ter ouvido os disparos e os gritos de socorro do jovem. "Acordei assustada e, logo depois, me escondi do lado da cama. Eles entram na grota já com truculência. Na região também vive gente boa", contou.
Um amigo que estava junto do rapaz no momento da abordagem narrou àGazetaweb, em condição de anonimato, a sua versão sobre o ocorrido. Após uma abordagem hostil, segundo ele, Carlos Henrique teria sido baleado no peito. Os policiais espancaram ambos e, quando perceberam que o jovem estava ferido, o levaram para um sítio próximo.

"A gente foi tentar socorrer ele (no sítio) e começaram a meter bala de borracha. Havia criança e idosos. Estava cheio de gente. Pediram reforço dizendo que era uma troca de tiro, mas eram eles mesmos atirando", contou a mãe do menino. Ela afirmou ter uma gravação do momento e que o vídeo seria apresentado à Justiça.
Uma equipe de reportagem de TV esteve presente no local onde Carlos teria sido torturado, e encontraram luvas, manchas de sangue, cartuchos de bala e outros indícios de tortura. O Ministério Público de Alagoas (MP/AL) requisitou um inquérito para averiguar as circunstâncias da morte. Por meio da corregedoria, a Polícia Militar disse que já ouviu os familiares do jovem e que as medidas necessárias foram tomadas pela corporação.