Esporte, dança, música, performances teatrais marcam as ações do movimento LGBTI+ que acontecem, neste domingo, no Posto 7, na praia de Jatiúca em Maceió. O evento, coordenado pelo Grupo Gay de Alagoas (GGAL), é uma préva da Parada Maceió 2018, programa para o próximo dia 25 de novembro. Além da parte esportiva, artística e cultural, o movimento se caracteriza também pela defesa dos direitos das minorias e chama a atenção para as mortes violentas de gays, travestir e transexuais pelo País e em Alagoas.
Pela manhã, meninas de diversos bairros da capital participaram com seus times de competição de futebol feminino de praia. A equipe primeira vencedora da competição levou para casa troféu e prêmio em dinheiro no valor de R$ 200,00. Para além da disputa, as jovens atletas amadoras revelavam a importância do esporte para a própria socialização e como meio para se distanciarem da violência e das drogas, que acometem principalmente as grandes cidades.
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"A diferença é que, com o futebol, nos mantemos longe das ruas e fora da violência", pontuava a comerciária Andressa Santos, integrante do time Chama na Manai Futebol Clube (CNMFC). Assim como ela, a jovem Jaynne Vieira também destacava a importância da prática esportiva como visibilidade social. Juntas, elas treinam três vezes pro semana com as demais integrantes do elenco. "É preciso que o futebol feminino seja valorizado", reforçava.
Antes desta competição, meninos e meninas,incluindo transexuais, já haviam participado de disputa de queimada, adotada por eles como "gaymada". Para chamar a atenção do público, os organizadores montaram um varal com fotos de 100 vítimas da violência, assassinados por motivação sexual, entre os quais os alagoanos Alex Vittar e Davu Sifrônio, ambos de 18 anos de idade, mortos no último mês de junho, em Maceió. De acordo com o presidente do GGAL, Nildo Correia, somente esta ano a entidade já contabilizou 19 mortes no Estado, incluindo quatro por suicídio, relacionadas a questão sexual.
Como forma de avançar no combate à discriminação e na proteção da comunidade LGBTI+, o presidente do GGAL informa a abertura de uma casa de passagem com apoio da iniciativa pública e privada, para o próximo mês de novembro. No local, segundo ele, será ofertado moradia provisória e atendimento físico e social, que inclui moradia provisória para gays expulsos de casa e "enquanto se resolve mediação de conflito", além de atendimento com psicólogo, terapeuta e assessoria jurídica.
Rosemary Bernardo, mãe de um garoto transexual, levava para o evento a conscientização para outros homens e mulheres pais, trazidas por ela como participante do grupo nacional "Mães da Diversidade". Ela já havia sentido na pela a violência praticada contra o próprio filho na escola. Hoje, com 15 anos de idade, Isaac Vítor nasceu menina, mas afirmava ter se descoberto transgênero aos 8 anos e assumido sua condição diante da mãe aos 11 anos.
O esquenta para a Parada Maceió 2018 prossegue até a noite deste domingo com apresentações de grupos de dança, DJs e escolha da drag representante do evento. As atividades relativas ao movimento voltam a acontecer em 21 de novembro com casamento coletivo entre pessoas do mesmo sexo.