Na busca pelo corpo apontado como perfeito ou ideal, ou para obter outros benefícios à estética, como o combate ao envelhecimento, algumas pessoas exageram no consumo de produtos comercializados como suplementos alimentares. Eles podem ser compostos de vitaminas, minerais, produtos herbais, extratos de tecidos, proteínas e aminoácidos ou combinações de qualquer destes elementos.
Em uma pesquisa recente, realizada por três instituições ligadas à nutrição, foi constatado que 54% dos jovens que frequentam academia fazem o uso de suplementos alimentares, mas a grande maioria não possui acompanhamento de um profissional. O uso exagerado e sem o monitoramento pode acarretar em uma série de efeitos colaterais no organismo.
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Para alertar os consumidores dos perigos que a ingestão desse tipo de complemento alimentar pode trazer, aGazetawebconversou com nutricionistas, educadores físicos e usuários de suplementos para mostrar os benefícios e os malefícios para quem faz o uso de forma inadequada.
Malefícios
Como a utilização de qualquer substância, os suplementos devem ser administrados de forma moderada e sob os cuidados de um profissional. De acordo com a nutricionista Renata Carnaúba, a utilização dos suplementos deve ser criteriosa, indicada por um profissional após avaliação do paciente, evitando superdosagens ou o uso indevido dos produtos, que podem provocar sérios problemas à saúde.
"O uso indiscriminado de suplementos alimentares somados a facilidade em adquiri-los tem colaborado para um consumo desenfreado e que além de prejuízos a saúde podem também produzir efeitos antagônicos, reduzindo até mesmo o desempenho perante as práticas esportivas. Contudo, muitos atletas que fazem uso desconhecem seus efeitos deletérios e adversos como, por exemplo, quadro de insônia e irritabilidade secundária do excesso de cafeína e a sobrecarga renal devido ao excesso de produtos nitrogenados", explicou.

O estudante de direito, Vitor Litrenta, chegou a utilizar cerca de 8 tipos de suplementos por dia e gastava algo em torno de R$ 600 por mês para ter o corpo em forma. Segundo ele, todo o processo, desde o início até o atual momento, estava sendo acompanhado de um nutrólogo e de uma nutricionista. Hoje, ele reduziu a quantidade diária para 3 tipos e explicou que optou pelo uso de suplementos por dois motivos: alcançar bons resultados na academia e uma forma prática de alimentação, devido à correria do dia-a-dia.
"O suplemento alimentar tem o objetivo de auxiliar o ganho de massa muscular e de substituir algumas refeições que ficam difíceis de ser feitas por causa da rotina. Como eu treino calistenia e faço academia, preciso de força, resposta rápida e ganho. Então os suplementos me ajudaram. Por outro lado, eu trabalho e estudo, portanto tenho uma rotina cheia de tarefas e, para facilitar a minha alimentação, eu utilizava também os suplementos", contou.

Benefícios
O uso regular de suplementos trazem muitos benefícios, principalmente quando acompanhado de exercícios físicos e uma dieta balanceada. De acordo com a personal trainer Jacqueline Pereira, um dos benefícios é o estímulo para a prática de atividades físicas, como também uma recuperação mais acelerada dos músculos, o que permite uma evolução mais rápida e alcançar os objetivos em um curto espaço de tempo. Ela assegura que, para os seus alunos, a orientação é que procure um nutricionista primeiro, para que tenha uma melhor avaliação das necessidades.
"Meus alunos sempre me perguntam sobre quais suplementos devem usar, mas sempre indico que procurem um nutricionista munidos de exames de sangue e urina, para que o profissional saiba onde está a deficiência. A partir daí, faço um trabalho mais específico com cada um", explicou a educadora física.

Para a nutricionista Renata Carnaúba, os suplementos alimentares são substâncias apropriadas para complementar deficiência dietéticas específicas. Entretanto, também são comercializados como substâncias ergogênicas, capazes de melhorar ou aumentar o desempenho físico, ou ainda, com a promessa de prevenir ou tratar problemas de saúde, às vezes, sugerindo uma ideia de "ação mágica" desses produtos.
"Os suplementos não podem ser considerados como alimentos convencionais. O uso de suplementos alimentares é alternativa interessante para determinados tratamentos como, por exemplo, o uso racional dos suplementos alimentares, suplementos alimentares na prática esportiva, pré e pós-cirurgias bariátricas, importância da suplementação de câncer, para gestante e crianças e nutrição enteral como auxilio para a alimentação", complementou.
Compra e fiscalização
A compra de suplementos alimentares em lojas especializadas não possui nenhuma restrição e o consumidor pode adquirir qualquer produto. Os suplementos alimentares por serem alimentos ou adicionais a estes não necessitam de receituário médico para serem adquiridos, mas é preciso que haja bom senso.
A Portaria nº 222, de 24 de março de 1998, do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), regulamenta os alimentos especialmente formulados para praticantes de atividade física e foi criada baseada na necessidade de orientações precisas quanto à suplementação alimentar de pessoas que praticam atividade física, na necessidade de evitar o consumo indiscriminado, visando à proteção à saúde da população e a necessidade de fixar as características mínimas de qualidade. Além disso, todos os alimentos e suplementos estão sujeitos ao controle sanitário da Anvisa através de monitoramentos e fiscalizações.

De acordo com a assessoria da Anvisa, a fiscalização de alimentos, além de realizada por meio das inspeções sanitárias, também ocorre por meio de Programas de Monitoramento, com o objetivo de avaliar a exposição e verificar o atendimento dos produtos ao padrão estabelecido na legislação e o cumprimento das Boas Práticas de Fabricação. O monitoramento é feito por meio da análise dos suplementos expostos ao consumo e da avaliação da adequação da composição do produto ao previsto na legislação nacional.
Quando são identificadas irregularidades sanitárias, as vigilâncias sanitárias locais adotam as medidas legais pertinentes para prevenir riscos à saúde da população e impedir a fabricação e comercialização do produto até que a irregularidade seja sanada. Dependendo do risco envolvido e da amplitude de distribuição do produto, a Anvisa adota as medidas de intervenção no âmbito nacional.
As penalidades adotadas pela Anvisa estão previstas na Lei 6.437/77. Para produtos que descumprem o a legislação sanitária, poder ser aplicadas as sanções de: advertência, apreensão e inutilização, interdição, cancelamento do registro, e/ou multa, que pode variar entre R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão.