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Casais fora do convencional driblam o ciúme e adotam o relacionamento aberto

Eles dizem ser possível ter um acordo de comunicação e sinceridade com parceiros

O relacionamento classificado como monogâmico prevalece como padrão entre as comunidades e países ocidentais. O ato de se envolver com outras pessoas estando ao lado de outra romanticamente, na maioria dos casos, é subjugado e entendido como traição. Porém, as relações amorosas ganham outra percepção por pessoas que praticam o relacionamento aberto ou o poliamor. E a traição, por sua vez, passa a ser reconhecida por outro contexto para esses casais que fazem do romance a dois (ou mais pessoas) um acordo a base de muita comunicação e total sinceridade.

Há quase três anos, Cláudio Ferreira, de 23 anos, e Letícia Lima, 21 (nomes fictícios para preservar a identidade das personagens) são namorados. O namoro começou de forma convencional, onde juntos viviam um relacionamento monogâmico, eles relatam. E, após poucos meses de relacionamento, ambos decidiram abrir a relação para se relacionarem com outras pessoas paralelamente. Para os dois, o relacionamento foi a primeira experiência aberta, revelam.

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"Quando decidimos abrir o relacionamento foi tranquilo, foi uma decisão em conjunto que partiu de uma situação não tão normal no nosso relacionamento antes. Ela tinha curiosidade em ficar com meninas, então o acordo era ela ficar com meninas e eu com meninos, apesar de eu nunca ter tido interesse em ficar com meninos, mas era um acordo sem problemas pra mim", explica Cláudio.

Numa noite, ele relata, que Letícia confessou ter ficado com um homem e após absorver a surpresa do acontecido, Cláudio conta que o casal conversou abertamente sobre seus sentimentos e vontades e, então, o relacionamento aberto para ambos os sexos, com envolvimento sexual e emocional, foi estabelecido de comum acordo.

"A partir dessa conversa, nós resolvemos que faria sentido abrir para que os dois pudessem se desenvolver de forma pessoal. Acho que o mais importante é que a intenção do relacionamento aberto sirva um propósito para o casal. No nosso caso, eu acredito, que seja de libertação e de autoconhecimento", frisa.

Ele ainda complementa ao dizer que é pouco ciumento e que o importante em qualquer relação é a confiança, o respeito e que, apesar do relacionamento do casal ser aberto para que ambos vivam outros romances, a traição também pode ser classificada nesse modelo de relação, caso um ou outro provoque algo que magoe e prejudique a convivência e o sentimento de ambos. Por fim, Cláudio confessa que, até o momento, não ficou com outras pessoas por acreditar que seu jeito de se relacionar amorosamente seja diferente da forma que Letícia se relaciona, mas não descarta a possibilidade.

SEM REGRAS

No momento em que a relação com Cláudio passou a ser completamente aberta, Letícia conta que não foram estabelecidas uma série de regras, mas que, muito diálogo foi acordado, além da condição da sinceridade e reconhecimento de qualquer erro que venha a ser cometido. Ela confessa que é ciumenta, mas que a decisão em abrir a relação foi tranquila, apesar do receio no início em ser algo novo.

Imagem ilustrativa da imagem Casais fora do convencional driblam o ciúme e adotam o relacionamento aberto
| Foto: FOTO: felipe brasil

"O modo como eu vejo um relacionamento vai além da palavra 'namoro', relacionamentos são formas de sentir. Então, acho que o diferencial dessa forma de relação é que a gente é muito mais sincero um com o outro, com a gente mesmo", explica.

Ela revela que, apesar de ficar com outras pessoas, nunca chegou a namorar alguém simultaneamente ao namoro com Cláudio. Questão essa que também não é tabu para o casal. Segundo sua experiência, ela conta que um relacionamento mais sério com outra pessoa nunca ocorreu por achar que muitas pessoas ainda não entendem o tipo de relação que possa surgir.

"Eu acredito que a gente consegue amar várias pessoas na nossa vida, na nossa família, nossos amigos. Os sentimentos cabem de forma diferente dentro da gente, então, sim, eu acredito que podemos amar e se apaixonar por mais de uma pessoa no mesmo momento", afirma.

Amigos do casal sabem da forma como eles escolheram se relacionar, já os familiares não tomaram conhecimento visto que o assunto ainda não é tratado com naturalidade por muitos, revela Letícia. Tomado por esse exemplo, ela revela que o preconceito com o relacionamento aberto existe porque muitas pessoas acham que esse modelo trata-se de promiscuidade e que não é um relacionamento legítimo.

"É complicado sair falando sobre isso porque cada relacionamento funciona de uma forma diferente. As pessoas se relacionam de uma forma diferente. E é impossível saber o que é melhor para você, sem você experimentar. Acho que o preconceito vem da falta de empatia e de conhecimento sobre o assunto", enfatiza.

EXPERIÊNCIA

A estudante de psicologia, Solange Freire, 32, (nome fictício para preservar a identidade da personagem), assim como Cláudio e Letícia, também já experimentou se relacionar sério abertamente. Porém, ao contrário do casal que está na primeira experiência, Solange já teve dois namoros abertos e o primeiro deles aconteceu em 2004.

Solange conta que a primeira relação aconteceu rodeada de inseguranças, tanto suas, quanto de seu parceiro na época, devido a falta de conhecimento sobre o tema. Já na segunda, ela conta que já estava mais madura, mas que, como era a primeira experiência de seu ex-parceiro, havia ciúmes em excesso da parte dele e que ele encarava o relacionamento com ela como uma aventura, sem comprometimento.

Ela ainda revela que não descarta a possibilidade de um dia voltar a se relacionar monogamicamente, mas que, hoje em dia, não se enxerga numa relação convencional.

"Eu enxergo a monogamia como uma forma de controle dos corpos e sexualidade. Assim como a ideia do amor romântico. Eu não acredito no 'príncipe encantado'. Respeito quem acredita e quer entrar nesse molde, mas não consigo me enxergar um relacionamento assim. Não digo que nunca entraria, porque nunca se sabe o que o futuro nos reserva", afirma.

Atualmente, Solange está solteira, seus amigos também sabem sobre a sua forma de se relacionar amorosamente, mas, seus familiares, por serem religiosos, não conhecem sua opção, conta.

CIÚMES

Comprometida com um namoro há seis anos, Michele Souza, 27 (nome fictício para preservar a identidade da personagem), estudante de Comunicação Social, abriu o relacionamento atual por quatro meses, mas, após esse período, voltou a se relacionar com seu namorado de forma monogâmica. Segundo ela, a decisão em retomar a monogamia foi devido a descoberta de que a relação monogâmica se encaixava no melhor modelo para ambos.

"Quando decidimos abrir foi pelo fato de sermos ciumentos e abrir o relacionamento foi o desafio que encontramos para superar juntos o sentimento de posse, insegurança e ciúmes", conta.

Apesar disso, ela afirma que não descarta se envolver novamente de forma aberta e que a vantagem nesse tipo de relação é a liberdade que ambos adquirem. Já como desvantagem, ela revela que em sua experiência foi possível notar o medo da possibilidade de perder o seu parceiro.

RELAÇÃO POSSÍVEL

Imagem ilustrativa da imagem Casais fora do convencional driblam o ciúme e adotam o relacionamento aberto
| Foto: FOTO: Cortesia à Gazetaweb

Para a psicóloga e educadora sexual, Bruna Tibúrcio, o processo de paixão simultânea por mais de uma pessoa é possível de acontecer ao depender do contexto no qual cada pessoa está inserida. "O interesse afetivo sexual vai além de conceitos aprendidos racionalmente e está ligado aos contextos históricos: tais como culturais, religiosos, financeiros e sociais", explica.

A psicóloga complementa ao dizer que muitos teóricos acreditam que a poligamia pode ser vivenciada, porém, na sociedade atual, não houve a adaptação desse modelo. Por isso, há a predominância das relações monogâmicas. Mas frisa que, mesmo numa relação monogâmica ou na escolha do celibato, impulsos sexuais existem, porém, são combatidos, ao depender da pessoa, através do esforço em não se envolver com outras pessoas.

"Acreditamos que a paixão (processo de atração) ocorre de maneira espontânea e segundo o ponto de vista psicanalítico de maneira inconsciente. Já o amor, para a psicologia, não é o amor romântico como nos livros ou filmes. Compreendemos que as pessoas se relacionam de maneira única e específicas e que expressam seus sentimentos e desejos de maneira individuais, variando de pessoa para pessoa", afirma

Quanto ao tabu e o preconceito formado sobre tema, Bruna finaliza ao dizer que a maioria dos brasileiros utilizam o modelo monogâmico como padrão e complementa ao falar que, como há essa maioria, o formato cultural tem peso e que por isso, pessoas que encaram o relacionamento aberto ou o polaimor, podem ser mal interpretadas.

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