Um grupo de trabalho formado por pesquisadores de todo o Nordeste iniciou um mapeamento da caatinga com o propósito de contribuir com a instituição de um ato normativo para uso sustentável deste bioma, com ação que conta com apoio em Brasília do senador Fernando Collor. Integrantes do grupo se reuniram, nesta quinta-feira (30), para elaboração de um cronograma de atividades e metodologias do projeto intitulado Caatinga.
Eduardo Rossiter, presidente do Partido Republicano da Ordem Social de Alagoas (PROS/AL), esteve no encontro e reafirmou a importância do estudo. "É um grande marco para Alagoas. Esse estudo começou a ser desenvolvido pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e o grande responsável por tornar a caatinga reconhecida em toda a fauna brasileira foi o senador Fernando Collor, à época da Eco 92, quando ele incluiu a caatinga no bioma brasileiro. O último estudo feito em relação à caatinga, que, no nosso estado, está presente em 26 municípios do Sertão e em Palmeira dos Índios, que já é considerado Agreste, foi feito em 2007 e é muito defasado. Não se tem mais conhecimento de como está o ecossistema da caatinga", disse Eduardo.
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O presidente do PROS/AL também manifestou sua preocupação com o uso indevido do bioma e ressaltou a importância de se normatizar as atividades no local, como a carvoaria. "Será feito um estudo para levantar os impactos que ocorreram nos últimos anos e normatizar essas atividades que vêm degradando a caatinga. Uma das atividades que muito preocupa é a carvoaria, tem também o impacto do turismo, a construção de casas e a pecuária. Será feita uma grande normatização dessas atividades para que elas fiquem legalizadas e as pessoas não sejam prejudicadas, bem como trazer mais riquezas para aquela região".
A pesquisa

O projeto, que será estendido para todo o Nordeste, terá a coordenação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), e deve ter seu início imediato, com duração de um ano.
Mário Daniel, superintendente do Ibama de Alagoas, afirmou que o foco é conhecer a região e trabalhar a educação ambiental, sem excluir o sertanejo que vive da região.
"No decorrer do processo, sentimos a necessidade de ampliar esse projeto a todo o Nordeste do Brasil. Nós queremos uma política ambiental inclusiva, e não, restritiva ao sertanejo, ao homem que depende desse bioma. A gente só preserva o que conhece. Se você conhece uma determinada espécie, você consegue preservar. Se o homem conhece a espécie, ele não precisa destruir. Vamos trabalhar a educação ambiental, porque é importante trazer o conhecimento dos povos antigos, e, agora, vamos validar esse saber porque é importante para uso fitoterápico e fármacos que poderão ser utilizados em toda a comunidade", disse o superintendente.
Vitória Rocha, assistente social e pesquisadora do projeto Caatinga Vive, falou sobre a metodologia a que o estudo será submetida e destacou a importância de se implantar o desenvolvimento sustentável à região.
"A importância desse trabalho dentro do Caatinga Vive busca trazer o desenvolvimento sustentável do Sertão alagoano. Vamos até os usuários para fazer o levantamento das atividades para realizar um diagnóstico atualizado. Depois da pesquisa, vamos fazer os relatórios mensais e quinzenais. Queremos buscar a realidade do sertanejo para ver a forma que ele utiliza o bioma", contou.
Municípios participantes
Com base implantada em Delmiro Gouveia, em razão da proximidade com as demais regiões que cercam os 26 municípios do Sertão alagoano que integraram o planejamento, além da cidade de Palmeira dos Índios, o projeto terá seu início no próprio município.
Padre Eraldo Joaquim, prefeito de Delmiro Gouveia, falou da satisfação em ter o município como base do projeto que busca revitalizar toda a caatinga e estendeu seus agradecimentos ao senador Fernando Collor.
"Foi uma alegria muito grande poder dar o pontapé inicial desse sonho. Lá em Delmiro Gouveia, temos uma preocupação com o meio ambiente, com o que resta ainda do nosso bioma. Quero agradecer ao senador Fernando Collor por esse projeto de revitalização do nosso bioma tão castigado", disse.
O prefeito reafirmou, também, a importância do estudo. "Nesse momento em que falamos tanto da revitalização do São Francisco, vai ser um estudo muito importante, principalmente levando os técnicos. Nós estamos à disposição e faremos do município essa trincheira da caatinga, do bioma, com o sertanejo e a convivência com esse bioma", ressaltou.