Profissionais de diversas áreas aprovados na reserva técnica do último concurso da Universidade Estadual de Ciências da Saúde (Uncisal), realizado em 2014, se reuniram nesta quarta-feira (11) para um ato em frente ao Hospital Escola Hélvio Auto, conhecido como HDT. Eles cobram do Governo a nomeação de mais de mil aprovados do certame, que expira entre maio e junho de 2019.
Segundo os manifestantes, o HDT foi escolhido para o protesto devido a denúncias recentes sobre a falta de insumos. "Um hospital que é de alta contaminação, insalubre, no qual estão trabalhando sem os equipamentos necessários, além de que se tem conhecimento de perseguições de gestores contra trabalhadores", diz a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência Social (Sindprev), Olga Chagas.
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Os aprovados questionam ainda a quantidade de funcionários contratados nos hospitais geridos pela Uncisal. "Os companheiros estão aqui aptos, legalmente entraram no setor público. Não estão entrando pela janela, e sim pela porta da frente, mas na porta da frente colocaram um bloqueio e preferem a janela porque isso também facilita e ajuda o Governo a se promover politicamente".
O sindicato, porém, não sabe ao certo quantas pessoas contratadas trabalham nas unidades de saúde em questão. Mas afirma que a administração estadual contratou alguns dos aprovados da reserva técnica para assumir atribuições como forma de acalmar os ânimos dos profissionais que aguardam convocação.
"A Uncisal até o momento não teve o compromisso, o reitor da Uncisal não teve o compromisso que foi feito em reunião, em uma mesa de negociação com o governador do Estado, onde ele apresentaria até o mês de maio a lista genérica e o redimensionamento desses servidores para poder então nomear os que estão aguardando", acrescentou Olga Chagas.
Leidjane da Silva, de 34 anos, é uma das aprovadas. Mãe de dois filhos, ela afirma estar em uma situação difícil. "Desde o ano passado estamos lutando. Já entramos também com uma ação no Ministério Público para o governador nos nomear. É o nosso direito, nós estudamos, passamos noites acordados. Sabemos que tem vaga e muitas pessoas estão entrando e tirando nosso lugar porque conhecem algum político", apontou.
Além da nomeação, o grupo se manifestou também contra a implantação das Organizações Sociais para administrar os hospitais públicos que serão inaugurados em Alagoas, como o Metropolitano e o Hospital da Mulher. A diretora do Sindprev defende que parcerias podem ser discutidas, mas não da forma como estão sendo tratadas, com a contratação de OSs para gerir as unidades.
"Isso causa um dano muito grande para o sistema. Já temos experiências no Rio de Janeiro e em outros lugares que não deram certo. Não podemos colocar na responsabilidade da rede privada a administração da saúde pública. As pessoas já não têm um acesso de qualidade ao SUS e as OS vai limitar o acesso da camada mais pobre e necessitada", disse Olga Chagas.
Depois do início do ato no HDT, o grupo seguiu para a universidade, onde aguardam uma reunião com a gestão. "Já encaminhamos cinco ofícios e não recebemos nenhuma resposta do que foi pedido pelo Sindprev".
Segundo a gestão da Uncisal, o processo com a lotação genérica dos servidores a serem convocados já foi enviado à Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) e agora a nomeação aguarda apenas um ato do governador Renan Filho.