O acesso à água é um direito humano. Cabe ao governo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a obrigação de respeitar, proteger e executar as medidas para que esse direito seja cumprido. No Brasil, cuja população passa dos 207 milhões de habitantes, o contingente de população urbana atendida por redes de água é de 157,2 milhões de pessoas, uma média nacional de 93,1% de residências, de acordo com o último Diagnóstico de Serviços de Água e Esgotos, trabalho do Ministério da Cidade divulgado no ano passado.
Apesar do alto percentual de habitantes ligados à rede urbana de abastecimento de água, nem sempre o acesso ao produto é constante e fácil. As queixas por falta de d'água fazem parte da rotina de vida de muitos brasileiros, sendo um problema vivenciado com frequência pela população alagoana. As dificuldades para ter acesso à água são agravadas, principalmente, pelos vazamentos na distribuição, que conta com uma variável imensa de causas. Em Alagoas, apenas 50% do volume de água captada são contabilizados pela Companhia de Saneamento (Casal). Os outros 50% são "perdidos", um percentual alarmante e acima da média nacional, que é de 37% de perda do produto.
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Essa perda de água disponibilizada para distribuição e que não chega aos consumidores, quase na totalidade, decorre de vazamentos e uso irregular e clandestino da água (fruto das ligações clandestinas), dos by pass irregulares nos ramais das ligações (conhecidos como gatos); erros de medição, entre outras causas, segundo explica o superintendente de gestão operacional da Casal, Roberto Lôbo. "Vazamento é o maior problema das companhias de saneamento do Brasil", enfatiza. O diagnóstico do Ministério das Cidades também aponta entre as causas comuns dos vazamentos as redes antigas de distribuição, excesso de pressão, baixa qualidade dos materiais utilizados, despreparo da mão-de-obra, rompimentos da tubulação em decorrência de afundamentos das vias de trânsito e até da ausência de programas de monitoramento de perdas.
O superintendente da Casal afirma que não há condições de dimensionar os prejuízos financeiros e ambientais com o problema, uma vez que "há perdas advindas de vazamentos visíveis, aparentes; e de não visíveis, que escoam diretamente no terreno arenoso ou em galerias, dificultando a sua localização, que só é feita com equipamentos especiais de escuta". Ele diz que a Casal dispõe de equipes especializadas em retirada de vazamentos e que em Maceió, a companhia fez investimentos na contratação de profissionais encanadores e auxiliares e na aquisição de veículos para melhorar o desempenho nessa área. Pelo menos três empresas prestadoras de serviço foram contratadas pela Casal para atuar em consertos na rede, o que teria diminuído o tempo gasto com a reparação da tubulação danificada, de acordo com Lôbo.

"Há casos em que o vazamento é contido sem a necessidade de paralisar o abastecimento, mas, no geral, a rede precisa estar despressurizada para que o conserto seja realizado. Nestes casos, o registro de distribuição é fechado, interrompido o abastecimento da região para facilitar o reparo na tubulação danificada. Além disso, todo conserto de vazamento necessita de escavação, muitas vezes nas vias públicas, outras na calçada, situações em que é impossível evitar transtornos no trânsito de veículos e de pessoas", comenta.
A população pode ajudar a conter a perda de água potável ou outros problemas na rede de distribuição ligando para o Fonefácil Casal: 0800 082 0195 ou 3215-4100. O conserto costuma ser realizado em 36 horas após a notificação, informa Lôbo, mas dependendo do problema esse tempo é incalculável. O superintendente da companhia também esclarece que as perdas diferem do desperdício de água. "É considerado desperdício o mau uso da água, tais como lavar ruas e calçadas, deixar torneira aberta durante a escovação dos dentes.
Consumo
Na contramão dos índices de perdas de água potável, Alagoas tem a menor média de consumo diário por indivíduo, segundo o diagnóstico do Ministério das Cidades. O alagoano usa 98,6 litros de água por dia, menos que o pernambucano (100,7 litros) e o paraibano (110,4 litros). Em relação à média dos três últimos anos, o consumo de água diário por habitante em nosso Estado registrou uma queda de 14,9%. A média no país é de 154 litros por habitante.