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Adolescentes infratores se arrependem do passado e buscam transformação de vida

Pesquisa aponta que 15% dos menores internados não querem mais cometer delitos

Infância e adolescência interrompidas pelo mundo do crime, vidas que tomaram rumos diferentes dos sonhados pelos pais. As histórias dos adolescentes em conflito com a lei estão guardadas atrás de mais de cinco metros dos muros do Complexo Socioeducativo de Maceió. Muitos dos jovens não sabem explicar qual o momento em que tudo começou, mas o arrependimento pelos delitos e o desejo de recuperar a vida estão presentes em várias narrativas.

Alguns já estão perto de se tornar um adulto, mas não querem deixar a unidade, pois não têm perspectiva de futuro - um lugar para ir, uma família para voltar. O medo de cometer outros delitos também impede o sonho de atravessar os portões do complexo. AGazeta de Alagoasouviu alguns adolescentes e conheceu histórias de dor, solidão e saudade. Há também o desejo de ser perdoado pelos familiares e amigos.

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Em um universo de, aproximadamente, 300 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no complexo, cerca de 15% demonstram arrependimento pelos crimes cometidos. Em uma pesquisa feita com os jovens, a Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev) detectou que, entre os delitos cometidos, os mais comuns foram roubo, homicídio e tráfico de drogas.

Ao falarem sobre os motivos que os levaram ao mundo do crime, muitos afirmam que querem mudar de vida, construir uma família e, após deixar a Unidade de Inclusão Social (UIS), esquecer todo o "passado obscuro".

O jovem S., de 17 anos, esconde de seus colegas o crime que cometeu. Ele tem medo de sofrer algum tipo de retaliação. Segundo ele, as "leis" de dentro do sistema socioeducativo não permitem determinados delitos e, quem é preso por praticar algum desses, pode sofrer o "troco".

O adolescente S. é acusado de abusar sexualmente uma garota, que à época tinha 16 anos, no município de Satuba, na Região Metropolitana de Maceió.

Após 10 meses internado, ele não consegue explicar o motivo do ato. Mas afirma que, se tivesse a chance de voltar no tempo, jamais teria cometido o crime.

"Não sei por que fiz aquilo. Lembro apenas que estava com ela e que quando comecei a fazer, de repente, parei e sai correndo. Nunca me envolvi com drogas ou qualquer coisa assim. Pouco tempo depois, a polícia foi até minha casa e me levou. Se eu pudesse voltar atrás, não teria feito nada daquilo", lamentou.


				
					Adolescentes infratores se arrependem do passado e buscam transformação de vida
FOTO: Felipe Brasil/Gazeta de Alagoas

PROJETOS

Ao pensar no futuro, ele planeja deixar Alagoas assim que completar um ano de detenção na UIS - tempo máximo permitido para que jovens, que não tiveram o caso revisado, fiquem na unidade -, buscar uma nova vida ou realizar um de seus sonhos: ser motorista de ônibus, profissão do pai.

"Não quero mais essa vida. Não quero mais viver nessa solidão. Quando sair daqui, quero ir para um lugar bem longe. Tenho um tio que mora em Itajaí, em São Paulo. Talvez eu vá pra lá, ter uma nova vida. Longe de todas as lembranças", contou. Ao ser questionado sobre o desejo de retomar os estudos e seguir uma profissão, o adolescente S. foi enfático: "Quero ser motorista de ônibus igual ao meu pai".

Com os olhos tristes, ele confidenciou que não recebe visitas da família, a não ser em determinadas ocasiões. Mas isso foi um pedido do próprio adolescente. Ele guarda mágoas do momento em que foi levado pelos policiais.

"Não quero que eles venham. Sinto muitas saudades, amo muito todos eles, mas quando eu mais precisei, eles não me apoiaram. Após tudo o que passei sozinho, eu não quero eles aqui dentro", pondera o adolescente.


				
					Adolescentes infratores se arrependem do passado e buscam transformação de vida
FOTO: Felipe Brasil/Gazeta de AlagoaS

FILHOS DAS DROGAS E REFÉNS DA VIOLÊNCIA

Os adolescentes T. e G., de 16 e 18 anos respectivamente, entraram juntos na Unidade de Inclusão Social (UIS). Ambos estavam internados em uma clínica de reabilitação no município de Marechal Deodoro quando, em setembro de 2016, mataram um dos jovens que dormiam no mesmo alojamento que eles. O motivo, segundo T., foi que a vítima estava se masturbando enquanto os demais dormiam. Isso, para eles, era uma atitude inaceitável.

T. contou que entrou na clínica porque "cheirava cola pelas ruas de Maceió". Com apenas 16 anos, ele relata que já tinha experimentado outros tipos de drogas e foi levado compulsoriamente para a clínica de reabilitação. Após três meses internado, ele cometeu o homicídio. "Eu estava dormindo, quando os meus colegas me acordaram e contaram o que ele estava fazendo, fui na onda deles, e fiz o que fiz".

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Com as palavras aprendidas na rua, ele relata com detalhes como cometeu o crime. "Peguei uma camisa, coloquei na cara dele, coloquei um travesseiro, enquanto os outros bateram nele e o enforcaram. Assim que ele desmaiou, os ?caras? começaram a "espetar" até que ele morreu".

Mesmo com o jeito duro, daquele que aprendeu que é preciso fazer qualquer coisa para sobreviver nas ruas, T. mostra que há o desejo de ter outra vida, ser um adulto diferente e afirma ter se arrependido do que fez. "Me arrependo do que fiz. Fui na onda dos outros e acabei fazendo ?esse homicídio aí?, mas eu não queria fazer. Depois até fiquei pedindo perdão a Deus pelo o que fiz, mas infelizmente aconteceu".

Ele conta que já pediu autorização para a superintendente de Medidas Socioeducativas da Seprev, Denise Paranhos, para não sair da unidade. T. tem medo de voltar às ruas. "Eu não quero sair daqui, porque não quero voltar para as drogas. Não tenho para onde ir e sei que vou ser influenciado por coisas ruins e voltar a cometer crimes".


				
					Adolescentes infratores se arrependem do passado e buscam transformação de vida
FOTO: Felipe Brasil/Gazeta de AlagoaS

ACUSADO DE HOMICÍDIO: UMA TAREFA NADA FÁCIL

Outro adolescente, G., de 18 anos, também foi um dos que participaram do homicídio na clínica de reabilitação em Marechal Deodoro. Ele, assim como T., diz que se arrependeu do que fez. Usuário de crack, o jovem contou à reportagem da Gazeta de Alagoas que, assim que sair, quer ir morar em outra cidade e que seu sonho é ser jogador de futebol. Aliás, ser goleiro do time Corinthians!

G. alega que entrou no mundo das drogas por influência de más companhias. Por muitas vezes, enquanto esteve internado, ele já sofreu e sentiu muita falta de usar a droga. Segundo ele, dentro da unidade também há jovens que querem levá-lo pelo mau caminho, mas ele procura sempre manter a boa convivência com todos e se afasta daqueles que dão "ideia errada".

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"Arrependido todos nós estamos e se pudesse não teria cometido aquilo. Eu só ajudei a segurar ele, mas infelizmente aconteceu e não tem como voltar. Aqui dentro tem muita gente que "dá ideia errada" e eu procuro não me juntar a eles. Só quero uma chance de ir pra casa, trabalhar e estudar".

O sonho é ganhar uma oportunidade de ir para São Paulo e mostrar o talento no futebol. Ele se gaba que é um bom jogador, mas os colegas afirmam que ele seria um bom goleiro.

"Quero sair, ir pra São Paulo ficar na casa dos parentes. Quero estudar, fazer alguma faculdade. Meu sonho é ser jogador de futebol, jogar no Corinthians. Me falam que sou bom goleiro. Quem sabe eu não posso ser igual ao Cássio [goleiro do Corinthians] ou igual ao Juliano [goleiro do CRB]".

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