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Repleto de dívidas, Cruzeiro abre mão de garotos da base para pagar os salários

Neste ano, os compromissos começaram a ser pagos em dia, mas voltaram a atrasar desde o início da pandemia da Covid-19

A crise financeira do Cruzeiro não é novidade para ninguém. Os atrasos salariais, que acontecem desde a reta final da gestão de Gilvan de Pinho Tavares (em 2017), viraram rotina no ano passado. Neste ano, os compromissos começaram a ser pagos em dia, mas voltaram a atrasar desde o início da pandemia da Covid-19.

Diante dos constantes débitos com jogadores e comissão técnica, o clube tem, desde o ano passado, aberto mão de jovens ativos para conseguir manter ao menos parte dos vencimentos em dia. Muitos desses atletas acabaram negociados por valores abaixo do que o clube pretendia, caso do zagueiro Edu, vendido ao Athletico-PR por 500 mil euros (cerca de R$ 3 milhões).

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O primeiro a deixar a Toca, para que a diretoria conseguisse pagar salários, foi Murilo, em junho do ano passado. Campeão da Copa do Brasil como titular em 2017, era considerado o reserva imediato de Dedé e Léo em 2019, mas acabou vendido ao Lokomotiv Moscou, da Rússia, por 2,3 milhões de euros (R$9,9 milhões, pela cotação da época). Ele partiu rumo à Europa aos 22 anos.

Um mês depois, mais uma venda de um garoto que saiu do Sub-20 do Cruzeiro: Raniel. Profissional desde 2017, não conseguiu se firmar como titular em momento algum com Mano, mas fez gols importantes na caminhada do bicampeonato da Copa do Brasil, em 2017 e 2018. Ele deixou BH aos 23 anos para defender o São Paulo, em uma negociação de R$ 13,7 milhões.

Ainda em julho, a diretoria de futebol, capitaneada por Itair Machado, negociou Lucas Romero com o Independiente, da Argentina, por 2,2 milhões de dólares (R$ 8,8 milhões pela cotação da época). Ele era titular do time de Mano Menezes e a questão financeira do clube também pesou para o desfecho da negociação, apesar do desejo que o volante tinha de retornar ao seu país natal. Na negociação, o clube ainda conseguiu o perdão da dívida pelo meia Matías Pisano, que estava sendo discutida na Fifa.

As três vendas somaram pouco mais de R$ 32 milhões, o equivalente a duas folhas salarias da época.

Filme repetido em 2020

Este ano também começou da mesma maneira. A folha salarial foi reduzida para cerca de R$ 3 milhões, mas as receitas não foram suficiente para barrar a bola de neve que virou as contas do clube. O primeiro jovem a ser negociado para ajudar no pagamento das folhas salariais foi o lateral direito Weverton, de 20 anos, que rendeu R$ 4 milhões ao Cruzeiro. Ele está no Bragantino.

Mesmo destino de Fabrício Bruno, de 24 anos. O Cruzeiro recebeu R$ 500 mil por ele (além de manter 25% dos direitos) em um acordo no qual o zagueiro retirou a ação trabalhista que movia contra o clube. Os atrasos salariais do ano passado também geraram ações de David e Éderson - 24 e 20 anos, respectivamente. Em fevereiro, o Cruzeiro recebeu R$ 6 milhões para liberar os dois, que retiraram seus processos contra a Raposa.

E a saída dos jovens atletas para pagar dívidas do clube tende a aumentar. O zagueiro Cacá e o meia Maurício vêm sendo constantemente assediados. O clube ficou perto de vendê-los durante a pandemia, deixando de arrecadar quase R$ 50 milhões. Os contatos continuam acontecendo com a diretoria da Raposa, e um novo negócio pode surgir.

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