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HOME > esportes > NACIONAL

Dívidas do Cruzeiro chegam a quase R$ 1 bilhão, e receitas caem

No primeiro balancete publicado pelo clube em 99 anos de história, a situação é também a pior.

Pela primeira vez na história do Cruzeiro, o clube publicou, por meio do presidente Sérgio Rodrigues, um balancete com números sobre as finanças - eles vão de janeiro a maio deste ano. Uma chance para o torcedor entender como está a recuperação celeste em meio à pior crise.

No decorrer desta semana, o ge analisa em textos individuais as finanças dos principais clubes que publicaram balancetes - documento feito pelos departamentos financeiros com a visão parcial das finanças até 30 de junho. Ouça também o podcast Dinheiro em Jogo sobre o assunto.

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Dívidas, dívidas

O endividamento do Cruzeiro explodiu. Chegou a quase R$ 1 bilhão. Não por causa de despesas e novas dívidas feitas no primeiro semestre de 2020, muita calma nessa hora, mas por reconhecer problemas que vinham sendo escondidos pelas administrações anteriores.

Antes de entrar na natureza da dívida, no entanto, é recomendável entender seu prazo para vencimento. E aí vem mais uma notícia ruim. Porque os compromissos de curto prazo podem até estar menores do que em dezembro de 2019, mas seguem em quantidade impagável.

Cruzeirodez/19mai/20Variação

Endividamento803983+180

Curto prazo609471-138

Longo prazo195512+317

Curto prazo76%48%

Longo prazo24%52%

Fonte: Balancete

Eis as variações entre o balanço anual, encerrado em 31 de dezembro de 2019, e o balancete encerrado em 31 de maio de 2020.

A vencer no curto prazo

R$ 68 milhões a mais em impostos correntes

R$ 42 milhões a mais em contas a pagar

R$ 8 milhões a mais em salários

R$ 8 milhões a mais em fornecedores

R$ 233 milhões a menos em impostos parcelados

R$ 30 milhões a menos em empréstimos e financiamentos

A vencer no longo prazo

R$ 151 milhões a mais em contingências

R$ 118 milhões a mais em impostos parcelados

R$ 24 milhões a mais em empréstimos e financiamentos

R$ 23 milhões a mais em contas a pagar

Os impostos parcelados tiveram um efeito positivo no período. Eles saíram do curto prazo e foram contabilizados no longo. A diretoria fez desta maneira porque, se em 2019 o clube tinha sido excluído do Profut, em abril foi obtida uma liminar para recolocá-lo no programa. Então as parcelas voltam a vencer no cronograma do reparcelamento.

A liminar foi revogada em julho, mas os números apresentados no balancete seguem o que estava válido na data de fechamento.

Os empréstimos passaram mais ou menos pelo mesmo processo. As instituições são as mesmas de sempre: BMG, Santander, Mercantil, Supermercados BH, Renner e Polo (fundo de investimentos que antecipou receitas de televisão). O que houve foi a troca de novos empréstimos, com prazo alongado, pelo pagamento de antigos.

E essas foram as duas variações em que houve um resultado positivo para o Cruzeiro. Em todas as demais, os efeitos são complicados.

Nos salários devidos a jogadores e funcionários, a situação nesse sentido piorou, mas não muito. Este é um ponto que a direção de Sérgio Rodrigues tem conseguido sucesso. Manter salários em dia evita a insatisfação do elenco e perda de desempenho.

Em fornecedores há três tipos de credores: empresários com comissões a receber por intermediação, jogadores com seus direitos de imagem e prestadores de serviços. Também houve piora, ainda que pouca.

O impacto maior, no curto prazo, vem de processos inscritos pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) - assunto sensível até mesmo entre torcedores, ou seja lá quem se deu ao trabalho de pendurar uma faixa protestando contra a "perseguição" do órgão ao clube. Só nisso, segundo o balanço, há R$ 113 milhões novos.

Nas contas a pagar, estão as dívidas feitas pelas administrações anteriores pela compra de jogadores. Toda vez que o torcedor ler notícias sobre possíveis punições no âmbito da Fifa, após cobranças de clubes estrangeiros, trata-se deste dinheiro.

Nas contingências, por fim, estão dívidas que a diretoria do Cruzeiro entende que provavelmente terá de pagar em ações judiciais. Elas entram no longo prazo porque, como dependem de decisão judicial e execução, acabam sendo cobradas em período imprevisível. São clubes nacionais, empresários, jogadores, enfim, todo tipo de credor que vai à Justiça cobrar o que lhes foi prometido no passado.

Receitas e despesas

A parte mais difícil de toda essa história é que o Cruzeiro, hoje, não tem arrecadação suficiente para enfrentar todos os problemas somados nos últimos anos. No primeiro semestre de 2020, agora na comparação com o mesmo período de 2019, o faturamento caiu para menos da metade.

Na maioria das fontes, as variações foram pequenas e previsíveis. Patrocínios aumentaram um pouco, bilheterias caíram um bocado - consequência inevitável da suspensão dos campeonatos em março.

A associação é um ponto com aspectos positivos e negativos. Porque se por um lado ela não teve queda sensível em relação ao ano anterior - algo que poderia ter acontecido no contexto de pandemia -, ela também não subiu, apesar de todos os esforços envidados para que a torcida abraçasse a reconstrução do clube.

A pior queda foi a das transferências de jogadores. No primeiro semestre de 2019, o Cruzeiro havia vendido Arrascaeta para o Flamengo. Em 2020, não houve nenhuma negociação desta monta.

As despesas apontam uma novidade. Depois de muito tempo gastando muito acima do que era prudente, o Cruzeiro teve a sua folha salarial do futebol reduzida para a metade. Tinham sido gastos R$ 93 milhões nos primeiros seis meses de 2019 com salários, encargos trabalhistas e imagem, este valor baixou para R$ 46 milhões em 2020.

É claro que o torcedor sentiu o impacto disso na qualidade do time. Não poderia ser diferente. O jeito de otimista de olhar para esta redução é: na Série B, um orçamento como o atual do Cruzeiro costuma ser mais do que suficiente para o time ser promovido à primeira divisão.

Custos com outras atividades, incluindo o futebol e áreas administrativas e sociais, também baixaram. Este é o primeiro passo de qualquer clube que queira organizar as finanças. Gastar menos.

O resultado líquido de R$ 259 milhões negativos é uma questão contábil. Como o Cruzeiro contabilizou as ações judiciais em que acredita que perderá na dívida, elas precisam passar pelas despesas. Isso agrava muito esse deficit (prejuízo). Na prática, o torcedor precisa se preocupar mais com as dívidas e com a queda de receitas do que com o número que geralmente vai para as manchetes dos sites e jornais.

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