A judoca Rafaela Silva levou o primeiro outro nos Jogos Pan-Americanos, nesta sexta-feira (9), em Lima, no Peru. No segundo dia do judô, o Brasil x República Dominicana foi em dose dupla.
Rafaela encarou Ana Rosa no peso até 57kg enquanto Daniel Cargnin enfrentou Wander Mateo até 66kg. A campeã olímpica na Rio 2016 levou pouco mais de um minuto para aplicar o ippon e levar o ouro que faltava em sua carreira.
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Na primeira decisão, Cagnin tinha perdido para Mateo por waza-ari a menos de um minuto para o fim da luta. O terceiro brasileiro em ação no dia, Jeferson Santos Jr., o Juninho Bomba, levou o bronze ao derrotar o mexicano Eduardo Araujo.
- Com certeza (era a medalha que estava faltando na coleção). Eu estava me cobrando tinha um tempo. No primeiro Pan-Americano eu fui prata, nos últimos Jogos (do Pan) eu fui bronze. O ouro eu não tinha, não cheguei perto. Então era uma coisa que vinha cutucando na minha cabeça. Jogos Pan-americanos são sempre amarrados, estou muito feliz com meu resultado. Quis vir também como preparação para o Mundial. Sou muito competitiva. Se puder competir todo fim de semana, eu competiria. Difícil falar que foi fácil, mas é resultado do trabalho que venho fazendo no tatame - afirmou ao SporTV.
Rafaela leva terceira medalha no Pan
Campeã mundial sub-20 em 2008, mundial adulta em 2013, mundial militar em 2015 e olímpica em 2016, Rafaela Silva chegou a Lima sem o ouro em Jogos Pan-Americanos. Em Guadalajara 2011, ficou com a prata e, quatro anos depois, em Toronto, saiu com o bronze.
Agora, em Lima, Rafaela começou a jornada enfrentando a americana Amelia Fulgentes pelas quartas de final do peso até 57kg. Fulgentes levou três advertências (shidos) e, com isso, foi desclassificada por ippon. A americana, para evitar a pegada de Rafaela, fez ataques falsos, o que acabou levando às punições. A brasileira foi às semifinais, contra a cubana Anailys Dorvigny. E, em 35 segundos, a brasileira definiu o combate: ippon na caribenha para chegar à segunda final de Pan na carreira.
Desta vez contra a dominicana Ana Rosa. Foi a segunda vez que a Rafaela e a Ana Rosa se enfrentaram. Em abril, Rafaela venceu justamente em Lima, na semifinal do Campeonato Pan-Americano. No ranking mundial, a Rafaela é a atual quinta colocada e a adversária é a 66ª.
A dominicana de 21 anos, com duas medalhas neste ano, enfrentou Rafaela, 27. Rapidamente, a brasileira aplicou ippon após 82 segundos para levar o ouro que faltava na carreira.
Cargnin nunca enfrentou Mateo
Na categoria até 66kg, Daniel Cargnin esperou a definição das oitavas de final entre o americano Ryan Vargas e o mexicano Nabor Castillo para conhecer seu adversário nas quartas. Castillo venceu por waza-ari. No primeiro movimento da luta diante de Cargnin, com 15 segundos de combate, o mexicano se machucou, sangrou e recebeu atendimento médico - ele voltou com a cabeça rodeada por esparadrapo e recebeu um shido por antes da paralisação. Com dois minutos a lutar, Cargnin foi punido, igualando a luta em um shido para cada.
A decisão foi para o golden score e, antes, o brasileiro foi rapidamente atendido por um ferimento na boca. No desempate, Cargnin recebeu um shido para nova igualdade: dois para cada um. Um waza-ari que tinha sido marcado a favor do brasileiro foi revisto. Castillo pediu novo atendimento médico, com pouco mais de dois minutos de golden score. Com o rosto completamente coberto de esparadrapo, só com os olhos de fora, Castillo voltou ao tatame e desistiu. Cargnin avançou para as semifinais para enfrentar o venezuelano Ricardo Valderrama.
Cargnin levou um shido diante de Valderrama, bronze no Pan de Guadalajara 2011. A segunda punição veio por falso ataque. Pressionado na luta, com duas advertências, a uma de ser desqualificado, o brasileiro reagiu e impôs um ippon, por imobilização, indo para a final contra o dominicano Wander Mateo.
Décimo colocado no ranking mundial, Daniel Cargnin enfrentou Wander Mateo, que é o 72º colocado no ranking internacional. Nunca se enfrentaram. No caminho do brasileiro, mais um judoca enfaixado: assim como o mexicano Castillo na primeira luta, o brasileiro pegou um adversário com proteção de esparadrapo na testa na decisão. Mateo entrou num ritmo intenso, tentando matar a manga do brasileiro. Cargnin levou um shido numa final predominante no chão. O brasileiro teve dificuldade diante de um adversário mais alto. Com pouco menos de um minuto para o fim, Mateo conseguiu um waza-ari para levar a medalha de ouro. Prata para Cargnin.
- Saio sabendo que eu posso melhorar, então é um passo positivo - disse o brasileiro, visivelmente chateado, logo após a derrota, ao SporTV. - Prata não era o eu queria, mas, analisando a circunstância das lutas, deixou a desejar, mas foi bom para o desenvolvimento pensando na Olimpíada (de Tóquio, ano que vem). Acho que é válido, pelo decorrer do ano, para buscar os Jogos Olímpicos. Então, foi bom.
Juninho Bomba leva o bronze na repescagem
Jeferson Santos Jr., o Juninho Bomba - que foi samurai do reality "Ippon", do "Esporte Espetacular", da TV Globo - abriu a disputa no Pan contra o venezuelano Sergio Mattey no peso até 73kg. Mais estático, o brasileiro não conseguiu, no início da luta, ter chances de golpes em Mattey. Mesmo assim, o venezuelano levou um shido - que levou para o golden score. Com 40 segundos, Mattey levou a segunda punição, ficando com dois shidos. Mesmo assim, ele encaixou um waza-ari no brasileiro e seguiu para as semifinais. Ao brasileiro, restou a repescagem por, no máximo, bronze.
Contra o colombiano Leider Navarro, Juninho levou uma punição, mas o rival acabou levando três shidos, sendo desclassificado. O brasileiro seguiu para a luta pelo bronze. Ele superou o mexicano Eduardo Araujo com ippon para fechar a competição com o bronze na repescagem.
Veja a programação do judô do Brasil no Pan:
- Sábado, dia 10/8
Feminino: Aléxia Castilhos (-63kg) e Ellen Santana (-70kg)
Masculino: Eduardo Yudy Santos (-81kg) e Rafael Macedo (-90kg)
- Domingo, dia 11/8
Feminino: Mayra Aguiar (-78kg) e Beatriz Souza (+78kg)
Masculino: David Moura (+100kg)
- Horários*
17h - Preliminares
19h - Finais
*de Brasília
O Pan de Lima
O Pan de Lima reúne cerca de 6.580 atletas de 41 países das Américas. Dos 39 esportes, 22 valem como classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. No total, o Brasil terá 485 atletas em ação na capital do Peru. E os canais SporTV transmitem ao vivo os principais eventos até o dia 11 de agosto.