A confirmação de Carlos Sainz Jr. como companheiro de equipe de Charles Leclerc em 2021 já vai render à Ferrari um recorde: será a mais jovem dupla de pilotos da história da escuderia mais famosa da Fórmula 1. No começo do ano que vem, Leclerc terá 23 anos de idade, enquanto Sainz terá 26, o que dará uma média de 24,5 anos para a dupla. Desde o começo dos anos 1970, quando os times passaram a inscrever apenas dois carros por corrida, nunca o time teve pilotos tão jovens.
O mais perto que a Ferrari chegou disso foi no GP da Austrália de 1991. Com a demissão repentina de Alain Prost por comparar o carro da equipe a um caminhão, o piloto de testes Gianni Morbidelli foi convocado às pressas para pilotar a Ferrari número 27 nas ruas de Adelaide.
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Morbidelli tinha apenas 23 anos, enquanto o titular habitual Jean Alesi tinha 27, o que deixou a dupla com uma média de apenas 25 anos de idade. Apesar de ter ficado em sexto lugar, e, portanto, pontuado, Gianni nunca mais pilotou um carro da Ferrari até o fim da carreira.
Além disso, dependendo obviamente do que acontecer na temporada 2020, a Ferrari terá a sua dupla menos vencedora desde 1999, quando Michael Schumacher sofreu um acidente no GP da Inglaterra e foi substituído por Mika Salo, que não havia vencido nenhuma corrida na F1 - e seguiria sem vencer. No GP da Áustria, quando Salo estreou, o titular Eddie Irvine tinha apenas uma vitória e ganharia mais três vezes naquele ano, no qual ficou com o vice-campeonato.
Por enquanto, Leclerc tem duas vitórias como piloto de Fórmula 1, nas corridas de Bélgica e Itália no ano passado, enquanto Sainz não venceu nenhuma corrida. Quando Alesi e Morbidelli correram juntos pela Ferrari em 1991, nenhum deles tinha vitória - o francês venceria apenas uma prova até o fim de sua carreira, em 1995.
Sainz "imita" Alonso
Filho de Carlos Sainz, bicampeão mundial de rali e pentacampeão do Rali Dacar, Carlos Sainz Jr. nunca escondeu que seu grande ídolo no automobilismo era Fernando Alonso. E, de forma bastante curiosa, Sainz vem trilhando uma trajetória idêntica à de Alonso na F1. Não pelo número de vitórias ou títulos, mas pelas equipes defendidas por ele.
Alonso começou sua carreira na Minardi, em 2001. Já Sainz começou a correr em 2015 pela STR, equipe surgida justamente da Minardi - a sede continuou no mesmo lugar, Faenza, na Itália. Depois, tanto Alonso como Sainz foram para a Renault, com Fernando tendo sido bicampeão, e Carlos tendo ficado as temporadas de 2017 e 2018.
Em seguida, Alonso se transferiu da Renault para a McLaren, caminho também seguido por Sainz. Bicampeão mundial, Fernando ficou apenas um ano no time inglês em meio a polêmicas com o companheiro Lewis Hamilton e a direção. Já Carlos, que curiosamente substituiu Alonso no time em 2019, deixou boa impressão e ajudou a equipe a ter sua melhor temporada de 2012, inclusive levando o time de volta ao pódio, no Brasil.
Agora, Sainz se transfere para a Ferrari e repete o movimento feito por Alonso em 2010. A diferença é que Fernando foi contratado a peso de ouro na esperança de devolver o título mundial à equipe, que ainda recebeu um generoso apoio financeiro de um banco espanhol em forma de patrocínio.
Por outro lado, Sainz chega à Ferrari para se juntar a Charles Leclerc, novo queridinho da escuderia de Maranello após uma marcante temporada de estreia, com duas vitórias e sete poles positions. Resta saber se Sainz poderá aprontar alguma surpresa a Leclerc, como este fez com o até então número 1 Sebastian Vettel.