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Hegemonia ameaçada: Brasil não chega como favorito ao Finals da WSL

Italo e Tati terão de fazer três duelos duros para tentar enfrentar os líderes do ranking John John e Caitlin na decisão


				
					Hegemonia ameaçada: Brasil não chega como favorito ao Finals da WSL
Tatiana Weston-Webb wsl finals trestles surfe. Beatriz Ryder/World Surf League

E chegamos ao Finals, novamente com dois surfistas do Brasil, repetindo ano passado, mas apenas um no masculino. Italo Ferreira e Tatiana Weston-Weeb, depois de uma segunda metade de temporada de recuperação, chegam à decisão do Mundial na quinta colocação. Para brigar pelo título, a dupla brasileira terá de superar os surfistas mais bem classificados até terem a chance de desafiar os líderes, John John Florence e Caitlin Simmers, em melhor de três. Não será fácil.

Desde que a WSL incluiu o Finals para decidir o título, em 2021, é a primeira vez que o Brasil não chega em Trestles na primeira posição no masculino. Em 2021, Gabriel Medina estava na liderança e confirmou o título em decisão contra Filipe Toledo, primeiro do ranking e campeão mundial em 2022 e 2023, derrotando Italo e Ethan Ewing respectivamente. Até hoje, nenhum desafiante conseguiu vencer uma bateria sequer do melhor surfista da temporada.

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Para disputar a grande decisão, Italo terá de superar Ethan Ewing, Jack Robinson e Griffin Colapinto e assim ganhar o direito de enfrentar John John. Tati, por sua vez, precisará passar por Molly Picklun, Brisa Hennessy e Caroline Marks, para encontrar Caitlin Simmers numa final. Nunca estivemos tão perto de perder a hegemonia no masculino, depois de cinco títulos seguidos: Gabriel Medina, em 2018 e 2021, Italo, em 2019, e Filipe Toledo, em 2022 e 2023. Em 2020 não houve competição por causa do COVID.

Tanto Italo quanto Tati chegam à terceira participação e estão voltando a Trestles depois de terem ficado de fora do Top 5 ano passado. Para Italo, porém, a situação não é nova. Em 2022, ele chegou em quarto e passou o carro sobre Kanoa Igarashi, Ethan Ewing e Jack Robinson, enfrentando Filipinho da grande decisão. No ano anterior, o potiguar, que terminara em segundo do ranking, não resistiu ao surfe de Filipinho, que o superou e ganhou o direito de enfrentar Gabriel Medina na final.

Não chegamos como favoritos, mas as chances de o caneco continuar no Brasil não podem ser descartadas. Em 2022, no modo Brabo, o campeão olímpico estava muito determinado e lembro de comentar que ele derrotou seus adversários na intimidação, só nas encaradas, mesmo antes da bateria. Na água foi só para confirmar a superioridade naquele dia, até parar em Filipinho. O bicampeão mundial, que mora em São Clemente, é disparado o melhor surfista desta onda, mesmo assim Italo fez uma disputa equilibrada, apesar de perder as duas baterias.

Nas participações anteriores, Tati começou o Finals em segundo, em 2021, e terceiro, em 2022. Na primeira, ela resistiu ao ataque de Sally Fitzgibbons e disputou a finalíssima contra Carissa Moore. A brasileira venceu a primeira bateria da melhor de três, mas a havaiana ganhou as outras duas e garantiu o quinto título na carreira. Nos dois anos seguintes, Carissa também chegou em primeiro, perdendo as finais para Stephen Gilmore e Caroline Marks. Estas duas decepções podem ter sido determinantes para o pedido de afastamento das competições de Carissa no começo de 2024.

A tarefa está complicada para os brasileiros. No masculino, existe uma grande expectativa sobre Griffin. Assim como no ano passado, o americano terminou a temporada regular em segundo e tem de vencer o confronto contra um desafiante que sairá dos primeiros duelos, para ter o direito de encarar John John. Local de San Clemente como Filipinho, Griffin talvez seja o segundo melhor surfista em Trestles, atrás de nosso bicampeão.

A cidade estava em festa com Griffin no Finals, faixas e cartazes espalhados por todo os cantos e uma torcida enlouquecida na praia. Todos apostavam que, no mínimo, ele disputaria a final contra Filipinho. Toda a badalação mexeu com o surfista, que não foi adversário para o australiano Ethan Ewing, derrotado pelo brasileiro na decisão.

Este ano ele parece muito mais concentrado e não deve repetir os erros, depois da experiência do ano passado. Para mim, é o favorito, ao lado de John John, principalmente porque o havaiano está em primeiro, apenas esperando os surfistas se digladiarem para irem à final. De qualquer forma, é bom abrirem o olho com Italo. No modo Brabo, o brasileiro pode ganhar de qualquer um, em qualquer condição.

Trestles é quase uma pista de skate líquida, com mais direitas do que esquerdas. Uma onda perfeita, que pede um surfe rápido, com rasgadas, invertidas de direção e rabetadas, além de permitir grandes aéreos, o que pode ser a carta na manga para Italo. Todos os cinco surfistas que estão no Finals têm condições de performar muito bem naquela onda. Até Ethan Ewing tem melhorado nos aéreos e pode surpreender, e Jack Robinson com seu surfe limpo e taticamente perfeito, mas acho que Griffin, John John e Italo estão um degrau acima.

Se no masculino vejo um ligeiro favoritismo para o Griffin, no feminino Caitlin Simmers é uma aposta mais certeira. Além de já estar na grande final, a americana tem um surfe de muita velocidade e manobras progressivas que se encaixa perfeitamente à onda de Trestles. Tati pode chegar lá, é verdade, como já mostrou em 2021, principalmente se o mar estiver maior. As ondas podem chegar a 2,5 metros, mas é raro. Costumam ter entre um e dois metros.

No caminho até a final, Tati teria de vencer Molly Picklun, Brissa Henessy e a atual campeã Caroline Marks, outra boa surfista em Trestles, onde derrotou Carissa na final ano passado. Não é nada fácil, mas a Tati mostrou na segunda metade da temporada que não é de desistir, conseguindo a vaga para o Finals quando poucos acreditavam que seria possível.

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