Não foi uma ultrapassagem, uma colisão entre pilotos e nem um abandono: o que tornou a segunda metade do GP do Catar realizado no domingo (1) caótica foi um retrovisor. Uma simples peça deu início a uma cadeia de acontecimentos que mexeu profundamente com o resultado da corrida - e pode até mesmo influenciar o campeonato de construtores. Entenda o que aconteceu:
Depois de dois acidentes durante a largada que culminaram nos abandonos de Esteban Ocon (Alpine), Franco Colapinto (Williams) e Lance Stroll (Aston Martin), a corrida em Lusail ficou tranquila, sem muita emoção. Max Verstappen liderava e era seguido de perto por Lando Norris, cerca de dois segundos atrás.
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Entretanto, a situação começou a mudar na volta 30: um dos retrovisores de Alexander Albon, piloto da Williams, se soltou do carro na principal reta do circuito, subiu e parou perto da saída dos boxes.
Em um primeiro momento, a direção de prova decidiu não acionar o carro de segurança e não sabia se mostrava a bandeira amarela. A transmissão oficial da Fórmula 1 mostrou alternância entre a amarela e a verde por quatro vezes em questão de segundos. Nesse meio tempo, Norris acelerou enquanto a bandeira amarela estava ativa - o que obriga os pilotos a diminuírem a velocidade no trecho.
Pouco depois do incidente, o finlandês Valtteri Bottas escolheu a linha de dentro do traçado para fazer a curva e acabou atingindo em cheio o retrovisor caído de Albon. Como resultado, a pista passou a ter muitos detritos, e a direção ficou perigosa no local. Ainda assim, o safety car não foi acionado de imediato.
O carro de segurança só entrou no circuito quando as consequências começaram: Lewis Hamilton passou com a sua Mercedes por cima dos destroços e acabou com um furo no pneu dianteiro esquerdo. Logo depois, foi Carlos Sainz quem teve o mesmo problema.
Hamilton teve que dar quase uma volta completa com pneus furados e foi parar na última posição ao trocá-los. Sainz teve sorte um pouco melhor e voltou do pit lane em oitavo lugar. O safety car fez com que mesmo os pilotos sem problemas com o carro fossem para os boxes - a maioria deles saiu dos compostos médios para os duros.
Além disso, a direção de prova decidiu que os carros deveriam passar por dentro do pit lane enquanto a limpeza da pista era realizada. No entanto, os problemas não acabaram com a liberação da pista e a bandeira verde. Logo depois da relargada, o quinto colocado Sergio Pérez rodou sozinho e abandonou a prova.
Como justificativa, Pérez citou o fato de os pneus estarem frios - os carros devem seguir atrás do safety car e ainda obedecer o limite de 80 km/h ao passarem pelos boxes.
- Os pneus estavam congelados naquele momento, e quando eu fui acelerar na saída da curva 12, acabei indo rápido demais. Perdi a traseira do carro e rodei logo depois - explicou Pérez após a prova.
Nico Hulkenberg, da Haas e futuro companheiro do brasileiro Gabriel Bortoleto na Sauber em 2025, foi parar na brita após acelerar demais na curva durante a relargada e também deixou a prova. Os abandonos fizeram com que o carro de segurança fosse novamente acionado.
Lembra da frase sobre Lando Norris ter acelerado mesmo com bandeira amarela? Pois bem, o incidente teve consequências seríssimas para o britânico e sua equipe, a McLaren. Após revisão, a direção de prova aplicou na volta 44 de 57 um stop and go (quando o piloto é chamado aos boxes e precisa ficar parado) de dez segundos. A penalização fez com que ele caísse da segunda para a 15ª posição - última entre os que estavam na pista.
E a punição ao piloto pode gerar prejuízo para a McLaren no campeonato de construtores. A equipe papaia chegou ao GP do Catar com chances de conquistar o título, mas viu a Ferrari reduzir a distância para 21 pontos. A disputa está aberta e ficou para Abu Dhabi, última etapa da temporada.
Mas se um simples retrovisor mexeu tanto com a classificação final da corrida, o primeiro lugar ficou inalterado: Max Verstappen passou George Russell na largada, manteve a ponta até o fim e garantiu a nona vitória na temporada.
O Grande Prêmio de Abu Dhabi, que encerra a temporada de 2024 da Fórmula 1, acontece no próximo domingo (8) às 10h (horário de Brasília). O ge.globo vai acompanhar tudo em tempo real.