A promessa de carros mais próximos e mais disputas com o novo regulamento técnico da F1 ainda não se cumpriu; desde sua introdução em 2022, o domínio da hexacampeã RBR tem crescido a cada ano. A categoria, entretanto, promete que as coisas serão diferentes na próxima temporada em 2024.
- Eu acho que estará (mais acirrado), sim. Mesmo que eu não goste de falar assim porque muitas pessoas falam coisas e algo as contradiz. Mas tenho certeza que esse será o objetivo de todas as equipes: tentar mostrar o nível de sua engenharia, capacidade e habilidade em evoluir - disse o presidente da F1, Stefano Domenicali.
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A principal mudança no regulamento trata do assoalho, a parte debaixo dos carros: ele é que passa a gerar mais carga aerodinâmica, e não só as asas traseiras e dianteiras, como nos anos anteriores. A interpretação precisa das novas regras na RBR é atribuída ao projetista-chefe Adrian Newey, que entrou na F1 em 1980 - antes do efeito solo ser banido.
A equipe conquistou nos últimos dois anos o campeonato de construtores e o de pilotos com Max Verstappen. E, se em 2022 teve a Ferrari como principal rival na briga pelo título no primeiro semestre, começou e terminou 2023 praticamente sem concorrência, vencendo 95% das corridas do ano.
No entanto, se a hexacampeã fechou a temporada com 21 aparições de Verstappen em pódios e nove de seu colega e vice-campeão Sergio Pérez, o cenário ficou mais equilibrado nas classificações: Max conquistou 12 pole positions e logo depois dele, Charles Leclerc, da Ferrari, faturou cinco.
Para Domenicali, o maior equilíbrio nas sextas-feiras e sábados é um indício positivo para 2024.
- Você vê na classificação, aos sábados, 20 carros separados por menos de 1s. Então estamos muito, muito perto na classificação. Claro, o ritmo de corrida é diferente, mas acho que essa será o principal aspecto que veremos de forma diferente ano que vem - justificou.
Um fator importante que minou a evolução de rivais da RBR foi o teto de gastos da F1; hoje, as equipes não podem gastar mais que 135 milhões que dólares (ou R$ 660 milhões) por ano, exceto por salários dos pilotos e dos três principais membros do staff, custos de viagem, marketing, taxas de inscrição, licenças de saúde ou parental, benefícios médicos e bônus de funcionários, entre outros.
Antes do teto, os gastos poderiam até permitir maiores evoluções nos carros, mas aumentaria a disparidade entre equipes de maior e menor poder financeiro: em 2018, por exemplo, a Mercedes revelou ter gasto 350 milhões de euros em sua temporada, equivalente a R$ 1,8 bilhão. Para Domenicali, porém, a McLaren é um exemplo de boa gestão dentro do limite orçamentário:
- Para aqueles que dizem que não dá para desenvolver o carro com o teto de gastos, eu diria que a McLaren provou que isso está errado.
A equipe britânica começou 2023 sem pontuar nas duas primeiras corridas e seguiu inconsistente até uma atualização milagrosa instalada nos carros de Lando Norris e Oscar Piastri nos GPs da Áustria e Inglaterra.
A partir daí, o time faturou nove pódios, uma vitória com Piastri na corrida sprint do Catar e fechou o ano em quarto lugar no campeonato de construtores.
A F1 retorna em 2 de março de 2024 com o GP do Bahrein, excepcionalmente em um sábado.