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Wassu-Cocal: exemplo de resistência cultural e amor ao futebol feminino

Inspiradas em Marta, índias de Joaquim Gomes derrubam barreiras para manutenção do time frente ao preconceito desde dentro da aldeia

Às margens da BR-101, em Joaquim Gomes, índios têm encontrado no futebol o espaço ideal para difusão da cultura indígena em Alagoas. Na expectativa de disputar a Copa Rainha Marta, em novembro, cerca de 28 meninas da tribo Wassu-Cocal treinam duas vezes por semana em um campo irregular, sem grama, mas, com a infeliz presença do preconceito.

A Cocal é originária da migração de povos Xucuru, Kariri e Tupi das aldeias de Jacuípe, Urucu e Barreiros ocorrida durante o século XIX. Desde então, a briga maior com os "brancos" é por causa das demarcações de terra. Atualmente, segundo os Wassu, existem 2.700 hectares demarcados e outros 57 mil tramitando juridicamente.

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"Hoje, tentamos mostrar à sociedade que aqui tem um povo guerreiro, que luta para que as políticas públicas sejam implementadas em nossa localidade. Nosso objetivo, com a criação do time, é fortalecer a nossa identidade", disse Leandro dos Santos, de 26 anos, um dos fundadores da equipe, há um ano.

Apesar das inúmeras divergências entre brancos e índios, no ponto do preconceito ao futebol feminino eles se equivalem. Segundo Leandro, a implementação da equipe foi difícil, pois "mulher é para cuidar da casa", no caso, da oca.

Para quebrar esta barreira, foi preciso que uma mulher se levantasse e fincasse a bandeira do futebol. Geralda dos Santos, de 34 anos, acompanhava o marido e o filho mais velho em jogos entre os homens da tribo. Tempos depois, despertou nela o interesse de deixar de ser uma companhia, para se posicionar atrás no volante, como zagueira central do time.

"Estou feliz e com muito orgulho por ter ajudado na fundação da equipe feminina na aldeia. Muitos falam que mulher não sabe jogar futebol, mas temos vários exemplos no Brasil que mostram que todas nós temos capacidade", disse Geralda, presidente e titular do time.


				
					Wassu-Cocal: exemplo de resistência cultural e amor ao futebol feminino
FOTO: Ailton Cruz/Gazeta de Alagoas

Geralda nem precisou fazer esforço para despertar na filha a mesma satisfação que sente com a bola nos pés. "Ela que me influenciou a jogar futebol. Quando jogo bola, me tranquilizo, é como se eu chutasse os problemas. Este esporte é tudo para mim", afirmou a sorridente Eduarda dos Santos, de 15 anos. A Copa Rainha Marta será a primeira competição em que mãe e filha jogarão juntas.

De acordo com o censo da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde (MS), realizado em 2014, a população da tribo Wassu-Cocal é de 2.018 moradores. Mas, nem por isso os fundadores do clube deixam de acolher garotas de cidades circunvizinhas, que também procuram refúgio do julgamento social.

Nisso, a estudante Micherlanne Nascimento, de 15 anos, oriunda do município de Novo Lino, não mede esforços para conquistar o sonho de chegar à profissionalização do futebol feminino.

A história de começo no futebol é como qualquer outra, de garotas "se metendo" nos jogos dos garotos e enquadrando todos eles. Orgulhoso, o pai acompanha a filha e vive intensamente o sonho dela. "É muita emoção vê-la jogar. Um dia, se ela conseguir ser jogadora profissional, aí que vai ser mesmo. Sonho com isso", falou o paizão coruja, José Nascimento, de 52 anos, com os olhos marejados.


				
					Wassu-Cocal: exemplo de resistência cultural e amor ao futebol feminino
FOTO: Ailton Cruz/Gazeta de Alagoas

Toda equipe tem seu jogador principal. E no Wassu não poderia ser diferente. A camisa 10 atende por Pelezinha - uma homenagem a Pelé, o maior jogador de todos os tempos. Se espelhando na alagoana Marta, Kleane Máximo, de 21 anos, almeja chegar ao topo, assim como a conterrânea eleita seis vezes a melhor do mundo da Fifa.

"Comecei a jogar bola desde criança e não jogava com menina, apenas com menino. Fiquei nessa situação até criarem o time do Cocal feminino. Vez ou outra, falta comida em casa e tenho que treinar com fome, mas mesmo assim não deixo de treinar. Tenho muita fé que chegarei onde Marta chegou. Tenho fé, creio que posso chegar lá. Sonho alto mesmo", apontou.

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MAIS BARREIRAS

Como de praxe, as dificuldades de manter o time em funcionamento passam pelo pouco investimento de órgãos governamentais. Para se ter uma ideia da situação das meninas da Cocal, muitas delas treinam com fome e sem material próprio. O uniforme rubro-negro, em alusão ao Flamengo - time de coração da maioria das garotas -, foi fruto de doação de amigos e parceiros.

"Estamos de pé hoje por resistência ao que acreditamos. Devido às dificuldades iniciais, até mesmo algumas meninas desistem. Espero que, através do campeonato, a gente consiga evoluir. Em que sentido? Auxílio com transporte, alimentação", falou Jefferson Nascimento, de 28 anos, técnico da equipe.

[VIDEO2]

Sobre tais necessidades, aGazetawebprocurou a Secretaria de Esportes de Joaquim Gomes. Segundo o secretário, José Carlos, há um estreitamento entre o órgão com a tribo na atual gestão do prefeito Adriano Barros (PSB). Ainda de acordo com o representante municipal, o transporte será cedido às meninas do Wassu-Cocal, mas a questão da alimentação está sendo estudada.

A Lei Orçamentária Anual (LOA) enviada à Câmara da cidade destina R$ 1.480.765 ao programa de incentivo ao esporte em 2019. Para 2020, a LOA prevê um montante maior, sendo aplicado o valor de R$ 1.547.398.

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