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Mirian Monte e a árdua missão de recolocar o CSA na Série B

Mandatária azulina já foi delegada de polícia, quebra barreiras do preconceito e promete cumprir o lema 'União e Força'


				
					Mirian Monte e a árdua missão de recolocar o CSA na Série B
Mirian Monte assumiu os destinos do CSA, após renúncia de Rafael Tenório. Augusto Oliveira/CSA

Em meio a um ambiente predominantemente masculino e machista, ela surgiu para quebrar as barreiras que ainda persistem no futebol. E mais: tem o desafio de recolocar o clube que comanda de volta à Série B do Brasileiro e, quem sabe até, colocá-lo na Série A.

Não se trata aqui de nenhuma jogadora, como a já famosa alagoana Marta, por exemplo, mas, sim, de uma mulher que decidiu encarar a missão de comandar o CSA. E esta corajosa é Mirian Monte, presidente executiva do Azulão, a única que está no comando de um clube de futebol em Alagoas.

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Ao ser questionada sobre como é ocupar esta árdua função, ela afirmou que se sente como alguém que tem um grande tesouro para proteger. “O CSA faz parte da identidade do povo alagoano. Eu só enxergo pelos olhos da responsabilidade e do amor. Evidentemente, é um desafio, até porque o clube tem passado por grandes turbulências e, nos últimos anos, não consegue ter resultados esportivos que agradem o torcedor”, observou.

E prosseguiu: “No entanto, conquistamos um título importante, da Copa Alagoas, e um acesso à Copa do Brasil, garantindo recursos e calendário para 2025. Assim, o primeiro grande desafio foi alcançado. Teremos uma sequência de outros desafios. Esta é a dinâmica do futebol e isso não me assusta”.

O Azulão está na disputa a Série C este ano e, justamente sobre a missão de colocá-lo de volta à Série B do ano que vem, ela afirmou que o objetivo é fazer um time competitivo e que o trabalho será duro. “Nossa intenção será montar um time competitivo, engajado, que busque o acesso, acima de tudo. Mas sabemos que será uma missão muito árdua e teremos que ter muita resiliência no processo, superando cada etapa. Vamos trabalhar duro para isso”.


				
					Mirian Monte e a árdua missão de recolocar o CSA na Série B
Mirian da Silveira Monte, 44 anos, é servidora do Judiciário Federal, é formada em Direito pela UFAL e já foi delegada da Polícia Civil na Paraíba. Augusto Oliveira/CSA

Segunda mulher a assumir a presidência de um clube de futebol no Estado, Mirian da Silveira Monte, 44 anos (24/09/79) é servidora do Judiciário Federal. Também formada em Direito pela UFAL, ela já foi delegada de Polícia Civil na Paraíba, além de já ter sido secretária de Cultura de Maceió, na gestão do atual prefeito, JHC.

A primeira a assumir os destinos de uma equipe alagoana foi Juniely Batista, em 2008, quando foi presidente do Sete de Setembro, que tinha sido presidido por João Batista, seu pai, já falecido.

Mirian Monte está comandando o CSA, após a renúncia do então presidente Rafael Tenório, em 14 de março deste ano. Aceitou o desafio de presidir o Azulão, quando muitos pensavam que iria “pular fora”. Seu mandato vai até fevereiro de 2027. Ela tinha sido convidada a compor a chapa como vice-presidente do Conselho Deliberativo, quando da eleição do então presidente Omar Coelho (já falecido). Nessa chapa, o presidente do Conselho era Rafael Tenório.

“Embora eu sempre frequentasse os estádios e meu pai fizesse parte do Conselho, eu não conhecia a dinâmica da política do clube. Infelizmente, a ausência de mulheres em espaços políticos nos põe em desvantagem e demoramos um pouco mais para assimilar a dinâmica e até para nos posicionar”, disse à Gazetaweb. “Meu perfil executivo me fez compor a chapa, como vice de Rafael Tenório, que resolveu renunciar e se afastar do clube”, emendou.

Diante da possibilidade de o clube passar por uma eleição no meio da Série C, com toda a disputa política envolvida em um pleito eleitoral, ela resolveu tentar salvar o CSA, levando grandes azulinos a uma gestão compartilhada e democrática, entre eles, segundo ela, o vice-presidente, Max Mendes.

Outras presidentes

No Brasil, algumas mulheres já assumiram a presidência de clubes de futebol. Exemplos de Jurema Bagatini Ramos, primeira a presidir um time brasileiro. Na década de 1970, e com 24 anos, ela comandou o Esporte Clube Encantado, da cidade Encantado-RS; Marlene Matheus, esposa do ex-presidente do Corinthians Vicente Matheus, que presidiu o Timão de 1991 a 1993; a ex-nadadora Patrícia Amorim (Flamengo - entre 2010 e 2012); Myrian Fortuna (Tupi - de 2013 a 2019); Luiza Estevão (Brasiliense), Maria Isabel Pimenta (URT de Patos de Minas) e Rita de Cássia (Bangu).

E mais: a atual mandatária do Palmeiras, Leila Pereira, que assumiu o Verdão em 2021; além de Graciete Maués, que está na Tuna Luso-PA. Atualmente, só Mírian Monte, Leila Pereira e Graciete Maués seguem em ação em seus respectivos clubes.

“Elas me inspiram muito. A Leila, por exemplo, tem sido uma referência no futebol, para homens e mulheres, e isso é fantástico! Como é bom ver uma mulher desconstruindo paradigmas, preconceitos e vencendo, deixando sua marca no mundo. Eu, particularmente, sempre me inspirei em mulheres”, afirmou Mirian Monte.


				
					Mirian Monte e a árdua missão de recolocar o CSA na Série B
Mirian Monte assumiu os destinos do CSA, após renúncia de Rafael Tenório. Augusto Oliveira/CSA

Família

Ao ser perguntada se tem o apoio da família em relação ao CSA, Mirian respondeu: “Desde muito nova sou submetida à pressão e acredito que me acostumei de maneira tal que, quando as coisas estão muito paradas, eu me entristeço. Gosto do desafio e minha família já desistiu de me fazer mudar de ideia. Então, recebo o seu apoio”.

A mandatária azulina tem uma filha, Maria Thereza, de 16 anos, também torcedora do Azulão. “Ela já saiu da maternidade com a roupinha do CSA. Meu marido é baiano, mas uma condição sine qua non para viver em paz comigo é torcer pelo CSA”, revelou.

Mirian explicou também como o futebol começou na vida dela. “Meu avô Benício Monte foi presidente do CSA na década de 1950. Durante sua gestão, ele construiu as arquibancadas de concreto e trouxe refletores, tendo promovido a primeira partida noturna do Nordeste no Mutange. Cresci ouvindo essas histórias pelo meu pai, Guilherme Monte, que sempre participou, de alguma maneira, do clube: foi conselheiro, presidente do Conselho Fiscal, dentre outras funções”.

Quanto ao preconceito por ser mulher em um ambiente masculino, ela afirmou: “Vão dizer que é ‘mimimi’, mas a verdade é que, o fato de eu ser mulher, exige de mim o dobro do cuidado e da atenção, para ocupar certos espaços, sobretudo os predominantemente masculinos. Precisamos estar sempre provando nossas capacidades. Mas encaro isso com naturalidade e, hoje, sinto alegria em poder abrir, por dentro, a porta para outras mulheres, em muitos espaços que já ocupei: polícia, política, judiciário, cultura, futebol”.


				
					Mirian Monte e a árdua missão de recolocar o CSA na Série B
Mirian Monte à frente, com o elenco azulino que foi campeão da Copa AL 2024. Ailton Cruz

Convivência

Por se tratar do CSA, clube de maior torcida em Alagoas, Mirian revelou que se sente honrada em comandá-lo e falou também como é a convivência dela por lá.

“Eu me sinto honrada. Mas, mais do que honrada, me sinto abençoada, por poder, nesta vida, sentir emoções profundas e intensas e poder dar minha contribuição a um clube centenário, que faz parte da vida de milhares de alagoanos, que une gerações em torno de uma paixão”, garantiu.

“Já sobre a minha convivência no clube, digo que é muito boa em relação aos colaboradores, atletas, comissão técnica, de um modo geral. Desde o começo tenho muita facilidade em me comunicar com todos. É uma relação que só se aprofunda com o passar do tempo. É muito tranquila. Consigo estabelecer diálogos claros, francos, empáticos. Criar um ambiente familiar é algo que busco fazer em qualquer lugar onde estiver. É da minha natureza e acredito que a energia feminina é potente nesse sentido”, afirmou.

A situação do CSA ainda é caótica, pois vai mal das pernas, com críticas e cobranças da torcida. Porém, está se reerguendo, aos poucos, e Mirian crê em superação.

“Desde 2022, venho participando da vida do clube, conhecendo pessoas importantes no meio do futebol, como diretores executivos, treinadores, dirigentes de outros clubes e também conheço o potencial do CSA, para buscar recursos e apoios. Em 2023, por exemplo, posso dizer que atuei diretamente na captação de pelo menos R$ 8 milhões: acesso à Copa do Nordeste, Copa do Brasil, recursos da Liga Forte, uma vez que eu participei de todos os atos e reuniões para a sua obtenção, patrocínio da Prefeitura... Então, tudo isso prova que o clube tem uma camisa pesada, capacidade de atrair bons patrocinadores, negócios, recursos públicos e ser autossuficiente. Além do mais, temos a maior torcida do Estado. O torcedor precisa compreender que é seu maior patrocinador e se fazer presente na vida do clube”.

E, por falar em torcida, ela mandou uma mensagem para os azulinos, pedindo que cada um vista a camisa do clube e vá aos estádios para apoiar. “Não será fácil, mas teremos resiliência, responsabilidade, trabalharemos duro, suaremos a camisa, teremos o compromisso com a transparência e com o diálogo direto com todos. Espero que o torcedor entenda que o maior reforço que o clube pode ter é, justamente, o torcedor. Portanto, vá ao estádio. Precisamos fortalecer o sócio-torcedor, precisamos de estádios cheios, de cada um vestindo a camisa e colocando em prática o lema ‘União e Força’. Só assim alcançaremos nossos objetivos”, encerrou.

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