Acostumado a revelar grandes talentos no esporte nacional, o estado de Alagoas observa de longe o sucesso de um dos seus filhos: o judoca Gabriel Mendes, de 24 anos. Multicampeão no Judô, o atleta deixou Alagoas para ir viver com a esposa em San Diego, nos Estados Unidos, após receber uma proposta do clube Studio 540. O resultado? Títulos atrás de títulos, o que fez do alagoano um dos destaques do judô americano nos últimos anos.
Para se ter uma ideia, em 2017 Gabriel Mendes não soube o que é cair diante de um adversário e terminou a temporada de forma invicta nos tatames. Ao todo, foram nove ouros em nove competições disputadas, o que rendeu ao atleta alagoano um convite do Comitê Olímpico Americano para treinar junto com a seleção americana de Judô.
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Aliás, os números de Gabriel neste ano só não foram maiores, devido a uma lesão que acabou tirando o judoca de alguns torneios.
- Acredito que 2017 foi um ano maravilhoso, onde eu consegui vencer todas as competições que disputei. Infelizmente, a lesão que sofri acabou me atrapalhando um pouco, porque fiquei fora de alguns torneios. Mas, com tudo isso, ainda recebi um convite para treinar junto à seleção americana, o que para mim é um reconhecimento pelo trabalho que realizei neste ano. Então, sem dúvida, esta temporada ficará marcada na minha carreira.
A paixão de Gabriel pelas artes marciais começou dentro de casa. Influenciado pelo pai - que praticava boxe -, o garoto pisou em um tatame pela primeira vez aos quatro anos de idade e não saiu mais. "No começo, o judô era como uma brincadeira de criança, mas aos poucos foi construindo uma relação de amor entre o esporte e eu", afirmou o alagoano.
Com um talento invejável, o alto do pódio era só questão de tempo para o garoto. Aos 10 anos, quando ganhou o seu primeiro título estadual, Gabriel percebeu que no judô estava seu futuro, e passou a dedicar sua vida totalmente ao esporte. O esforço valeu a pena e, desde então, o alagoano passou a acumular títulos importantes. Dentre eles, destacam-se o tricampeonato sul-americano, Brasileiro Júnior, além do mais recente: O Campeonato Americano de Inverno de Judô.
O currículo é tão recheado, que Gabriel não soube dizer a quantidade de medalhas que possui. Mas, destaca a mais importante.
- Infelizmente eu não sei quantas medalhas eu tenho, porque são tantos campeonatos que acabo nem notando [risos]. Mas, o que mais marcou a minha carreira foi o bronze no Mundial Júnior em 2013, no qual eu derrotei um atleta russo na decisão do terceiro lugar. Além de ser a competição mais importante para um atleta com a minha idade, o fato de ser um mundial por si só é especial.

Mudança de país
Entre 2012 e 2016, Gabriel resolveu deixar pela primeira vez o estado de Alagoas e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a treinar no Flamengo. Além do bronze no mundial, o judoca também conquistou pelo clube da Gávea, o terceiro lugar no Campeonato Pan-Americano. Para ele, o momento vivido no Rio foi fundamental para sua carreira.
- Enquanto eu estava no Flamengo, ganhei vários títulos importantes na minha carreira. Acredito que lá vivi uma trajetória de muito aprendizado, no qual desenvolvi ainda mais a minha técnica no judô e acabei recebendo a proposta para ir treinar nos Estados Unidos.
Como qualquer estrangeiro, Gabriel sentiu um pouco de dificuldade na adaptação ao novo país. A experiência em ter que aprender um novo idioma, aliado a uma cultura diferente e a saudade dos familiares, exigiram do atleta que começasse praticamente uma vida nova.

Hoje, adaptado, com quase dois anos vivendo na terra do "Tio Sam", o alagoano acredita que o caminho de sua carreira o levou para longe da seleção brasileira. Apesar disso, Gabriel não deixa de lado o sonho de disputar os Jogos Olímpicos, mesmo que não seja pelo Brasil.
- Acho que por estar aqui nos EUA, construindo minha vida e minha carreira, fica difícil eu ir para a seleção brasileira. Mas, o sonho olímpico continua vivo e quem sabe eu não consiga chegar às olimpíadas pelos Estados Unidos.
Focado em atingir o ápice do esporte olímpico, Gabriel tem uma rotina de treinamentos rígida. São três séries de treinos diárias, com foco na parte técnica de judô e jiu-jitsu, a fim de chegar cada vez mais perto da perfeição em um combate.

Com uma trajetória de 20 anos dentro do tatame, Gabriel Mendes chega ao melhor momento de sua carreira. Com humildade e gratidão, o alagoano lembra com carinho onde tudo começou e afirma que o judô moldou toda a caminhada ao longo de sua vida.
- Ah, tudo que eu sou hoje é graças ao esporte, ao judô. Toda a minha formação não só como atleta, mas como ser humano, eu aprendi dentro do tatame. Apesar de morar aqui [nos EUA], nunca esquecerei do Flamengo e principalmente da Federação Alagoana de Judô, que é a minha verdadeira raiz. Onde eu estiver, sempre levarei o nome de Alagoas e do meu país.