Médico, advogado, engenheiro? Pode esquecer. No Brasil, a profissão que mais seduz a maioria dos garotos é a de jogador de futebol. E não faltam exemplos, também em Alagoas, de quem queira seguir carreira dentro das quatro linhas, ainda que precise superar uma série de obstáculos. Porém, para um jovem, em especial, não há barreira capaz de impedi-lo a realizar seu grande sonho.
É o caso de Valdir Henrique, jovem atacante das categorias de base do CSA que, no último final de semana, sagrou-se campeão alagoano Sub-20. Além de faturar o título, Valdir foi o artilheiro azulino, com sete gols marcados, apenas um a menos que o também atacante Wallace, do CRB.
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Iluminado, Valdir balançou as redes em todas as fases do torneio, deixando sua marca também na finalíssima, quando abriu o placar aos 16 minutos do primeiro tempo, com gol de cabeça no Estádio Rei Pelé.
O atleta de 20 anos mora com o pai divorciado e a madrasta no Conjunto Village Campestre 2, no bairro Cidade Universitária, periferia de Maceió. Ao lado da família, ele recebeu a reportagem da
Gazetaweb
em sua casa. Contou já ter trabalhado como servente para ajudar o pai, que é pedreiro, a construir a residência onde mora, descrevendo também a sensação de vencer seu primeiro campeonato pelo CSA.
- Ah, foi muito gratificante levantar o troféu. Foi o meu primeiro pelo CSA. Venho trabalhando muito forte com o professor Bebeto [Moraes, técnico do CSA Sub-20] porque sei da confiança dele em mim. E além de campeão, sair como artilheiro e um dos destaques do time foi muito bom para mim. Venho cumprindo a minha função, que é fazer gol, porque Deus vem me abençoando. É um momento maravilhoso.
A exemplo do ídolo Neymar, sua grande inspiração dentro de campo, o jovem atacante se destaca pela agilidade próximo à grande área e pela facilidade de concluir jogadas com as duas pernas. Questionado sobre a preferência em bater na bola, Valdir é enfático, sem falsa modéstia.
- Eu coloco para dentro do jeito que ela vier. Finalizo tanto com a esquerda, como com a direita.
Incentivo do pai
Valdir deu os primeiros toques na bola aos sete anos de idade, quando, sob a influência do pai, entrou na escolinha do Corinthians Alagoano. Porém, segundo o pai Valdemir, a relação de amor do garoto com o futebol começou bem mais cedo.
- Na verdade, eu já pensava que ele poderia se tornar um jogador de futebol assim que nasceu. Então, já começou a brincar com a bola logo que aprendeu a andar. Ele não parou mais de lá para cá. Ainda hoje, luta para buscar seu espaço e crescer na vida.
Maior incentivador de Valdir, Valdemir afirma acreditar que o filho tem tudo para construir uma carreira grandiosa no futebol. Emocionado, o pai do artilheiro azulino garante fazer o que for possível para lhe garantir "uma vida melhor".
ÀGazetaweb, Valdemir conta que precisou deixar o bairro onde morava, também na parte alta da capital, devido à criminalidade, lembrando, com o orgulho, a ajuda do filho.
- Tive que trocar de bairro há dois anos. Eu morava no Gama Lins e resolvi vender a minha casa e comprar um terreno aqui no Village, onde construímos, juntos, a nossa casa. Foi ele quem me ajudou como servente de pedreiro.
E apesar de ficar fora de casa durante todo o dia, em razão da rotina de trabalho, Valdemir não abre mão da cobrança junto ao filho durante os treinamentos, sem o menor receio de também ficar conhecido como seu maior carrasco. Voltando a se emocionar, ele explica o porquê.