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ESPERANDO A ALFORRIA

Na passagem dos 326 da morte do herói Zumbi, a inação do governo de Alagoas em relação às políticas inclusivas

Na passagem dos 326 anos da morte de Zumbi dos Palmares e de mais um 20 de novembro dedicado à consciência negra, com tudo que representou a resistência organizada na serra da Barriga contra a escravatura e pela liberdade, vale refletir sobre identidade, exclusão e igualdade.

“Não se pode entender a organização da família alagoana sem as diferentes manifestações da cultura africana em sua formação. É um legado tão vivo, tão forte, que, apesar de regulado pela escravidão, perturbado por essa instituição em seus valores básicos, ainda está presente em nossa maneira de ser, em nossas expressões linguísticas, nas formas de comportamento, em nossas técnicas”, escreveu o professor e historiador Douglas Apratto, ao refletir acerca da presença negra em Alagoas.

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Já o antropólogo e escritor Dirceu Lindoso, no ensaio “Primeiros passos da formação de Alagoas”, retrata os conflitos e as contradições no início de tudo. “Alagoas não nasceu do sonho de um monarca. Nasceu da morte de milhares de índios Tapuia-Kariri, da morte de milhares de negros de etnias diversas, do trabalho de milhares de homens pobres: índios, negros, brancos e mulatos.

Houve uma riqueza de poucos e uma pobreza de muitos”. Apratto cultiva o entendimento de que a página escrita por Zumbi, no Quilombo dos Palmares, “não encerrou a história de resistência que acompanhou a saga negra em todos os períodos – colonial, imperial e republicano”.

A luta não foi em vão e muita coisa mudou para melhor, desde a heroica resistência de três séculos atrás. A nossa Constituição republicana trata da dignidade humana, propugna por uma sociedade livre, justa e solidária, “sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.

Resta então fazer valer efetivamente as determinações constitucionais na vida real das pessoas, que ainda não conquistaram a carta de alforria em pleno terceiro milênio. Certamente Zumbi, Herói da Pátria, com nome gravado no Panteão da República, ficaria envergonhado de saber que, em sua terra, o percentual de negros inscritos no Enem é bem menor que a média registrada no Brasil.

Em relação às disparidades e exclusão, segundo a Folha de S. Paulo, Alagoas ocupa a segunda pior posição do Brasil, quando se faz aferição da desigualdade entre negros e brancos no acesso ao ensino superior e à distribuição de renda. Já o Ipea atestou o contraste entre negros e brancos no quesito “ensino fundamental completo”.

Se esmiuçar o perfil de quase meio milhão de alagoanos que não sabem ler ou escrever, encontraremos as vítimas de uma contínua e lamentável inação de políticas públicas inclusivas, com destaque para os últimos sete anos de gestão estadual. Nessa multidão de excluídos, certamente está uma legião de jovens e adultos negros - marginalizados da cidadania e ansiosos para serem emancipados.

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