A pandemia da Covid-19 afetou a vida e o ganha pão de muitos alagoanos, principalmente daqueles que tiram das vendas de livros no centro da cidade o seu único sustento. No caso dos alfarrábios, famosos 'sebos', que são refúgios para os amantes da leitura, a venda durante a pandemia diminui em até 50%, levando aqueles que continuam no ramo a diversificar sua forma de vender e se render aos famosos deliverys.
De acordo com Samuel Ferreira, que trabalha vendendo livros no centro da capital há mais de 30 anos, no começo da pandemia suas vendas diminuíram em até 50%. "Do tempo que eu trabalho aqui posso dizer que as vendas são inconstantes, há momentos bons e há momentos ruins. Mas assim, durante a pandemia, quando o centro ficou fechado, acredito que perdemos em torno de 50% das vendas, e até mesmo dos vendedores", contou.
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"Muitos ficam com medo de vim, tanto para comprar quanto para vender. Sabemos que é arriscado, mas precisamos tirar nosso ganha pão daqui. Alguns optaram por vender através da internet, que é uma forma de ter pelo menos um lucro. Atualmente, estamos sempre tentando trazer uma promoção para o pessoal", disse o vendedor.
Antônio Mota, que é um dos que possui menos tempo no currículo como vendedor na Rua Dr. Luis Pontes de Miranda (paredão da Assembléia), explica que, como a renda não é muito alta, também trabalha com artesanato. "Eu não fico sempre aqui por trabalhar com artesanato também. Costumo pintar telas, ai fico variando entre um e outro para complementar minha renda. E, claro, aqui também vendo discos de vinil, que o pessoal procura mais que livros hoje em dia".
O vendedor conta também que a venda, de forma geral, vem diminuindo há muito tempo. Mota relata que, nos dias de hoje, quem compra livros em alfarrábios são nichos específicos, que ainda prezam pela arte da leitura. Ele liga esse fato a modernidade e diz que as pessoas não possuem mais os mesmos costumes de antigamente.
DELIVERY
Como a renda apertou com a chegada da pandemia, alguns precisaram se adaptar as vendas através da internet, como é o caso de Jailson Alvim, que achou no delivery uma forma de manter o ganha pão. "Por conta da pandemia o movimento caiu muito, passei quase seis meses com a banca fechada. Quando retornamos o movimento não foi tão bom, então a solução foi migrar para o delivery, através do whatsapp (82 98865-4528), instagram (@jailsom.alvim) e facebook (solardiscos2015)", contou.
"Com o delivery as vendas começaram a melhorar e o movimento, aos poucos, está se normalizando. Até mesmo o funcionamento dos bares influência nisso, porque como aqui vendo discos de vinil também, muitos procuram para participar de shows e levar para vender, quando é algo mais temático, tipo jazz", finalizou.